"Os "tradicionalistas" brasileiros precisam parar de ficar lendo só cousas sobre o Graal e mitologia escandinava, celta, suméria e sei lá mais o quê, e mergulhar de cabeça da obra de Suassuna, Guimarães Rosa, Jorge Amado. Precisam estudar a literatura oral, a literatura de cordel, Antônio Conselheiro, Gustavo Barroso, Glauber Rocha, Câmara Cascudo, Suassuna, Suassuna, Suassuna. Sebastianismo. Entrudo. [...] Mas não. Eles tem frescura. Eles acham brega. Eles são alienados, des-enraizados. Preferem ficar estudando só russo, alemão e árabe, e virando as costas para a América Latina, uma sociedade "pré-moderna" e, assim como a russa, mais próxima de ser uma sociedade "evoliana" do que qualquer outra. Se eu estivesse lá no Encontro falaria isso e sobre isso ("Brasil evoliano") e puxaria a orelha desses filhos da puta."
Uriel Araujo na Olavo de Carvalho do B, em 17 de dezembro de 2010
Antes
de continuar, vou corrigir dois erros [as erratas já foram feitas nos
respectivos posts, mas prefiro repetir a retificação]. Diferente do que foi dito na
Parte III, a ideia para o debate entre
Olavo e Dugin não partiu da Olavo de
Carvalho do B, mas de uma conversa dos dois organizadores, amigos de longa
data, no MSN. Tanto Ricardo Almeida
quanto Giuliano Morais eram membros ativos do fórum, mas o debate não teve
conexão direta com ele. Além disso, Ricardo praticava o budismo à essa época, e
não o hinduísmo, como informado na Parte
IV.
Isto
posto, prossigo com a nossa saga, que vai focar agora em uma segunda fase da Dubê e depois mencionar círculos que
existiam em paralelo e que são importantes para que apreciemos a criação do
primeiro Encontro Evoliano, evento que inaugurou
uma nova Era na Dissidência Tradicionalista.
Eu divulgava, com o avatar Constantor, ideias de do padre Dag Tessore, que traduzia aspectos de uma ''metafísica da guerra'' para linguagem cristã ortodoxa |
5.1 A segunda fase da Olavo de
Carvalho do B [2008/2010]
O posicionamento ideológico predominante se tornou explicitamente anti-liberal e anti-americano. Não quero dizer com isso que os seguidores de Olavo, e até mesmo as caricatas “olavetes”, tivessem desaparecido. Não só permaneceram, como novos nomes chegavam à comunidade de vez em quando. Por outro lado, o grupo nem de longe se tornou completamente evoliano ou seguidor de Dugin – que na época, bom recordar, era um nacional-bolchevique, e defensor da Third Position [Terceira Posição]. [1] Não havia consenso sequer entre os anti-liberais e anti-americanos, como o exemplo do trostskysta Gilberto Múcio evidencia.
Mas a Dubê tinha agora uma ala que publicava entrevistas, textos [com tradução amadora] e análises marcadamente third positioners e evolianas. Também eram postados links para os Boletins Evolianos e outras publicações da Legião Vertical [LV], grupo principalmente português que criou um blog em 2006 [2].
Dentre os partícipes mais ativos nesta fase estavam não só o já citado Rodolfo S. Souza, estudante de Filosofia na UERJ, mas o também carioca Nikolai Dandi [apesar do pseudônimo, ele existe de fato e está em contato virtual com membros da Dubê desde aqueles tempos]. Outro nome conhecido era Victor Emmanuel Barbuy, que lideraria a Frente Integralista Brasileira. Menção especial tem de ser feita ao sacerdote budista e maçom André O. A. Muniz, o Arya Satvva, que atualmente é dono de pelo menos dois canais no Youtube [3], e que tinha fortes simpatias evolianas e postura crítica em relação a Guénon. Arya se envolveu em pendengas que se tornaram famosas e até concorridas, recebendo em uma delas resposta magistral de Giuliano Morais.
Rodolfo postando sobre os aghoris, via tântrica shaiva de mão esquerda. O ''Armênio'' citado era avatar de Daher. Eis o cotidiano da Dubê |
A OdeCdoB continuou marcada por discussões gnósticas, Tradicionalistas, geopolíticas; além do desafio ao
“politicamente correto”, e o tratamento sem tabus de assuntos de caráter
filosófico e científico. O hábito das brigas teológicas permaneceu, bem como da análise e comparação das tradições espirituais, e longos comentários
sobre as atividades de Olavo de Carvalho.
Neste período surgiu a ideia de “abrasileirar” a abordagem da Dissidência, projeto que ficou incipiente durante muito tempo, e cujo desenvolvimento se constituiu em verdadeira epopéia, como veremos ao longo dessa História. Como não poderia deixar de ser, a visão partiu de Uriel Araujo ainda em 2010.
