quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

COMPLETANDO O TOP 20 DA HISTÓRIA DO FUTEBOL

 Direto ao ponto, eis os jogadores que completam meu top 20 de maiores jogadores de todos os tempos. Como eu disse em outra ocasião [no texto em que justifiquei a presença de Alfredo Di Stefano no top 10], o futebol é regido por uma dinâmica de memória que em certas épocas levam ao esquecimento de alguns atletas. Listas são um entretenimento, mas nos permitem também rememorar. Nada mais humano, nada mais divino. 


Nas dez primeiras posições:



1. Pelé
2. Messi
3. Maradona
4. Cruyff
5. Di Stefano
6. Garrincha
7. Zidane
8. Mbappé
9. Beckenbauer
10. Zico



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11. Romário


Campeão da Copa do Mundo de 1994, eleito melhor jogador da competição. Mais de 800 gols na carreira, um dos maiores artilheiros da história de Flamengo, Vasco e PSV Eindhoven. Partícipe do "Dream Tream" do Barcelona de Cruyff em 1993/94, 4º lugar entre os goleadores da seleção [com média de gols inferior apenas a Leônidas da Silva e Pelé dentro do top 10]. É defensável que seja o mais importante jogador com a camisa canarinho na Era Pós-Pelé. Não foi contemplado pela revisão do Ballon d'Or, mas foi eleito pela FIFA como melhor jogador da temporada 1994.






12. Ronaldo Nazário

O Fenômeno levantou a Copa do Mundo em 1994 na reserva, foi vice em 1998 [e eleito o melhor jogador da competição], e campeão e artilheiro em 2022. Foi o maior goleador de Mundiais, com 15 gols, antes de ser superado pelo alemão Klose [16] em 2014. Fez parte d'Os Galáticos do Real Madri que se tornaram campeões mundiais em 2022. Três prêmios FIFA de melhor da temporada e duas Ballon d'Or. Terceiro maior goleador da história da seleção brasileira e mais de 400 gols na carreira.





13. Eusébio


Um dos maiores artilheiros da história da Copa Europeia de Clubes [atual Champions League], maior nome do Benfica, clube com o qual venceu a competição continental em 1962, e liderança técnica de Portugal no terceiro lugar da Copa de 1966, em que foi artilheiro. Ballon d'Or de 1965 e chamado de "Pérola Negra", era considerado por Di Stefano como o maior jogador da história.





14. Cristiano Ronaldo

Maior artilheiro da história da Champions League, que conquistou cinco vezes; maior artilheiro da história da seleção portuguesa; 5 Ballon d'Or, 5 prêmios da World Soccer, e 5 prêmios FIFA de melhor da temporada; mais de 800 gols na carreira e único jogador a marcar em 5 Copas do Mundo. Tem 7 campeonatos nacionais jogando por clubes de 3 países diferentes. Tem 4 campeonatos mundiais de clubes e mais de 800 gols na carreira. Junto com Messi, é o jogador símbolo do futebol de clubes do século XXI, altamente concentrado na Europa.





15. Ferenc Puskas


Média superior a um gol por jogo na carreira, fez parte do lendário time do Honved que levantou o campeonato húngaro 5 vezes e era a base para o Escrete Húngaro, time que dominava o futebol nos anos 1950 antes da ascensão do Escrete de Ouro brasileiro. A Hungria foi campeã Olímpica em 1952 e vice-campeão da Copa em 1954, chegando a uma incrível média de 5,4 gols por jogo na Suíça. Em seis anos, a equipe foi derrotada apenas uma vez, justamente na final do Mundial. Marcou época também no grande Real Madri pentacampeão espanhol entre 1960 e 1965, e conquistou três Copas da Europa [atual Champions League] e um Mundial Interclubes. Mais de 800 gols na carreira.






16. Michel Platini

Maior responsável pela geração francesa dos anos 1980, que ficou entre as quatro primeiras da Copa de 1982 e 1986 e foi campeã europeia em 1984, "Le Roy" Platini, ídolo eterno da Juventus, venceu 3 Ballon d'Or consecutivos entre 1983 e 1985, feito só igualado por Lionel Messi. Campeão continental de clubes [atual Champions League] e do Mundial Interclubes pela Juventus, em 1985, tem também dois prêmios de melhor jogador da temporada pela Revista britânica World Soccer. Tem mais de 350 gols na carreira.






17. Giuseppe Meazza

Para muitos, o maior jogador italiano da história, líder da Squadra Azzurra que conquistou duas Copas em 1934 [eleito melhor jogador da competição] e 1938. Chamado de "o gênio" por sua técnica apurada, tem mais de 500 gols na carreira.






18. Marco Van Basten

7 campeonatos nacionais em 2 países diferentes, três Copas continentais de clubes [atual Champions league], dois mundiais interclubes, um dos grande ídolos da história do Ajax e do Milan. O "Holandês Voador" foi premiado com 3 Ballon d'Or e o Prêmio Fifa de melhor da temporada em 1992, 2 vezes melhor da temporada pela World Soccer. Era o maior nome do título da Eurocopa em 1988, o maior da história da seleção holandesa. Mais de 300 gols na carreira, mesmo repleto de contusões e se aposentando com apenas 28 anos de idade.





19. Paolo Maldini

A lenda do Milan, sete vezes campeão italiano, campeão europeu [atual Champions League] 5 vezes, e tricampeão mundial interclubes, com mais de 26 troféus conquistados por seu clube. Atuava literalmente em qualquer posição da defesa, das duas laterais à zaga. Foi premiado como o melhor da temporada de 1994 pela tradicional revista britânica World Soccer. Jogou 4 Copas, mas não venceu nenhuma. Foi finalista em 1994 e semifinalista em 1990, Mundiais em que foi eleito para a seleção do torneio. Foi vice também da Eurocopa de 2000.








