Marie Declercq e Letícia Oliveira publicaram neste domingo, dia 18, uma matéria no Portal UOL sobre a "infiltração" da Nova Resistência no PDT. Mas cometem erros crassos, comuns em certo tipo "jornalismo antifa".
1. Levam a sério declaração de Raphael Machado de que há mais de "vinte membros filiados ao PDT". Mas isto não passa de propaganda da própria NR. Um "bait" em que caem antifas. Nem meia dúzia de militantes da NR tem vida ativa em qualquer partido político, seja PDT ou outro. A atuação do grupo se dá principalmente por redes sociais.
2. A eleição do vereador Ivanzinho de Joventino em Cuieté se deu pelo Cidadania, não pelo PDT. Sua campanha independeu da NR, que tinha uma célula minúscula na Paraíba, formada por três ou quatro pessoas, sem capacidade de atuar no interior . Na verdade, essa é a situação da maioria das células dessa organização, que no Brasil todo não conta com mais de uma centena de membros com diversos graus de mobilização. Como eu disse, a atuação se dá principalmente pelas redes sociais. Depois que ganhou a eleição, a proximidade de Ivanzinho com a NR aumentou, já que ele foi intensamente usado como objeto de propaganda, como "o primeiro vereador quarto-teórico do país". Mas a verdade é que Ivanzinho mal conhece a QTP. Ele sempre foi lulista. Sempre fez, e continua fazendo, propaganda explícita para Lula. Mais uma vez, nada a ver com o PDT.
3. Capitão Leo, que foi candidato a vereador do Rio de Janeiro pelo PROS se aproximou da NR depois de ter sua candidatura lançada. Queria gente pra fazer propaganda de rua e nas redes, se identificou com algumas pautas nacionalistas, e passou a se dizer membro da organização. Ele tampouco era um "membro da NR que se infiltrou no PDT". Além disso, o capital político do Capitão Leo é pequeno. A militância antifa esquece de dizer que seu desempenho nas urnas foi pífio.
4. Diferente do que dito na matéria, a NR não apoia Cabo Daciolo no Rio, e sim Clarissa Garotinho, do União Brasil. Isto pode ser confirmado visitando as redes sociais das lideranças do Rio de Janeiro. Aliás, as principais lideranças da NR no Rio de Janeiro [cidade em que a organização foi fundada] se aproximaram bastante do bolsonarismo este ano. A pequena articulação eleitoral que fizeram no estado passou longe do PDT.
A militância antifa exige que membros da NR sejam "expulsos" do PDT. Mas qual exatamente? Digam um nome que tenha vida ativa no PDT. Como se expulsa um fantasma? Exorcismo? Os jornalistas que assinam a matéria poderiam fazer este favor a Carlos Lupi, e dizer afinal quais são os membros da organização que estão dentro do partido. Não o fazem porque não conhecem de fato nenhum.
Parte da militância antifa quer vender a ideia de que Dugin, o intelectual que é o guru da liderança da NR, tem algum vínculo com o PDT e com Ciro Gomes. Mas isto é falso. O Centro de Estudos Multipolares [CEM], um think tank duginista coordenado por Flávia Virgínia, e que foi citado na matéria do UOL, aderiu a Haddad em 2018.
Aliás, se querem uma fonte direta, aqui vai: tenho conhecido que se reuniu em 2019 com Dugin na sala do movimento neoeurasiano, na Rússia, e ouviu do próprio que os setores mais influentes do governo Putin tinham preferência por Lula e pelo PT, e má vontade com qualquer outro campo político brasileiro. Seria absurdo, no entanto, exigir que o PT expulsasse membros da NR do partido por causa desta informação. Repetindo pela terceira vez, a atuação desse grupo se dá principalmente por redes sociais, em que tentam parecer muito maiores do que realmente são.
Eis a verdade por trás de tanta paranoia.
Muito interessante André, agradeço pelo conteúdo e aguardo continuação da série "história da dissidência".
ResponderExcluirMas vamos combinar que citar um relato de um conhecido anônimo como "fonte direta" é um pouco forçado
Pode ser fonte direta pra ti, pro leitor saber que "um conhecido te disse" conta pouco