Notem a publicação do líder da FIB: ''EM FAVOR de Jair Bolsonaro!" |
Existe um movimento putrefato no Brasil, que gosta de posar de nacionalista mas sempre esteve do lado anti-popular e entreguista em toda nossa história. É o integralismo.
Recentemente, alguns dos adeptos dessa ideologia morta mas cujo velório continua infestando algumas cidades de um cheiro nauseabundo resolveram criticar Vargas. Mas a essa altura, até as pedrinhas portuguesas do Calçadão de Copacabana sabem a motivação dos ataques não passa de um complexo de de cu doído pelo movimento de Plínio Sagrado ter sido defenestrado após a tentativa de golpe contra o Presidente, em 1938.
Antes disso, Plínio não via problema em apoiar Getúlio. Dias antes do golpe do Estado Novo, o líder integralista fez um acordo com o Presidente, aceitou a oferta do Ministério da Educação no futuro regime, e colocou dezenas de milhares de seguidores pra desfilar em frente ao Palácio do Guanabara em apoio a Vargas.
Os próprios Diários de Getúlio confirmam o encontro dom Plínio e o acordo de entregar o Ministério citado aos integralistas. A aliança tática foi matéria também d'O Correio da Manhã, em 5 de novembro, que deu conta da Operação Negrão de Lima. Ora, sem esse apoio, que é hoje um dado incontornável só negado mesmo por desculpas esfarrapadas de integralistas, a implantação do Estado Novo teria sido muito mais difícil.
Como se tocou que o integralismo não seria a base do novo governo, Salgado surtou. Pior ainda porque hoje há provas irrecorríveis de que o movimento, que se pavoneia de um nacionalismo inalcançável por quem não segue seus programas, recebia grana do governo fascista italiano.
Essa informação foi confirmada por meio da análise da correspondência entre a embaixada no Rio e o governo italiano durante aquele período. Ela pode ser comprovada por despacho do embaixador Vicenzo Lojacano, em 8 de janeiro de 1938, presente hoje no Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores italiano: AI, dossiê 16, documento número 6.
Ou seja, é documento oficial em que se pode ler o embaixador italiano no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, perguntando se, diante das circunstâncias, não seria melhor cortar a subvenção aos integralistas, em resposta a questionamento direto do Ministro da Itália.
A ''mesada'' é também comprovada por documento oficial do Ministério das Relações Exteriores da Itália, reproduzido em obra de Ricardo Seintefus, doutor pela Universidade de Genebra e ex-professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [Abaixo, Ciano é o nome do Ministro.]
Pensem nisso: o pessoal da atual Frente Integralista Brasileira [FIB], que bate pezinho porque outros movimentos políticos dialogam, reinterpretam e aproveitam autores estrangeiros nas leituras que realizam sobre o Brasil, varrem pra debaixo do tapete o fato do guru Plínio Salgado ter recebido grana de um governo europeu até, pelo menos, janeiro de 1938.
Depois da implantação do Estado Novo, Mussolini resolveu cortar a bufunfa da Ação Integralista, por entender que Vargas estava mais próximo de sua perspectiva política. Daí a tentativa mambembe de assassinar a família do Presidente levada a efeito em maio por ''galinhas verdes'' inconformados.
A principal dificuldade do tal ''levante'' integralista, realizado em um ataque noturno contra o Palácio Guanabara, não foi a falta de armas. Aquele pessoal não foi afetado por nenhum suposto ''desarmamento'', crítica feita a Getúlio por alguns direitistas hipnotizados pelo discurso de Bolsonaro.
O principal obstáculo é que, dos 150 voluntários para o ataque, só uns trinta apareceram nos locais combinados. Não à toa, os integralistas tinham fama de serem zé bundões em meios comunistas. Gente que, na hora 'h', fugia da raia.
Isso talvez explique como Getúlio, um homem já caminhando pra meia idade, pôde resistir durante horas e de arma em punho ao atentado contra sua vida e a de sua família -- a ajuda da polícia e do Exército tardou --, e com auxílio apenas de meia dúzia de três, já contando com as mulheres da casa.
No fim das contas, Bejo e Queiroz fuzilaram foi pouco naquela linha manhã em que uma dezena de inimigos fugidos e escondidos em cima de árvores e arbustos do Palácio foram perfilados no fundo do prédio.
Eu já disse algumas vezes que Vargas cometeu erros, alguns deles graves. Mas perto dessa gente mesquinha e ressentida, seu nome brilha ainda mais forte, mais poderoso, e de modo ainda mais evidente.
Mas essa não foi a única bola fora que o Integralismo deu em sua história. De maneira recorrente e sistemática, sem maiores pudores, eles estiveram do lado do imperialismo e do liberalismo em quase todos os instantes cruciais da história recente da República. Apoiaram, por exemplo, o Golpe de 1964, liderando por uma corrente americanófila e entreguista das Forças Armadas, e que se voltou inclusive contra militares nacionalistas nos anos seguintes, perseguindo-os, torturando-os e ''matando'' socialmente seus companheiros de armas.
A ação atual de integralistas não nega todo esse currículo desprezível. Victor Emanuel Vilela Barbuy, líder da FIB, subiu em palanque de Bozó na Avenida Paulista para discursar por uma chapa ultra-liberal, que nada faz senão destruir o Estado brasileiro e promover um amor doentio aos Estados Unidos e à entidade sionista de Israel. Deram também apoio ao PRTB por causa do general Mourão, o mesmo que é grau 33 da Maçonaria, e que disse, em palestra em Loja em Brasília, que o país deveria abandonar seu legado português, indígena e africano e emular a cultura norte-americana.
Mourão disse em palestra em Loja Maçônica que o Brasil deveria imitar a cultura dos EUA e que ''infelizmente o trabalhador só funciona sob chicote". |
O que Gustavo Barroso, cujas obras alguns deles gostam de decorar, diriam desse apoio ao sionismo e à Grande Loja Inglesa? Vão dizer que estão combatendo o ''comunismo'' do Lula e Haddad? Aí o problema é de burrice crônica, daqueles que fazem a gravata de babador.
Sentado mais uma vez no colo do capeta liberal, o que esses supostos ''nacionalistas'' tem a dizer? Que era tudo o ''mal menor''. Deve ser mesmo, porque pior do que está só se o integralismo chegasse ao poder. Mas pelo menos isso sabemos que não vai acontecer, já que a vocação perene dos ''galinhas verdes'' é ser instrumento útil e dócil do sistema que juram combater.