20. Didi


Bicampeão da Copa do Mundo em 1958/62, eleito o melhor da competição em 1958. Campeão europeu [atual Champions League] e do Mundial Interclubes pelo Real Madri em 1960. Um dos grandes responsáveis pela fama do Botafogo, considerado um dos quinze maiores times do século XX em eleição da FIFA, e principal jogador brasileiro nos anos 1950 antes da ascensão de Pelé. Disputou 15 partidas em Copas do Mundo e só saiu derrotado em uma, para a Hungria de Puskas.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES BRASILEIROS DA HISTÓRIA

O meu top 10 de jogadores brasileiros. O critério é o nível técnico apresentado pelo atleta ao longo da carreira, sua importância para clubes e para a seleção brasileira, seu desempenho, impacto popular, contribuição para o desenvolvimento do jogo, e resultados. Não vou fazer um texto específico para cada um deles, mas apresentar rápidas justificativas ou apontar onde o leitor pode encontrar minha posição para a presença destes atletas na lista geral de 10 maiores de todos os tempos.



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NÚMERO 1: PELÉ, "O REI DO FUTEBOL"




Jogador mais completo e maior goleador da História [com quase 1300 gols], atleta com mais assistências na seleção, o texto sobre ele pode ser lido em: Pelé [clique para ler]



NÚMERO 2: GARRINCHA, "A ALEGRIA DO POVO"



Provavelmente o maior driblador já visto, é o sexto em número de assistências com a camisa canarinho.  Tem quase 300 gols na carreira, 245 apenas pelo Botafogo. Falei sobre o  "Anjo das Pernas Tortas" em: Mané Garrincha [clique para ler].



NÚMERO 3: ZICO, "O GALINHO DE QUINTINO"




Mais de 600 gols na carreira. 5º maior artilheiro da seleção e 4º em número de assistências, o texto sobre o "Pelé Branco", jogador brasileiro que o Rei considera ter se aproximado mais dele, pode ser lido em: Zico [clique para ler].



NÚMERO 4: ROMÁRIO, "O GÊNIO DA GRANDE ÁREA"




O "Baixinho" era tecnicamente perfeito, um dos maiores finalizadores da história, tinha habilidade e domínio de bola raramente vistos no esporte, e em seu auge atlético uma velocidade imbatível nos 30 primeiros metros.

Sua carreira internacional costuma ser minimizada pelos europeus por ter ficado "escondido" muito tempo no campeonato holandês, considerado bastante secundário na Europa, em um tempo em que as interações entre os grandes clubes ainda não haviam entrado na Era bilionária atual.

Comprado pelo "Dream Tream" montado por Cruyff no Barcelona, encantou a todos mesmo já tendo perdido parte da explosão com que era conhecido no Brasil e na Holanda. Cruyff declarou que foi o melhor jogador que ele já treinou, e Carles Rexach, braço direito do holandês, e que ajudou a contratar Messi para o Barça, afirma que nenhum atleta o deixou tão espantado e assombrado por seu nível de qualidade quanto Romário.

Começou na ponta-esquerda, mas foi um dos grandes 'atacantes' genéricos típicos do futebol brasileiro nos anos 1990, unindo a qualidade de goleador com a de ponta-de-lança. Revolucionou a posição de centroavante. Maior jogador da Copa de 1994, foi eleito pela FIFA como o melhor daquela temporada.

Romário foi o jogador mais importante da seleção brasileira na Era Pós-Pelé, o "Salvador da Pátria", papel que já exercia desde o gol do título da Copa América de 1989, quebrando um jejum brasileiro de 40 anos na competição. Até hoje é o quarto maior artilheiro da camisa canarinho, com a média de 0,71 gols por partida -- dentro do top 10 dos goleadores, inferior apenas à de Pelé e a de Leônidas da Silva. Tem mais de 800 gols na carreira, e é um dos maiores goleadores da história do Flamengo, do Vasco da Gama e do PSV Eindhoven.

Nunca se dedicou à parte atlética e dizia explicitamente que não gostava de treinos ["treinar pra quê se eu já sei o que fazer?", como perguntava funk carioca feito em sua homenagem].



NÚMERO 5: RONALDO, "O FENÔMENO"





Considerado sucessor de Romário, explodiu muito cedo no Cruzeiro, seguiu os passos do "Baixinho" mas com precocidade, e se tornou o primeiro grande astro do futebol brasileiro adaptado ao nascente mercado comum europeu de clubes. Assombrou o planeta inteiro ainda adolescente, tamanha a união entre habilidade no drible, potencial técnico, capacidade de finalização, velocidade e força física. Aos 20 anos de idade, já havia sido eleito pela FIFA como o melhor da temporada por duas vezes.

Ronaldo foi também vítima de uma má preparação física e fortalecimento muscular realizado na Holanda, que o fizeram conviver com tendinites já nos primeiros anos de Europa e acabaram por romper completamente os tendões de seu joelho direito duas vezes consecutivas quando ainda tinha 22 anos de idade. As contusões foram impressionantes, o afastaram dos gramados por três anos, e ele foi considerado morto para o futebol. Sua ressurreição esportiva em plena Copa de 2002, em que marcou 8 gols em 7 jogos, incluindo os três que decidiram a semifinal e a final da competição, foi um dos momentos mais gloriosos e impactantes da história.

A carreira do "Fenômeno" foi minorada por causa das contusões [ele sofreria outra ruptura ligamentar no Milan, em 2008, desta vez no joelho esquerdo]. Mas não o impediram de assumir status de lenda. É considerado pelos europeus como o maior centroavante já visto. Não fossem as lesões, certamente estaria hoje no top 5 dos maiores jogadores de todos os tempos.

Era reserva na seleção que conquistou o tetra em 1994, mas foi o principal nome do título em 2002, ao lado de Rivaldo. É o brasileiro que mais marcou em Copas do Mundo, com 15 tentos em 17 partidas, uma impressionante média de 0,88. É o terceiro maior artilheiro e o quinto em assistências na história da camisa canarinho. Marcou mais de 400 gols na carreira.


NÚMERO 6: DIDI, “O PRÍNCIPE ETÍOPE”



É impressionante o esquecimento que tem se abatido sobre o nome de Didi nas listas nacionais e internacionais de craques. Trata-se de um dos atletas mais vitoriosos e importantes da história do futebol nacional. Participou de duas das maiores equipes do século XX: o Botafogo do início dos anos 1960 e o Real Madri do fim dos anos 1950. Disputou três Copas do Mundo, foi eleito o melhor jogador de uma delas, levantou dois troféus, e em quinze partidas em Mundiais só saiu derrotado de campo em uma: para a Hungria de Puskas, em 1954.

