Postagem final da posição de Ponteiros/Atacantes: o atleta que simbolizou o "Outro Patamar", e jogadores que poderiam estar na prateleira principal. O próximo texto inaugura a lista de centroavantes na série sobre os maiores da história do Flamengo, apresentados em ordem cronológica.
10) BRUNO “OUTRO PATAMAR” HENRIQUE, O “REI DOS CLÁSSICOS”, O “REI DA AMÉRICA” [2019/ATÉ O PRESENTE]
Não há discussão possível: na temporada dourada de 2019, em que O Mais Querido alcançou um domínio assustador sobre seus rivais e teve quase todos os titulares escolhidos para a seleção do campeonato brasileiro, o melhor jogador da equipe não foi nem Arrascaeta nem Gabigol, nem Éverton Ribeiro, nem Filipe Luís, nem Gérson, nem Rodrigo Caio. No time que estava em outro patamar, Bruno Henrique ERA o outro patamar.
Artilheiro do Carioca, eleito melhor jogador do Brasileiro e da Libertadores da América, Bruno terminou 2019 eleito também oelhor jogador brasileiro do ano, desbancando Neymar. E não há qualquer exagero. O homem começava as partidas em altíssimo nível, ia melhorando aos poucos, até que decolava como um avião supersônico, imarcável, imparável, absolutamente decisivo.
Em 2019, o maior rival para a avalanche de gols de Gabriel Barbosa n’O Mais Querido era justamente a Tsunami invocada por seu companheiro de ataque.
Mineiro de Belo Horizonte, começou como “atacante do lado”, na verdade um ponta esquerda, no Inconfidência. Pulou de clube em clube, não alcançou sucesso na Europa, e brilhou muito, mas por pouco tempo, no Santos, sofrendo lesões que colocaram em dúvida seu futuro no futebol de alto nível.
Mas o ceticismo foi exorcizado sem dó nem piedade logo no primeiro jogo com o Manto Sagrado, contra o Botafogo. Em atuação de gala, Bruno construiu a vitória e conquistou o epíteto de “rei dos clássicos”. Quando questionado sobre o que esperava no Flamengo, foi curto e grosso, mas também profético: “Títulos”.
E títulos não tem faltado. Mesmo depois de sair do estado de graça de 2019, continuou enfileirando grandes atuações, gols e troféus, ainda que atrapalhado um pouco por contusões e buscando em espaço em sistemas táticos menos adequados ao seu futebol. Bruno lutou contra uma contusão recorrente no joelho durante 2021. Quando ela estourou de vez, na temporada seguinte, o deixou um ano fora do futebol. Seu retorno aos gramados, cercado de expectativa pela torcida, despertou tantos sentimentos positivos que o levou a renovar com o Flamengo por mais três anos.
Seu jogo se destaca pela imensa velocidade mas tem também excelente finalização, inclusive de fora da área, e bom passe e impulsão invejável, que o torna mortal no jogo aéreo. Com tantas qualidades, é um dos maiores exemplos contemporâneos de Atacante no sentido em que tenho dado ao termo nessa seção: um ponta-de-lança moderno, que joga à frente da linha de quatro no meio campo, rodando a área e se infiltrando como um centroavante.
Talvez Bruno merecesse mais chances na seleção. Não importa. No Flamengo, é um atleta que continuará fazendo História. Seus principais títulos com o Manto Sagrado são, por enquanto, os Cariocas de 2019/20/21 e 24; a Supercopa do Brasil de 2020/21; a Copa do Brasil de 2022; os Brasileiros de 2019/20; as Libertadores de 2019 e 2022; a Recopa Sul-Americana de 2020. Bruno Henrique tem 91 gols pelo rubro negro até a presente data. Será que comemoramos o centésimo ainda nesta temporada?
OUTROS
Pra terminar a lista e começar a falar da posição derradeira da série, a de centroavantes, vamos àqueles nomes que poderiam estar na prateleira principal mas acabaram ficando pra trás por critérios meus.
