Temos muito o que aprender com um país
que está se esvaindo, os EUA “profundo”, das pequena e médias cidades, do
comunitarismo e perspectiva cristã entranhada, dos pequenos negócios de
família, pequenos proprietários rurais. Não significa adesão ideológica, nem
muito menos geopolítica, mas valorização de um certo tradicionalismo orgânico,
popular e legitimamente americano.
O ‘Faroeste’, por exemplo, é um dos
marcos da narrativa mitológica do mundo contemporâneo, com seus heróis e
monstros, abismos e transcendências. Por entretenimento, vou citar nos próximos
posts alguns dos filmes indispensáveis do gênero.
FAROESTES
INDISPENSÁVEIS [ordem cronológica]:
NÚMERO 1: Stagecoach [''No Tempo das Diligências], de 1939 --> O fim dos anos 1930 ressuscitou de vez o 'western', que havia perdido espaço com a chegada do cinema falado. 1939 foi o ano da virada, com o lançamento de alguns sucessos e clássicos inesquecíveis. A partir de então, o gênero dominou a indústria cinematográfica estadunidense por três décadas.
Stagecoach, que uniu o diretor John Ford e seu amigo John Wayne, não foi o 'western' de
maior sucesso do ano, mas estabeleceu todos os parâmetros que marcariam
definitivamente a fase clássica do gênero, desde as tomadas, o roteiro e os
tipos que se tornaram presentes em boa parte dos ''bangue-bangue''.
Uma
diligência parte do Arizona rumo ao Novo México levando Dallas, uma prostituta
expulsa da cidade por uma liga de mulheres moralistas; um oficial de Justiça
que exerce custódia sobre Ringo Kid, um jovem caubói que busca vingança contra
os assassinos de seu pai e irmão; um médico bebum; um vendedor de uísque; um
banqueiro; uma mulher grávida que pretende se encontrar com o marido, oficial da cavalaria; um jogador e apostador de má fama. A diligência enfrenta
o perigo de passar por território saqueado pelos Apaches de Gerônimo.
Tom
militar no primeiro ato e psicológico no restante, perseguições, humor, a
paixão entre o heroi e a prostituta de bom coração, o papel do assalto indígena
e da cavalaria, filme que modelou a história do cinema.
NÚMERO 2: The Ox-Bow Incident [''Consciências Mortas''], de 1943 --> Um tanto à frente do seu tempo, já prenunciando o ''faoreste psicológico'' e mais reflexivo em uma época em que vigorava o modelo clássico. Dirigido por William Wellman.
Dois
caubóis visitam uma cidade que era vítima constante de roubo de
gado. Enquanto bebem na taberna local, chega a notícia de que um cidadão foi assassinado em assalto. Logo se monta uma turba que, aproveitando da ausência
do xerife, monta expedição para perseguir e linchar os culpados.
Vozes
contrárias se fazem ouvir e pedem discernimento e paciência e advogam que tudo
deve ser feito com legalidade a fim de que novos abusos sejam evitados. O clamor por sensatez, justiça e legalidade é sempre calado pela
maioria, que deseja a ''justiça da fronteira'', feita pelas próprias mãos.
A
turba, liderada por ex-oficial do Exército Confederado que pretende dar uma
lição no filho cobardola levando-o a participar de um linchamento, promove caçada e prende três transeuntes que acampavam ali perto. Se inicia um arremedo de
julgamento, com os prisioneiros sustentando a própria inocência e um conflito
de consciência sobre a legitimidade do que acontecia. Os cidadãos
decidem se podem ou não enforcar os sujeitos sem a presença de autoridade
constituída ou de um julgamento formal, numa disputa de visões de sociedade.
O
filme tem interpretações brilhantes de Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony
Quinn e se tornou um clássico cujo argumento foi repetido exaustivamente a
partir de então, em filmes dos mais variados gêneros e também em séries e shows
de TV.
CONTINUA
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