 

Didi se consolidou como o maior jogador brasileiro nos anos 1950 quando, ainda jogador do Fluminense, venceu polêmica disputa com Zizinho pelo lugar na Copa da Suíça. Primeiro grande cobrador de falta da história da seleção, se tornou herói das Eliminatórias para 1958 ao marcar o gol da classificação com sua “folha seca” em vitória sobre o Peru. Suas atuações e liderança na Suécia, em 1958, o levaram ao Real Madri, em que teve relação conturbada com Di Stefano, maior jogador do clube e líder de uma panelinha. Ainda assim, participou das campanhas vitoriosas na Liga dos Campeões e no Mundial Interclubes de 1960.

 

Retornou ao futebol brasileiro para tomar parte do time do Botafogo que se tornaria base da Copa de 1962, bicampeão carioca 61/62, do Rio São Paulo de 1962 e semifinalista da Libertadores de 1963. O time só não alcançou maiores alturas porque enfrentava o Santos de Pelé, considerado uma das três maiores equipes do século passado. Ainda assim, a fama do Botafogo da época foi estabelecida mundialmente em excursões por toda a Europa, que fazem d’O Glorioso  um dos mais conhecidos clubes brasileiros até hoje.

 

Ainda que não fosse um goleador, Didi marcou mais de 200 tentos na carreira, 21 deles pela seleção brasileira. Se tornou também um dos mais importantes treinadores da história do futebol sul-americano ao liderar o Peru que se classificou para a Copa de 1970 no lugar da Argentina.

  


NÚMERO 7: LEÔNIDAS DA SILVA, “O DIAMENTE NEGRO”




 

Um dos atletas mais importantes da nossa história em múltiplos níveis, Leônidas representa não só a definitiva massificação do futebol brasileiro como seu florescimento na Copa do Mundo. Foi um dos principais responsáveis pela consolidação da imagem de um tipo de jogo marcado pelo drible, improviso e jogadas plásticas. Ícone do Brasil que se via como miscigenado e malandreado, foi o jogador mais popular até a ascensão de Pelé e Garrincha. É também o único jogador brasileiro a marcar gols em todos os jogos das duas Copas de que participou: fez o único do país em 1934, e foi o primeiro artilheiro brasileiro em 1938. [Por causa de uma contusão, ele não estava em campo na eliminação diante da Itália, na semifinal.]


Leônidas é oficialmente reconhecido como o principal jogador do Mundial de 1938, na França, marcando 7 gols em 4 partidas, ocasião em que anotou um dos mais famosos tentos da história da competição, ao anotar de bicicleta, uma artimanha até então desconhecida para os europeus. Ainda hoje se encontra entre os dez maiores goleadores da seleção brasileira, e dentro do top 10 ninguém tem média melhor do que ele, nem Pelé: 37 gols em 37 partidas, um gol por jogo.

 

Tornou-se um dos maiores ídolos e goleadores da História do Flamengo [tem mais de 150 gols pelo clube e média superior a 1 gol por jogo] e do São Paulo. Foi também um os grandes trunfos da CBD para trazer a quarta edição da Copa do Mundo para o Brasil. Fez mais de 500 gols em toda a carreira.

  


NÚMERO 8: ZIZINHO, “O MESTRE ZIZA”




 

 

Sucessor de Leônidas da Silva no Flamengo, era reconhecidamente o maior jogador brasileiro dos anos 1940. Saiu consagrado como o melhor jogador da Copa de 1950, mesmo com a derrota brasileira no torneio. Ídolo de Pelé, era considerado um jogador completo, capaz de jogar em todas as posições do meio campo para frente. Sua marca registrada era a arrancada com a bola grudada no pé, driblando em zigue-zagues. Conduziu o Flamengo ao seu primeiro tricampeonato, e depois do Mundial de 1950 brilhou por 7 temporadas no Bangu antes de terminar a carreira no São Paulo levantando o campeonato paulista de 1957.


Recusou o convite para jogar a Copa de 1958, segundo ele para não deixar de fora “um jovem jogador que atuava na mesma posição.” Tem mais de 300 gols marcados durante a carreira. É o 14º maior goleador da seleção, com 31 gols; e o terceiro em maior número de assistências, com média de 0,59 por partida, a maior do top 10 de "passes para gol" na equipe nacional.

  


NÚMERO 9: RONALDINHO GAÚCHO, ''O BRUXO''



 

Jóia gaúcha no fim dos anos 1990, saiu brigado do Grêmio em um período em que os clubes brasileiros ainda não tinham se adaptado à derrocada da Lei do Passe. Despertava desconfianças da imprensa paulista, que se tornaram ridículas com a Copa de 2002, em que foi um dos protagonistas do Penta, com assistências e gols históricos. Mas foi ao trocar o Paris Saint Germain pelo Barcelona que o “Bruxo” deu o salto definitivo em sua carreira, elevando o Barcelona de rival do Real Madri a dono do continente.

 

Além de tornar o Barça um clube vencedor na Europa, Ronaldinho atingiu um nível de atuações que o levaram a ser comparado com Maradona, dada a união entre a habilidade com a bola, capacidade de drible e jogadas geniais. Tornou-se sinônimo de entretenimento e foi eleito pela FIFA como o melhor do mundo em duas temporadas consecutivas. Seria a grande esperança brasileira em 2006, mas naufragou com o restante da equipe, que não conseguiu alcançar as semifinais.


Com a carreira abalada pela falta de compromisso profissional, Ronaldinho perdeu espaço no Barcelona e depois na Europa, ainda que tivesse condições de disputar o Mundial em 2010 pelas performances que demonstrava no Milan. Voltou para o Brasil alcançando algum sucesso no Flamengo e, principalmente, no Atlético Mineiro. Conquistou a Libertadores da América com o Galo, em 2013, se tornando um dos nove atletas brasileiros a ter levantado o troféu das competições continentais europeia e sul-americana.