I) VEVÉ [1941/48]
Dói o coração tirar Everaldo, o Vevé, da prateleira principal de Ponteiros/Atacantes. Foi um dos grandes ídolos d’O Mais Querido nos anos 1940. Direto de Belém do Pará para o Galícia, de Salvador, e de lá para a Gávea, onde sucedeu Jarbas “Flecha Negra”, o baixinho e veloz ponta esquerda tinha drible rápido, fácil, aliado a chute forte e acrobacias aéreas [seu famoso ‘sem pulo’]. Tricampeão carioca 1942/43/44, está entre os 25 maiores artilheiros do clube, com 92 gols em pouco mais de 200 partidas. Teve a carreira abreviada por seus problemas com álcool [era parte da “turma do bagaço” do Flamengo, que perdia noites em desvarios na Lapa] e operação nos meniscos.
II) ESQUERDINHA [1948; 1949; 1950; 1951/55]
Mais um paraense que brilhou na ponta esquerda do Mengão. Bem sucedido no Madureira e no Olaria, em idas e vindas na Gávea, até assumir de vez a posição no ataque do famoso Rolo Compressor da primeira metade dos anos 1950. Tricampeão carioca 1953/54/55, marcou 117 gols em 280 partidas com o Manto Sagrado. É o 17º maior artilheiro da Gávea.
III) JOSÉ UFARTE, O “ESPANHOL” [1958/61; 1962/64]
Um traço de união entre o Flamengo e a Espanha. Nascido na Galiza, mas criado no Rio, foi profissionalizado pelo Flamengo em 1958, ainda aos 17 anos de idade. Passou uma temporada de sucesso no Corinthians antes de retornar para O Mais Querido. Campeão do Torneio Rio São Paulo de 1961 e do Carioca de 1963. Foi vendido em 1964 para o Atlético de Madri, tornando-se ídolo do clube, vencendo três campeonatos espanhóis e chegando à Fúria, seleção que defendeu na Copa do Mundo de 1966.
IV) PAULO CÉZAR “CAJU” [1972/74]
Carioca profissionalizado no Botafogo e considerado um gênio desde adolescente, “Caju” foi uma das sensações da Copa de 1970, em que substituiu Gérson em três partidas. Atuava na ponta esquerda, mas também como meia e ponta-de-lança. Chegou ao Flamengo depois de responsabilizado no Botafogo pela perda do estadual de 1971. Tinha então 23 anos de idade e estava no auge da forma. Ganhou o Torneio do Povo, o bicampeonato da Taça Guanabara em 1972/73, e os Cariocas de 1972 e 1974. Disputou também a Copa de 1974, ainda pelo Flamengo. Depois saiu do clube para fazer parte da “Máquina Tricolor”, de Francisco Horta.
V) JÚLIO CÉSAR “URI GELLER” [1975; 1976/77; 1978/81]
Uma lenda da era de ouro do Flamengo, nasceu na Argentina, mas foi criado desde a infância na famosa favela da Praia do Pinto, que ficava do lado da sede d’O Mais Querido, na Gávea. Era amigo de infância de Adílio, com quem entrou no futebol de salão do Flamengo. Profissionalizado no clube em 1975 com apenas 20 anos de idade, se destacava pela magia dos dribles na ponta esquerda. O apelido de “Uri Geller” pegou: ele entortava os zagueiros adversários da mesma maneira com que a subcelebridade internacional, o paranormal Uri Geller, entortava colheres. Naturalizado brasileiro, jogou as Olimpíadas de Montreal pela seleção, em 1976.
VI) EDÍLSON “CAPETINHA” [2000/01; 2003/04]
O multicampeão e polêmico baiano chegou ao clube no pacotão de contratações da ISL. Seu ambiente no Corinthians tinha se tornado insuportável, e logo arrumaria as maiores confusões também na Gávea. Mas não faltaram grandes atuações e troféus importantes. Foi o artilheiro e eleito o melhor jogador do Carioca de 2001, que garantiu o tricampeonato para O Mais Querido em cima do Vasco da Gama. E também protagonista na conquista da Copa dos Campeões no mesmo ano, passando por cima de Bahia, Cruzeiro e São Paulo. Edílson é campeão do mundo pela seleção, estava no elenco da Copa de 2002.
Ponteiros/Atacantes:
Meia-Atacantes:
Meia-Armadores:
Volantes:
Laterais:
Zagueiros:
Goleiros:
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