Continuação da série sobre os maiores jogadores do Flamengo na minha perspectiva pessoal, porém fundamentada na história do clube. Apresento por posição e em ordem cronológica. Neste ponto, cito os grandes laterais d'O Mais Querido do Brasil.
3) JORDAN [1951/1963]
Como não reverenciar esse carioca fanático pelo Flamengo e pela Estação Primeira de Mangueira [ele foi criado no Morro]? Jordan da Costa iniciou a carreira se destacando pelo São Cristóvão e, diante de diversas propostas, escolheu a Gávea por amor à camisa preta e encarnada.
Não foi paixão passageira: antes da geração de ouro dos anos 1980, que bateu todos os recordes, o lateral-esquerdo era o jogador que mais defendeu o Manto Sagrado. Ainda hoje é o quarto atleta que mais vezes entrou em campo pelo Flamengo, com 609 jogos [atrás apenas de Júnior, Zico e Adílio].
Mané Garrincha garantia que Jordan foi seu melhor marcador [em depoimento reproduzido na biografia ''Estrela Solitária", de Ruy Castro], ainda mais respeitável porque não dava pontapés nem perdia a estribeira -- Jordan nunca foi expulso de campo. Convém lembrar que Garrincha jogava no Botafogo desde 1953, e o Flamengo teve o time dominante da cidade durante a maior parte daquela década.
Com o declínio de sua capacidade de parar o futebol magistral de Mané, de quem se tornou amigo fora dos gramados, o tempo de Jordan chegou ao fim na Gávea, já em 1963. Mas foram mais de vinte taças conquistadas, as mais importantes os campeonatos cariocas de 1953/54/55 e 1963, e o Torneio Rio São Paulo de 1961. Jordan foi convocado para a seleção brasileira mas nunca chegou a vestir a amarelinha como titular.
Sucessor de Jordan da Costa no Flamengo, Paulo Henrique é outra das instituições d'O Mais Querido. Nascido em Macaé, foi profissionalizado na Gávea e virou dono da lateral-esquerda por toda a década de 1960, uma das mais complicadas da nossa história. Perdemos a hegemonia do Rio de Janeiro e corríamos atrás nos confrontos inter-estaduais, afundados em problemas financeiros. Paulo Henrique, no entanto, é a demonstração de que não nos faltaram grandes jogadores e ídolos naqueles tempos difíceis.
Foram 436 partidas com o Manto Sagrado, o 14º jogador que mais defendeu o futebol rubro-negro. Capitão nos títulos cariocas de 1963, 1965 e 1972, no Torneio Rio São Paulo de 1961, bem como na Taça Guanabara de 1970 e no Torneio do Povo em 1972, Paulo Henrique foi escolhido para substituir Nílton Santos na Seleção Brasileira, sendo titular do time canarinho na Copa do Mundo de 1966.
No finzinho da carreira, foi liberado de graça pelo Flamengo pra terminar a carreira no Avaí, a pedido do próprio jogador, que tinha uma dívida de gratidão com o técnico Walter Miraglia, que o havia descoberto nas divisões de base d'O Mais Querido. Como não podia deixar de ser, foi campeão catarinense.
No Flamengo, atuou com nomes como Dida, Gérson, Carlinhos, Reyes, Silva 'Batuta', Fio Maravilha, Murilo, Liminha e outros.
Assim como a dupla de laterais dos anos 1940, formada pelos ''médios'' Biguá e Jayme de Almeida, a dos anos 1960 também está na história e no coração dos rubro-negros, ainda que não tenhamos sido dominantes naqueles tempos por causa do caos financeiro. Já falei da importância de Paulo Henrique na lateral-esquerda. Na direita, o dono da bola era Paulo Murilo, jogador sem grande capacidade de marcação mas de extrema ofensividade -- quase um Léo Moura de seu tempo.
Carioca profissionalizado no Olaria, Murilo matou a pau nos cariocas dos primeiros anos da década até ser contratado pelo Flamengo em 1963. Rapidamente conquistou a posição e se tornou um dos mais afamados defensores do país, conquistando uma pré-convocação para a Copa de 1966 que depois não se efetivou de fato, sendo preterido por Djalma Santos e Fidélis.
Murilo é o 12º jogador com mais partidas defendendo o Manto Sagrado. São 448 jogos ao longo de nove temporadas consecutivas como titular da lateral direita. Nesse período, levantou diversas taças. As mais importantes foram os campeonatos cariocas de 1963, 1965 e a Taça Guanabara de 1970. Depois de sair da Gávea, fez sucesso no futebol Piauiense, jogando pelo Tiradentes e pelo River.
Murilo era um dos ídolos de infância de Eduardo Bandeira de Mello, Presidente que esteve à frente de uma revolução administrativa e profissional que adequou o Flamengo aos tempos atuais.
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