 

Chamado por Romário de “o último romântico”, Ronaldinho se tornou, sem querer, embaixador do futebol no mundo inteiro, tamanho seu carisma e sua arte com a bola nos pés. O “Bruxo” vivenciou uma das eras mais vitoriosas da seleção brasileira. Venceu não só a Copa de 2002 como também a Copa das Confederações de 2005 e  Copa América de 1999. É o 13º maior goleador [34 tentos] e o 9º em assistências pela seleção nacional. Marcou mais de 350 vezes na carreira. Alguns dos momentos que proporcionou no campo estão entre os mais extraordinários da história do esporte.

  

NÚMERO 10: RIVELINO, “A PATADA ATÔMICA”




 

Atleta que mais defendeu a camisa da seleção brasileira no século XX e um dos destaques da Copa de 1970, em que recebeu o apelido de “Patada Atômica”, o “Reizinho do Parque São Jorge” foi um dos maiores meia-armadores da História e ídolo máximo de Diego Maradona. Era o grande nome da seleção na maior parte dos anos 1970, entre a despedida de Pelé e a ascensão definitiva de Zico. Um dos maiores ídolos do Corinthians e do Fluminense, foi bicampeão carioca em 1975/76, participando da maior equipe já vista no tricolor das Laranjeiras, a “Máquina”. Rivelino é o 7º maior goleador da seleção, com 43 gols, e o 7º maior em número de assistências. Marcou mais de 250 vezes na carreira.

 

 

sábado, 24 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 1: PELÉ

 Meio século depois de parar de jogar, permanece como o sarrafo para todo pretendente a gênio. É o parâmetro para todos os que se candidatam ao Olimpo. Os ídolos de todas as décadas subsequentes o teriam como sombra, como alvo, como meta, como critério. E nada indica que isto vá mudar no futuro. Os nomes que surgem já começam de novo a serem comparados prioritariamente com ele.




NÚMERO 1: PELÉ


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É melhor chamá-lo de Rei Pelé para dar a dimensão correta do significado desse atleta para o mundo do mais popular dos esportes.


Ele foi o jogador tecnicamente mais perfeito que surgiu. Mais de sessenta anos após seu florescimento, não apareceu ninguém capaz de superar sua completude. Tratava-se de um ás em todas as formas de dribles, capaz de conduzir a bola deixando para trás adversários caídos e batidos de todas as maneiras possíveis. Cortes para ambos os lados, bolas por debaixo das pernas, lençóis -- seu repertório era vasto como nunca se viu nem antes nem depois.


Não à toa, meio século depois de parar de jogar, permanece como o sarrafo para todo pretendente a gênio. É o parâmetro para todos os que se candidatam ao Olimpo. Os ídolos de todas as décadas subsequentes o teriam como sombra, como alvo, como meta, como critério. E nada indica que isto vá mudar no futuro. Os nomes que surgem já começam de novo a serem comparados prioritariamente com ele.


O Rei assinou jogadas lendárias, a mais impressionante delas a tabela que fazia com a perna dos adversários. Sua habilidade com a pelota é quase que inigualável. Possuía incrível percepção do campo e do jogo, passe milimétrico e finalização imbatível com ambas as pernas. Como se não fosse o bastante, seu jogo aéreo era pura e simplesmente fenomenal.


Antes de Pelé se costumava dizer que o argentino Di Stefano era o melhor porque jogava em alto nível em uma faixa de campo de grande amplitude. Antes de Pelé, repito. O camisa 10 do Santos jogava vindo de trás, aquilo que se costumou chamar de ''ponta de lança'', ou ''meia-atacante''. Mas era infernal quando caía por ambos os lados do campo. Na área, então, se tornava mortífero.


Além disso, o Rei era também um vencedor. Não era um craque que apenas embevecia, que encantava e fazia a torcida sorrir e sair alegre dos estádios. Ele era capaz disso tudo, mas era também eficiente, direto, objetivo, conquistador. Ele tornou um time praiano na maior potência do mundo da bola. Acumulou títulos em uma velocidade nunca antes vista no futebol sul-americano. É o símbolo da transformação da camisa canarinho no grande bicho papão das Copas do Mundo. 8 títulos paulistas em uma década, 5 taças Brasil consecutivas, duas libertadores e mundiais interclubes, três Copas do Mundo para a seleção, incontáveis torneios em excursões por todos os cantos do planeta, mais de mil e duzentos gols, 7 Ballon d'Or [de forma retrospectiva], sendo 6 em 7 anos entre 1958 e 1964. Isto é Pelé!


O impacto do milagre da Vila Belmiro não tem paralelo na história do esporte. Pelé é o sinônimo da ascensão do futebol brasileiro ao status de perfeição do planeta bola. Tornou a camisa que usava no emblema do craque. Sintetizou todas as virtudes imagináveis em campo. Era encarnação da coragem, do atletismo, da plenitude técnica, do resultado positivo. Mais ainda, destruiu todo e qualquer laivo de vira-latismo no esporte brasileiro. Era preto, mineiro, torcedor do Vasco, autenticamente brasileiro. Como um Monarca, seu jogo era ao mesmo tempo amado e temível, a expressão do Terrível.


Pelé é o número 1 da minha lista de melhores de todos os tempos. Mas deveria ser o número 0 dada sua superioridade. Durante a história, muitos quiseram polarizá-lo com supostos desafiantes ao trono. No Brasil: Garrincha, Zico, Ronaldo Fenômeno, Ronaldo Gaúcho. Na Europa: Di Stefano, Eusébio, Cruyff, Maradona, Messi. O tempo tratou de mostrar que nenhum destes estava à altura dessa Montanha Inacessível chamada Rei Pelé.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 2: LIONEL MESSI

 A hegemonia de Messi o levou a ser apontado quatro temporadas seguidas como o maior jogador do mundo pela France Football [um prêmio que a esta altura ele já possui 7 vezes]. Tamanha qualidade gerou especulações sobre seu peso na história do futebol, e não poucas vozes chegaram a declarar o argentino o maior de todos os tempos. A temporada de 2011/12 foi o maior exemplo das alturas que o camisa 10 do Barcelona era capaz de atingir nos gramados. Foram 73 golos em apenas 60 jogos um desempenho comparável ao do Rei do Futebol.





