Continuidade da série sobre os maiores da história d'O Mais Querido do Brasil, apresentados por posição e em ordem cronológica [os links para os textos já publicados seguem no final dessa postagem]: os três centroavantes abaixo estão, ainda hoje, no top 15 dos maiores artilheiros do clube. Já estiveram no top 10, e um deles, Sylvio Pirillo, foi o maior goleador do Flamengo até ser superado por Dida no início dos anos 1960. Conheça um pouco destes três imortalizados pelo Manto Sagrado.
2) SYLVIO PIRILLO [1941/47]
O gaúcho Pirillo, grande ídolo do Internacional entre 1936 e 1939, e depois do Peñarol na temporada seguinte, mostrou ao grande rubro-negro, radialista e compositor que nem mesmo o Homem Borracha era “insubstituível”.
Contratado para o lugar de Leônidas em abril de 1941, Pirillo foi artilheiro d’O Mais Querido do Brasil em cinco temporadas consecutivas, superando recorde que pertencia a Nonô na era amadora. Foi também o artilheiro da equipe em uma sexta temporada, em 1947. Bateu o recorde de gols em um só campeonato carioca, que pertencia a Leônidas, marcando 39 tentos em 1941, marca que permanece ainda hoje.
Não bastasse tudo isso, foi o primeiro atleta a superar 200 gols pelo Flamengo, se tornando o maior goleador de nossa história antes de ser superado por Dida e Henrique Frade no início dos anos 1960, e por Zico no fim dos anos 1970 [ocupa hoje a quarta posição, portanto]. Ainda hoje é o 4º maior artilheiro da história d'O Mais Querido do Brasil, com 204 gols, mesmo número que Romário, mas com média um pouco superior.
Apesar de toda popularidade do Diamante Negro, foi Pirillo o grande ‘matador’ d’O Mais Querido na inesquecível campanha do primeiro tricampeonato carioca em 1942/43/44.
Presença de área, oportunismo, chute forte e imensa raça faziam a combinação perfeita para um atleta que jogou em um dos maiores esquadrões da Gávea, ao lado de Domingos da Guia, Carlos Volante, Modesto Bría, Zizinho, Jayme de Almeida, Perácio, Canegal, Vevé e outros. Ele é também o maior artilheiro do Estádio da Gávea, com 71 gols.
Pirillo teve poucas chances na seleção, que defendeu apenas em 1942. Terminou a carreira no Botafogo, clube que defendeu entre 1948 e 1952, aos 36 anos de idade, uma carreira bastante longeva para a época.
E se tornou treinador de sucesso, campeão do Torneio Rio São Paulo de 1947 pelo Fluminense e paulista em 1963 pelo Palmeiras. Seu feito mais memorável como técnico, porém, foi ter convocado Pelé pra seleção pela primeira vez, quando comandava a equipe canarinho na Copa Rocca de 1957.
O alagoano Durval não é tão lembrado, talvez por ter sido ídolo em um dos momentos mais difíceis da história do futebol rubro-negro. O timaço da primeira metade dos anos 1940 havia se esgotado, e O Mais Querido começava uma fase de transição antes de explodir de novo nos anos 1950 com O Rolo Compressor dono do Maracanã.
Mas não faltaram grandes jogadores e identidade com a torcida nesse período. E não falo apenas de Zizinho, Jair da Rosa Pinto e Jayme de Almeida. Durval era um centroavante nato, capaz de destruir a defesa adversária com seu oportunismo. Não à toa, é o jogador mais balançou as redes a favor do Flamengo em uma única partida, com sete gols contra o Campos na impiedosa goleada por 13 a 1 desferida pelo rubro-negro carioca.
Não foi a única vez em que aprontou algo dessa magnitude. Em uma das maiores goleadas do Flamengo sobre o Corinthians, 6 a 2 no Rio São Paulo de 1949, Durval foi autor de cinco gols.
Descoberto nas praias de Maceió, e fazendo muito sucesso no Madureira em meados da década, faltaram títulos para o alagoano em sua passagem de quatro anos pelo clube. Mas nunca faltaram bolas nas redes adversárias. É o 15º maior goleador da Gávea, com 124 gols em 130 partidas, uma média de 0.95 por jogo que só é inferior, entre os nossos 50 maiores artilheiros, à de Leônidas da Silva e Alfredinho.
Um de seus maiores momentos foi a histórica vitória rubro-negra sobre o Arsenal, em excursão dos gringos pelo Brasil em 1949. Foi dele o gol que matou a peleja, vencida pelo Flamengo por 3 a 1 diante de 26 mil pagantes em São Januário.
Durval perdeu sua posição na equipe com a ascensão de Índio, de quem falarei a seguir.
4) ÍNDIO [1951/57]
Se Durval foi o protagonista da área em uma era de difícil transição, seu substituto na posição é um dos símbolos de uma das épocas mais memoráveis d’O Mais Querido. O paraibano Aluísio se mudou ainda criança para o Rio após a morte do pai. Morava com o irmão mais velho, oficial da Marinha. Craque das peladas, foi jogar no juvenil do Bangu. Mas não se afastou da várzea, criando fama nos torneios da Ilha do Governador.
De maneira inusitada, foi descoberto pelo lendário técnico Togo Renan Soares, o Kanela, que fez época no Flamengo ganhando tudo no basquete masculino [18 títulos cariocas, três títulos nacionais e um sul-americano] e conduzindo a seleção brasileira a dois títulos mundiais.
Trocou então as divisões de base do Bangu pela do Flamengo, e estreou em 1951, aos 20 anos, na equipe principal na famosa excursão à Europa em que o rubro-negro venceu dez de suas dez partidas. Na volta, caiu de vez nas graças da torcida quando fez o gol que colocou fim ao jejum de seis anos sem vencer o Vasco da Gama. Era o sinal de que o “Expresso da Vitória” cederia seu lugar de domínio para o futuro Rolo Compressor.
Índio era raçudo como poucos no ataque. E tinha mobilidade invejável. Começou na ponta esquerda, mas mesmo como centroavante trocava o tempo todo de posição com Joel, na ponta direita, e com o ponta de lança Benítez [depois Evaristo, e depois ainda Dida].
Sua importância incontestável no poder de fogo de um dos maiores esquadrões já vistos até então, e que tornou a Magnética definitivamente a ‘dona do Maracanã’, o levou de imediato para a seleção brasileira. Estava na equipe que disputou a Copa de 1954, roubando a vaga de titular de Baltazar no jogo de quartas de final contra a Hungria.
Seu papel foi fundamental na classificação do time canarinho para o Mundial da Suécia: nas Eliminatórias de 1957, foi dele o gol de empate no primeiro jogo contra o Peru. E foi ele quem sofreu a falta que Didi bateu para classificar o Brasil.
Depois das Eliminatórias de 1957, com 26 anos de idade e já com substituto garantido no Flamengo [Henrique Frade, de quem falarei depois], foi vendido ao Corinthians. Dois anos depois chegou à Europa, jogando pelo pequeno clube catalão do Espanyol.
Índio foi um dos grandes craques dos dourados anos 1950. Ainda hoje é o 11º maior goleador da história do Flamengo, com 144 gols, uma média de 0.65 por partida. Sua principal conquista é o tricampeonato de 1953/54/55.
Clique nos links abaixo para ler as demais postagens da série, por posição e em ordem cronológica:
Centroavantes:
i. Leônidas da Silva
Ponteiros/Atacantes:
Meia-Atacantes:
Meia-Armadores:
Volantes:
Laterais:
Zagueiros:
Goleiros:
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