REI DOS RECORDES
Roger Federer dispensa apresentações. Dono da maior parte dos grandes recordes do tennis da Era Aberta, o suíço é um daqueles atletas que superam de tal modo seu terreno de atuação que se tornam conhecidos até por quem não acompanha o esporte.
Seria cansativo dissecar seus tantos e espantosos números, alguns dos quais se tornaram tão familiares que chegam a perder o impacto que merecem. Cito apenas um: Entre 2003 e 2009, Federer terminou todas as temporadas de grama invicto a não ser por um jogo, a final de Wimbledon em 2008. Até a semifinal de Halle, em 2010, foram 76 jogos na relva com apenas um derrota, um aproveitamento de vitórias que chega a 98,6%, talvez o maior período de hegemonia de um tenista sobre uma mesma superfície. Não bastasse isso, em 2005 e 2006, o suíço realizou 110 partidas em quadra dura, saindo derrotado apenas 3 vezes de quadra, com um aproveitamento absurdo de 97,2%.
Eis aí algumas marcas que levam a crer que nunca houve hegemonia maior já ocorrida sobre o circuito.
PERFEITO
Na temporada de 2005, o tenista suíço já havia deixado a todos de queixo caído quando quase repetiu o aproveitamento majestoso que McEnroe havia alcançado em 1984. Faltou um set, já que ele tomou a virada na decisão da Master Cup, perdendo a final para um David Nalbandian 'on fire' [1].
Em 2006, ainda que com
aproveitamento inferior [mas ainda incríveis 94,8%, o quarto melhor da Era
Aberta], Federer se superou em quase todos os quesitos [2].
O suíço conquistou 12 títulos e chegou a 16 finais em 17 torneios disputados! E se tornou o primeiro tenista depois de Rod Laver a chegar a todas as finais de majors em um mesmo ano, feito que só foi repetido depois por Novak Djokovic.
As quatro decisões
nessa temporada foram o núcleo duro de um recorde aparentemente
imbatível de dez finais consecutivas de GS entre Wimbledon 2005 e US Open 2007 [3],
e do praticamente inatingível número de 237 semanas consecutivas na liderança
do ranking -- batendo uma marca de Connors que durou cerca de trinta anos.
Roger foi número um da ATP
de ponta a ponta [feito até então realizado apenas por Jimbo, Lendl, Sampras e
Hewitt], e suas principais conquistas foram as taças do Aussie Open, Wimbledon
e US Open, além da Master Cup [atual Finals].
Naquela temporada, se consolidou a história de que o suíço era o tenista perfeito, imbatível a não ser por Rafael Nadal no saibro. O mais impressionante é que, em 2006, a afirmação não parecia nada exagerada, tamanha a comunhão de técnica perfeita, beleza de golpes, criatividade e resultados que os apreciadores do esporte dos Reis puderam acompanhar.
A montanha de glórias de
Roger foi escalada em partidas contra Rafael Nadal, Novak Djokovic, Andy
Roddick, Stanilas Wawrinka, Tim Henman, Nikolai Davydenko, David Nalbandian,
Tommy Haas, Ivan Ljiubicic, Fernando Gonzalez, Robin Soderling, James Blake,
David Ferrer, dentre outros.
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[1] Nenhuma justificativa é necessária em uma derrota para David Nalbandian; mas há de se observar que Federer disputou o torneio com uma contusão nos quadris, e que a final era ainda em cinco sets.
[2] As melhores temporadas por índice de aproveitamento são: I) McEnroe, em 1984 [96,5%]; II) Jimmy Connors, em 1974 [95,8%]; III) Roger Federer, em 2005 [95,3%]; IV) Roger Federer, em 2006 [94,8%]; V) Bjorn Borg, 1979 [93,3%].
[3] A sequência foi interrompida pela derrota frente a Novak Djokovic, nas semifinais do Aussie Open 2008. Logo depois, Federer emendou nova série de oito finais consecutivas de Grand Slam, a segunda maior da história, só atrás da sua própria marca de 10 finais consecutivas.
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