NÚMERO 2: LIONEL MESSI


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Messi era tão espetacular que gerava imensa expectativa quando juvenil. Diamante cujos problemas de crescimento foram resolvidos por um tratamento hormonal na Espanha, e que foi preparado pelo Barcelona desde os 13 anos para se adequar ao esquema, mentalidade e estilo de jogo do clube, foi ancorado no início da carreira profissional pelo sucesso de Ronaldinho Gaúcho.


Uma vez chegando ao time titular, no entanto, não demorou muito para que o meia-atacante se tornasse a principal figura de uma equipe que acabou fazendo história não só por sua dominância na Europa ou pela qualidade de seu futebol, mas por representar uma revolução tática, o tiki taka. Foi este estilo de jogo implementada no Barcelona que levou a Espanha, que possuía boa parte de sua espinha dorsal formada por atletas do clube, ao seu primeiro e tão esperado título mundial. Messi é o símbolo máximo dessa equipe e dessa filosofia, um time imensamente compactado, de jogadores que giravam em posições de ataque e que, mantendo a posse de bola com passes curtos, exibia um futebol de imensa pressão sobre o adversário, capaz de fazê-lo correr atrás da bola como numa roda de bobo até ser levado à exaustão. Se Ronaldinho Gaúcho representou a definitiva ressurreição da figura do ponta, Messi elevou à perfeição a figura de "Falso Nove", cujos protótipos já podiam ser vistos em Puskas, na Hungria de 1954. 


A habilidade do argentino de conduzir a bola em alta velocidade e grudada no pé, com dribles curtos e trespassando como um raio a linha de defesa dos adversários, se tornou quase que lendária. Talvez fosse menos espetaculoso que Ronaldinho Gaúcho, a referência do Barça antes do argentino, mas sua eficiência era maior sem perder nada em beleza. Além disso, Messi se tornou um dos mais mortíferos atacantes do futebol mundial, um artilheiro sem piedade, cujos recordes de golos na Europa e futebol decisivo o tornaram comparado a Maradona e Pelé.


A hegemonia de Messi o levou a ser apontado quatro temporadas seguidas como o maior jogador do mundo pela France Football [um prêmio que a esta altura ele já possui 7 vezes]. Tamanha qualidade gerou especulações sobre seu peso na história do futebol, e não poucas vozes chegaram a declarar o argentino o maior de todos os tempos. A temporada de 2011/12 foi o maior exemplo das alturas que o camisa 10 do Barcelona era capaz de atingir nos gramados. Foram 73 golos em apenas 60 jogos um desempenho comparável ao do Rei do Futebol.


A caminhada de Messi para o posto de maior nome do esporte mais popular da história foi obstaculizada, no entanto, por causa do segundo aspecto de sua jornada, aquele que colocou uma pulga atrás da orelha dos fãs d'A Pulga, como Lionel é chamado por causa do físico frágil. Seu desempenho no clube, até então sem paralelo, passou a ser cada vez mais comparado com o do atacante português Cristiano Ronaldo, que depois de imenso sucesso pelo Manchester United, chegou ao Real Madri, maior rival do Barcelona, para disputar o reinado de Messi. 


O número 7 desafiou o número 10, e foi mais bem sucedido em quatro das cinco temporadas que se seguiram a 2012, empatando o número de prêmios conferidos pela FIFA ao melhor da temporada, um recorde que era um dos maiores sinais da imensidão técnica de Messi. O status de artilheiro e de jogador decisivo do argentino também se tornou alvo de golpes do rival, que ultrapassou sua absurda média de golos e causou confusão na mídia e no público ao levantar a questão de quem seria melhor, Messi ou Cristiano.


A vida de Messi não era menos complicada na seleção nacional. O argentino convivia com a sombra do magnífico Diego Maradona, imbatível no coração do torcedor portenho. Mesmo que tenha se tornado o maior goleador da Albiceleste, Lionel não conseguia colocar fim ao incômodo jejum de títulos que constrangia nossos hermanos, e que beirou os trinta anos. A medalha olímpica de 2008 e as dezenas de tentos com a camiseta da equipe pátria não mitigaram os fracassos recorrentes que acompanham o camisa 10 portenho tanto em competições continentais quanto na Copa do Mundo. Desde 2007, quando amargou o vice-campeonato da Copa América diante da seleção brasileira, até as duas finais seguidas perdidas nos penais para o Chile, em 2015 e 2016, as decepções se acumularam ao ponto dele anunciar que deixaria a seleção, decisão da qual se arrependeu e voltou atrás após pedidos de seus compatriotas.


O maior espinho no dorso de Messi era a Copa do Mundo. Ainda que tenha conquistado um polêmico prêmio de melhor jogador de 2014, ocasião em que a Albiceleste chegou à final no Maracanã e saiu derrotada pelos alemães, Lionel não conseguia traduzir seu status de gênio para os gramados do mais importante e definidor evento esportivo do planeta. Participou de quatro Copas sem conseguir marcar em jogos eliminatórios ou contra seleções de peso e tradição, A Pulga sempre pareceu sair da Copa devendo, abaixo do que poderia render e sem suprir as expectativas em torno do seu nome.


Todas essas dúvidas se dirimiram neste ano de 2022. Aos 35 anos de idade, Messi conduziu a Argentina ao tricampeonato mundial no Qatar, com uma performance que beirou a perfeição, disparada a sua melhor em Copas, e que lhe garantiu o posto de maior jogador do torneio -- se tornando o primeiro atleta a conquistar o prêmio em dois Mundiais diferentes. Era o título que faltava para colocá-lo no nível em que muitos sempre apostaram que chegaria e que já lhe conferiam antes mesmo que os troféus com a Albiceleste se concretizassem. 


É provável que os argentinos continuem por muito tempo ainda considerando Diego Maradona o melhor jogador do país. Mas para o restante do planeta já não há dúvidas que a carreira d'A Pulga é superior, tanto em clubes quanto na seleção.  Messi abateu todos os leões que a carreira lhe colocou.  Sua técnica apurada, sua capacidade de definição de partidas e campeonatos, o posicionam na lista apenas atrás do Rei Pelé.

