domingo, 25 de agosto de 2019

As estripulias do Reino parte I -- Introdução: atravessaram a música


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Boa parte dos cada vez mais escassos defensores do atual governo ainda não perceberam que Bozó não é um porta-voz das hostes neoliberais. Não em sentido estrito. Ele é no máximo um escudo ou instrumento usado, com muita má vontade, pelo ''mercado'' financeiro e pelos poderes apátridas que resolveram nos agrilhoar à geopolítica ianque.


Antes, o neoliberalismo usava Fernando Henrique Cardoso e Lulla-lá como instrumentos para governar o Brasil. Eles não conseguem fazer um presidente próprio, e tem de lidar com aquilo que sai das urnas, da melhor forma possível. 


Assim como o PSDB e o PT, Jair Bozó trouxe seus próprios problemas para os neoliberais. Mas são problemas de uma ordem diferente e em um diferente período histórico da política nacional.


A Nova República era o cenário bastante propício pra agência entreguista dos rentistas e parasitas. Mas ela se tornou insuficiente diante do agravamento das disputas geopolíticas, do fim do unilateralismo dos EUA, da ascensão chinesa e russa.


A função da Operação Lava Jato era proporcionar o contexto e o instrumento para a derrocada das elites políticas e de suas instituições, para o fim da Nova República, e para um realinhamento total do nosso país à guerra de hegemonia travada pelos Estados Unidos. Para isso, deveria contribuir para a formação de um novo consenso social, um novo imaginário liberal, e a emergência de uma ''nova geração'' político-partidária -- que tal como os audios trocados por Sarney, Sergio Machado, Romero Jucá e Renan Calheiros apontavam, teria a figura pública de uma ''casta pura'' --, graduada em universidades estadunidenses, com perfil de subcelebridades, de juventude esclarecida e ocidentalizada etc.


Toda essa transformação se apoiaria em tendências e projetos já enraizados e consolidados na mentalidade de certos grupos e classes brasileiros: o lacerdismo moralista anti-corrupção, a ideologia patrimonialista, a teoria da dependência, o cosmopolitismo identitário pós-moderno.


 Mas foi aí que deu ruim.


Em vez de dar lugar a uma nova geração de políticos com perfil do Luciano Huck, da Tabata Amaral, João Amoedo e do Kim Kataguiri -- sonhos mirabolantes dos entreguistas da Pátria para reduzir de vez o Brasil a uma colônia atlantista --, o que acabou surgindo foi o Reino dos Bozós.


Antes que os MBL e os NOVO da vida conseguissem angariar capital político, eis que surge como um raio o Bozó e sua trupe de lunáticos. Eles atravessaram a música que estava sendo tocada, para desagrado dos poderes que estavam com a batuta na mão. O processo social é indomável, não se controla ânimos populares e agentes políticos em um país complexo como o Brasil, pelo menos não tão facilmente.


E eis que em vez de um governo de Marina Silva ou Geraldo Alckmin, o plano de derrocada da Nova República teve de lidar com Jair e seus pimpolhos: Carluxo, Dudu e Flávio.


Ainda assim, alguns dos principais poderes que uniram pela derrocada da Nova República resolveram embarcar na aventura. ''Só tem tu, vai tu mesmo''. Pra falar a verdade, esses poderes nunca fazem uma aposta única, e podemos estar certos que Bozó era uma alternativa contemplada desde o início. Mas era a última das possibilidades, como se fosse aquela carta na manga se tudo o mais falhasse. E só pôde se apresentar assim pelo aval dado por Paulo Guedes, e depois por Serginho do Mal.



Daí que o Reino se tornou veículo das agências de inteligência estadunidenses, submetido à influência do agente de informação ianque-sionista Olavo de Carvalho. Serginho do Mal, maior representante do lacerdismo tenentista jurídico alimentado pela NSA também se juntou ao Brancaleone do Rio de Janeiro em sua cruzada anti-comunista.



Só que os neoliberais do ''mercado financeiro'' não conseguiram um acordo de fato com a trupe de lunáticos. Não foi por falta de tentativa, claro, mas lá pra meios de abril já tinham visto que não ia funcionar.


Eles tiveram de escanteá-lo e trocar figurinhas com o eixo construído em torno de Paulo Guedes e Rodrigo Maia. De modo que continuaram governando, assim como governam em toda a Nova República. 


O governo é tocado no dia a dia por uma versão mais radical dos partidários da mesma ideologia que nos destrói desde Fernando Collor de Mello. Todo o fracasso da Nova República tem de ser colocado na conta desse verdadeiro núcleo de poder neoliberal. Mas a verdade é que esse centro econômico-financeiro-entreguista teve de se articular com outros representantes, e não com o ocupante do trono.


Porque Bozó está, na verdade, vinculado ao pior lixo da sociedade brasileira. Ele é a cara das milícias, das igrejolas envolvidas com fisiologismo politiqueiro e lavagem de dinheiro, dos grileiros, dos madeireiros e garimpos ilegais, dos médios empresários que burlam as leis trabalhistas e sonegam impostos, contrabandistas, fraudadores de toda espécie, e de corporações de policiais que formam esquadrões da morte.

Eis aí a base e alma política real de Jair Bozó.


As forças apátridas estão com um gosto de cabo de guarda chuva na boca. Elas não esperavam que, ao tentarem destruir os alicerces da Nova República, teriam que se ver com o esgoto da Pátria. Coisas da nossa terra, que não é para amadores e que faz do próprio excremento arma contra aqueles que a invadem.











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