OS 10 MAIORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 3: DIEGO MARADONA

 Aos 25 anos, realizou em gramados mexicanos a performance mais assombrosa que um jogador já havia feito em uma Copa, superando a de Garrincha em 1962 e, coincidentemente, assim como a do brasileiro, lembrada pelo desempenho e gols nas Quartas-de-Final contra os ingleses. Longe de ser apenas um mês inspirado, Maradona continuou demonstrando no campeonato italiano a magnitude esplendorosa que capturou a imaginação de todos no Mundial. Com uma movimentação anárquica e imarcável, dribles em velocidade, verticais e em todos os pontos do gramado, Maradona era ao mesmo tempo um fenômeno da natureza e a síntese da cultura latino-americana. 




NÚMERO 3: DIEGO MARADONA


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''El Pibe de Oro'' foi o jogador de carreira mais apaixonante que tive o prazer de acompanhar. Havia uma grande dúvida em meados dos anos 1980 sobre o melhor jogador do mundo. Os preferidos eram Zico e o francês Michel Platini. Maradona vinha atrás, considerado menos objetivo do que os dois primeiros.


Toda e qualquer discussão chegou ao fim em 1986, quando Diego alcançou a maturidade de seu futebol. Aos 25 anos, realizou em gramados mexicanos a performance mais assombrosa que um jogador já havia feito em uma Copa, superando a de Garrincha em 1962 e, coincidentemente, assim como a do brasileiro, muito lembrada pelo desempenho e gols nas Quartas-de-Final contra os ingleses. Longe de ser apenas um mês inspirado, Maradona continuou demonstrando no campeonato italiano a magnitude esplendorosa que capturou a imaginação de todos no Mundial.


A carreira de Maradona está repleta de aspectos que transcendem o âmbito esportivo de um modo ainda mais explícito do que o de outros craques, alguns já debatidos quase à exaustão: os elementos geopolíticos e patrióticos de sua atuação contra a Inglaterra no México, incluindo aí ''La Mano de Díos'' e o ''gol do século''; as declarações socialistas e amizade com Cuba e Fidel Castro; suas possíveis ligações com a Cosa Nostra; suas observações sobre as diferenças entre o Norte e o Sul da Itália em plena disputa do Mundial de 1990, pouco antes da semifinal contra a Azzurra; as acusações à FIFA pela perda da Copa e pela falta de reconhecimento de sua grandeza; os problemas com a cocaína, que resultaram em reviravoltas dramáticas na imagem do craque; a identificação fora do comum com as classes populares argentinas, que viam em sua vida uma expressão acabada da alma do país.


Não há palavras para descrever o impacto que Maradona causou na minha geração. Ainda garoto, acompanhei todas as partidas da Argentina no México. Dom Diego era um deus vivo, quebrando toda a lógica do futebol com uma movimentação anárquica e imarcável por todo o campo adversário. Seus dribles em velocidade, verticais e em todos os pontos do gramado, eram o sonho de todo menino que corria atrás da bola. Ao mesmo tempo um fenômeno da natureza e a síntese da cultura latino-americana. Maradona era impossível de enquadrar, se tratava de um demônio destruindo esquemas e certezas. Em uma época em que pouco tínhamos interesse nos campeonatos de outros países, assistíamos o italiano para contemplar a mágica do camisa 10 do Napoli passar por cima de toda minuciosa arquitetura dos maiores sistemas defensivos já criados.


Diego foi o único a polarizar com a figura dominante de Pelé e manter a pulga atrás da orelha de muita gente mesmo depois que seus anos áureos passaram. Lembro de um repórter na Copa de 1986 perguntando ao Rei do Futebol se o camisa 10 argentino era o ''novo Pelé''. Ele pensou alguns segundos e emendou, ''o de 1986, sim!''


Ainda hoje se discute em alguns meios sobre quem foi o maior talento individual. Mas para a maioria de nós, Pelé foi mais completo, já que possuía todos os fundamentos, batia com as duas pernas, um jogo aéreo superior e mais presença de área. Era tão espetacular quanto Diego, e mais objetivo, mais mortífero, e também mais duradouro.


Ainda assim, Maradona permanece como o espetáculo mais singular que o futebol foi capaz de ofertar, desde as demonstrações de habilidade e domínio da pelota que dava nos aquecimentos das partidas até a figura desviante e autêntica que acompanhávamos fora das quatro linhas.


Sua personalidade vibrante e polêmica, encarnação do talento e da psique popular, seu temperamento indomável, impedem qualquer imparcialidade quando se trata de analisá-lo. Diferente de Messi, ídolo das novas gerações, Maradona era a anti-tática, a paixão unida ao trágico. Se os fãs de Messi lamentam a falta de condições ideias para que o craque do Barcelona renda tudo o que pode, Diego fazia questão de suplantar as restrições que o time e o contexto lhe impunham. 


Maradona era uma revolução solitária desafiando a ordem planejada pelos melhores treinadores e implantada pelas equipes mais gabaritadas. Sua posição na lista seria mais alta caso eu fosse argentino.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 4: JOHAN CRUYFF


Cruyff foi a síntese de duas características que se tornaram essenciais para o orgulho futebol do Velho Mundo: liderou um time que colocou fim à idéia de que apenas os times sul-americanos jogavam de maneira técnica e habilidosa; e criou uma revolução tática no jogo que está na base do nascimento de sua fase moderna.




 NÚMERO 4: JOHAN CRUYFF


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Cresci lendo, ouvindo e considerando Johan Cruyff o maior jogador europeu da História. Depois de ficar em dúvida por causa da ascensão de Zidane, recoloco o holandês em sua posição de direito. Ainda assim, ele permanece fora do top 3 por não ter conquistado uma Copa do Mundo.


Cruyff foi a síntese de duas características que se tornaram essenciais para o orgulho futebol do Velho Mundo: liderou um time que colocou fim à idéia de que apenas os times sul-americanos jogavam de maneira técnica e habilidosa; e criou uma revolução tática no jogo que está na base do nascimento de sua fase moderna.


Para a Holanda, ele representa a ascensão ao primeiro escalão do futebol mundial. O país que era até então nada no mundo da bola foi capaz de formar uma geração que chegou a duas finais seguidas de Mundiais. O Ajax, por sua vez, liderada pela mítica camisa 14, se tornou tricampeão europeu, desbancando os times italianos.


O Futebol Total da Holanda de 1974 apresentou ao mundo jogadores que não possuíam uma posição definida, que giravam pelo campo, trocando de funções, e apresentando ao planeta a marcação pressão em bloco alto e o uso perfeito da regra do impedimento. Era um time caracterizado pela versatilidade e pela intensidade física. Algumas performances daquele time e de seu meia-atacante estão entre as mais assombrosas que já se viram em um Mundial, como a demolição da Argentina por 4 a 0 seguida da superação da seleção brasileira comandada por Zagallo, e então campeã do mundo, por 2 a 0.


Cruyff nunca mais disputaria outra Copa. Durante muito tempo se acreditou que sua ausência na Argentina, em 1978, teria se dado por um posicionamento político contrário ao regime ditatorial. Recentemente, no entanto, o ídolo holandês declarou que a principal causa para sua desistência teria sido um sequestro relâmpago que sua família sofreu na Espanha meses antes da disputa do torneio. Outra versão seria uma promessa feita à sua mulher, a quem traiu de modo mais ou menos público quando do Mundial na Alemanha.


O camisa 14 também marcou época no Barcelona, levando o clube catalão a quebrar um jejum de catorze anos sem títulos da Liga Espanhola. 


Depois de anunciar a aposentadoria aos 30 anos de idade, Cruyff voltou aos gramados para substituir Pelé na liga americana. Atuou ainda na segunda divisão espanhola e venceu mais campeonatos holandeses no início dos anos 1980 antes de colocar fim à gloriosa carreira.


Johan Cruyff talvez seja o símbolo máximo da inteligência tática. Na eleição de melhores jogadores do século XX da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, realizada com consulta a jornalistas e jogadores, o holandês ocupou a segunda posição da lista final, abaixo apenas de Pelé.


Sua passagem pelos campos teve o brilho do famoso ''giro de Cruyff'', o drible que imortalizou e que passou a ser associado ao seu nome a partir de então. E sua história no esporte teria continuidade com portentosas contribuições como técnico e uma voz sempre ativa na defesa dos estilos das escolas nacionais. Sempre foi um grande crítico ao abandono dos pontas e insistiu até o fim que a Holanda atuasse de maneira propositiva. O jogador tático e revolucionário era um grande conservador em questões de identidade de jogo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 5: ALFREDO DI STÉFANO

Depois de uma briga entre Barcelona e Real Madri, em que a FIFA e o governo espanhol meteram a colher, foi parar no clube da capital, sendo o principal responsável por torná-lo sinônimo de grandeza e soberania no futebol. A Flecha levou o Real Madri a oito títulos na Liga Espanhola e a cinco títulos consecutivos na Liga dos Campeões, marcando gols em todas as finais. Fez do clube também o primeiro campeão mundial interclubes e se tornou para todos o ''Pelé antes de Pelé'', símbolo de completude técnica e tática.




NÚMERO 5: ALFREDO DI STÉFANO


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Entre os poucos que acompanham essa série de postagens há aqueles que esperam ver no top 5 da lista de dez maiores o nome de algum dos grandes ídolos da última década e meia, o ponta de lança Lionel Messi e o atacante Cristiano Ronaldo. Para estes faço alguns comentários que considero pertinentes.

Assim como em outras áreas, existe no futebol uma dinâmica der memória e esquecimento. Quando comecei a jogar peladas nos campinhos de terra e nas ruas de Senador Camará ainda na primeira metade dos cada vez mais longínquos anos 1980, a grande discussão sobre maior jogador de todos os tempos polarizava Pelé e Garrincha. Nós crianças repetíamos o que ouvíamos dos adultos, em quem a imagem de Mané, falecido por aquele tempo e que havia se retirado dos gramados há apenas dez, quinze anos, ainda se encontrava muito vívida. Diziam que ele era até melhor do que o Rei, mas não teve a ''cabeça'' de Pelé, não soube administrar a carreira.

Esse tipo de tema foi quase que totalmente apagado do debate público no futebol pátrio durante os anos 1990. Naqueles tempos a figura de Mané se embotou diante da de Zico, da ascensão de Romário, do Fenômeno etc. Ele saiu do topo da lista dos melhores entre os analistas do esporte a tal ponto de eu ficar um tanto surpreso quando na segunda metade daquela década um importante articulista escrever sobre seu desapontamento com o embotamento da imagem de Garrincha.

Esse esquecimento de Mané durou uns quinze anos. A partir do fim da década passada, a figura dele tem sido cada vez mais relembrada, engrandecida. É como se houvesse um estalo na ''memória coletiva'' -- expressão problemática, eu sei -- que trouxesse à tona mais uma vez a importância e excepcionalidade do ponta. Memória, esquecimento, memória.

Na segunda metade dos anos 1980 o grande debate era sobre Zico e Maradona. Quando Zico se despediu do futebol, na virada dos anos 1980 pros 1990, deixou os gramados com a aclamação de que havia sido o maior jogador brasileiro depois de Pelé. O próprio Rei acredita nisso. Em todas as entrevistas em que o vi se pronunciar sobre o assunto, inclusive declarações nessa década atual, Pelé diz que o jogador que mais chegou próximo dele no Brasil foi Zico. Telê Santana afirmou a mesma coisa em 1989, que o camisa 10 da Gávea havia sido o maior depois do Rei do Futebol. A grande discussão naqueles tempos de Diego Maradona era sobre quem havia sido melhor, se o Galinho ou o Moleque de Ouro. Muricy Ramalho deu entrevista recente no Sportv afirmando que considera Zico melhor do que Messi e até Maradona, e chegando a soltar um riso irônico quando lhe pediram pra comparar o ídolo rubro-negro a Cristiano Ronaldo.

Pois na segunda metade dos anos 1990 essa discussão também começou a se esvanecer diante da conquista de novas Copas pela seleção e do surgimento de Romário, que polarizou opiniões e brigas com Zico. No cenário mundial, a figura de Zico também se obscureceu nos anos 2000, e hoje já é comum que não se coloque o Galinho nem no top 10 dos melhores de todos os tempos -- algo que seria muito difícil nos anos 1980. Memória, esquecimento, memória.

É absolutamente comum na história do futebol que os ídolos da geração presente, ainda em atuação, sejam considerados sucessores dos grandes do passado, como sujeitos capazes de desafiá-los. Aconteceu com os grandes jogadores de todas as décadas que vivenciei. Romário terminou a carreira se dizendo inferior apenas a Pelé. Ronaldo Fenômeno a iniciou sendo comparado ao Rei-- e eu devo admitir que a memória do Fenômeno vem se agigantando com o passar do tempo, e que já se tornou muito comum considerá-lo entre os dez maiores num processo contrário ao que aconteceu com Zico, por exemplo, ou da oscilação que houve com Garrincha.

Essa longa introdução me leva ao quinto colocado da minha lista de melhores. Peço permissão pra mais uma vez partir da minha experiência pessoal. Nas discussões sobre futebol na segunda metade dos anos 1980, nas classificações feitas por analistas e publicações esportivas, ninguém, absolutamente ninguém tiraria Alfredo Di Stefano do top 3. O argentino naturalizado espanhol já havia se despedido dos gramados há vinte, vinte e cinco anos, mas continuava celebrado como o maior de todos depois de Pelé. O próprio Rei, quando queria espezinhar Maradona, brincava que primeiro os argentinos tinham de decidir quem havia sido o melhor do país, se Diego ou Di Stefano.

Pelé sabia que essa dúvida não existia somente na Argentina. Quando o ano 2000 se aproximou, as mais respeitadas publicações e organizações do futebol confeccionaram listas dos principais jogadores do século. A FIFA realizou uma eleição em que participaram dirigentes da entidade, técnicos, ex-jogadores e jornalistas de todo o mundo. Di Stefano ficou em segundo lugar, atrás apenas de Pelé e curiosamente à frente de Maradona. [Uma anotação interessante: Zico e Garrincha estavam entre os dez primeiros, empatados com o mesmo percentual de votos.]

A Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol [IFFHS] também fez sua lista, e Di Stefano conquistou o quarto lugar, também à frente de Diego Maradona. Na eleição realizada pela prestigiosa France Football, que distribui anualmente a famosa ''Bola de Ouro'', Pelé foi escolhido o jogador do século XX. Di Stefano ficou em quarto lugar, atrás de Maradona e Cruyff.

E, no entanto, na última década e meia houve um certo apagamento da figura de Di Stefano nos debates, um processo mais ou menos semelhante ao ocorrido com Garrincha nos anos 1990 e 2000. Não acredito que esse esquecimento vá durar muito, principalmente com o aumento da importância dos campeonatos continentais europeus e do ocaso cada vez mais próximo de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, objetos atuais das paixões da torcida e do marketing esportivo. É bem possível que na próxima década a imagem da ''Flecha Loira'' retorne com força ao seu devido lugar.

Di Stefano era muito jovem quando surgiu no River Plate, que possuía um dos melhores elencos já vistos. Sem lugar na panelinha d'A Máquina, partiu para a Colômbia, onde foi descoberto pelos espanhóis. Depois de uma briga entre Barcelona e Real Madri, em que a FIFA e o governo espanhol meteram a colher, foi parar no clube da capital, sendo o principal responsável por torná-lo sinônimo de grandeza e soberania no futebol. A Flecha levou o Real Madri a oito títulos na Liga Espanhola e a cinco títulos consecutivos na Liga dos Campeões, marcando golos em todas as finais. Fez do clube também o primeiro campeão mundial interclubes.

Sim, Di Stefano era líder de panela, um verdadeiro ditador no Madri, uma característica comum no mundo da bola e ainda mais entre desportistas argentinos. Quem quisesse jogar no time tinha de se enquadrar e aceitar o comando do camisa 9. Puskas se adequou às regras e ao papel de astro menor a gravitar ao redor do argentino; o nosso Didi, melhor da Copa de 1958, não aceitou, brigou, e voltou ao Brasil acusando Di Stefano de ter inveja de seu futebol. Além disso, o Real Madri acabou por se tornar também uma arma da propaganda franquista, o que muitos não perdoam.

Tudo isso é verdade, mas não toda verdade. Em campo, Di Stefano correspondia a todas as expectativas, com muitos tentos, vitórias, títulos e exibições épicas. Ele se tornou para todos o ''Pelé antes de Pelé'', símbolo de completude técnica e tática. Não possuía a habilidade e genialidade do Rei, ou de Maradona e Messi, mas foi o verdadeiro divisor de águas entre o futebol amador e a revolução tática que levaria à modernidade do esporte bretão. Ele foi o futebol total antes que a expressão fosse inventada. Era um centroavante que girava por todo o campo, caindo por ambos os lados, atuando em todas as posições do meio para a frente, e se destacando também como armador. Diziam que ''jogava de área a área''. Não era apenas goleador, mas grande passador e arquiteto de jogadas de ataque. Um jogador completo nos fundamentos, na movimentação, e pioneiro na capacidade física e atlética.


Infelizmente , nunca jogou um Mundial de seleções. E notem aqui a diferença entre ele e outros grandes ídolos que não se destacaram no maior dos eventos esportivos: A Flecha nunca teve a oportunidade. A Argentina decidiu não disputar as Copas de 1950 e 1954. Di Stefano se naturalizou espanhol em 1956, já com trinta anos de idade, mas a Espanha, que estava longe de ser uma potência no futebol, ficou de fora da Suécia por causa de apenas um ponto nas Eliminatórias. Em 1962, já com Puskas naturalizado, a Fúria foi ao Chile. Mas uma contratura muscular impediu que Di Stefano jogasse a fase de grupos. Os espanhóis não deram sorte, caíram junto com o Brasil e foram eliminados. E assim, Di Stefano não teve possibilidade de atuar em nenhuma partida de Copa do Mundo.

Se tivesse jogado, sua posição nessa lista poderia ser maior ou menor de acordo com o que fizesse. Sem poder atuar, no entanto, o que restam são especulações. Mas por sua completude, pelo testemunho dos que o viram, pelo impacto em seu tempo, pelos recordes, pela importância no desenvolvimento do esporte, e principalmente por ter triunfado sobre o tempo e o esquecimento, Di Stefano não pode ser retirado do topo da lista.