"Suassuna, Suassuna, Suassuna", dizia Uri Valadares, pseudônimo de Uriel Araujo. |
Foi desse terreno fértil de ideias e troca incessante de informações que Dídimo
Matos, o Cristão Gibelino, tirou a inspiração para criar o Encontro Nacional Evoliano, conforme
ele me contou no mês passado:
“A história dos Encontros Evolianos é o resultado de um conjunto de debates,
discussões, que começaram no Orkut. Estes debates e discussões levaram as pessoas
que estudavam o Tradicionalismo no Brasil – autores como Guénon, Schuon, Evola,
posteriormente o Aleksander Dugin – a se reunir em grupos. Alguns desses grupos
em torno daqueles que gostavam e dos que desgostavam do Olavo de Carvalho, e
dos próprios estudos de cada uma das pessoas, né? A gente acabou...Eu,
particularmente, era denominado naquela época “Cristão Gibelino”, evoliano,
estudava bastante coisas do Evola e toda tradução que eu pude obter desse
autor. [...] A gente acabou elaborando um evento, um Encontro Evoliano aqui no
Brasil, resultado tanto de um trabalho acadêmico que eu fazia em filosofia na
Universidade Federal da Paraíba, quanto dos próprios estudos informais em torno
do Dugin.”
O alvorecer da Era dos
Evolianos é melhor compreendido a partir do vislumbre de alguns outros círculos que se desenvolviam em
paralelo com a segunda fase da Dubê.
De certa maneira, o próprio núcleo formativo da Dissidência Tradicionalista
“transbordou” para fora do Orkut, entrando em contato com outras rodas intelectuais.
Com o epíteto Constantor, eu divulgava entrevista de Dugin com Christian Bouchet na OdeCdoB, em novembro de 2010 |
5.2 Alex Sugamosto e o Grupo de UR
Esoterista,
Poeta, Músico, adepto do Xamanismo e do Taoísmo, Maçom, Filósofo, Cientista da
Religião, e conhecido em algumas redes como Otsomagus,
Alexandre Sugamosto se tornou uma das grandes referências intelectuais na
Dissidência Tradicionalista. Assim como Uriel, Alex cresceu em lar já vinculado
a assuntos iniciáticos, à Gnose, Magia e Alquimia. Não teve participação
ativa na Dubê, mas conhecia alguns membros
de outros grupos de estudos Tradicionalistas, conforme me contou em maio:
“Eu tinha conhecido Guénon
um pouco antes, em 2003, acho que tinha uns 18 anos. Recebi uns PDFs de Guénon
e li um texto dele quando entrei no Círculo
Hermético. Meu pai já conhecia também a obra de Guénon...ele era
esoterista, não conhecia o Evola, mas o Guénon já. Então, em 2004, acho, já
existia no Orkut aquela comunidade, a René
guénon e Tradição. Acho que você participou, o Caio, Giuliano, Malê, o
Daher, e outros. E ali discutia-se a obra de Guenon em alto nível já.”
Alex Sugamosto fazia parte de lista de e-mails de Dugin em 2012. O nome de Dídimo Matos articulava diferentes pessoas em diversos círculos. |
O fórum citado por Alex era comandado pelo falecido Luiz Pontual, do IRGET, com quem ele trocou e-mails no período. Em 2009, Otsomagus participou do blog “Grupo de UR”, nome que faz referência ao círculo de estudos de Magia, Tantra e Hermetismo formado por Julius Evola, Arturo Reghini e outros ocultistas e esoteristas em fins da década de 1920. Rafael Daher e Alfredo R.R. Sousa também publicavam no blog usando pseudônimos. Continua Alex: “Fiquei uns anos lendo. E em 2009 fiz parte do Grupo de Ur, né? Um blog que já naquela época falava do Dugin, de Grande Síntese, falava de autores perenialistas, Burckhardt...Esse blog tá ativo ainda.” [4]
Dentre
muitas análises, os textos exploravam a Grande
Síntese em um sentido Tradicionalista, de contracultura e de Esquerda
Revolucionária, com teor evoliano e ksatryia.
Encontramos trechos de Julius Evola, Ananda K. Coomaraswamy, Chogyam Trungpa,
Nagarjuna, Sri Nisargadatta Maharaj, Miralepa e do Bardo Thodol. Alfredo apresentava o marxismo como teologia
revolucionária e defendia a natureza Ksatryia
de Che Guevara. À época, já tinha lido o suficiente de Dugin para perceber o
projeto geopolítico do russo nos termos de uma Geografia Sagrada. Daher, por
sua vez, enfatizava o casamento entre o Tradicionalismo e a contracultura, com
análise de obras da cultura popular, como os filmes Easy Rider e El Topo, além The Wall, do Pink Floyd:
“A contracultura, movimento que muitos
consideram surgido nos anos 60, é na verdade um fenômeno presente em todas as
eras de decadência dos verdadeiros valores tradicionais. Quando os valores e a
Tradição perdem o significado espiritual, tornando-se então apenas uma
"moral" para conservar a vida em sociedade, transformando
aristocratas, aqueles com impulso à transcendência, em simples membros da
sociedade, temos então uma consequência natural, que se desdobrará em apenas
dois caminhos: ou este aristocrata mantém sua posição, em pé entre as
ruínas, ou então passa à marginalidade. [...] Acho que [The Wall] é a única "obra prima" dessa lista. Loucura,
alucinação, críticas à educação e criação moderna, o principal personagem é o
símbolo do aristocrata do espírito enlouquecido pelo mundo moderno. É quase um
Carlo Michelstaedter superstar.” [5]
Alex Sugamosto manteve correspondência com alguns dos organizadores dos Evolianos e da primeira vinda de Dugin ao Brasil [ocorrida em 2012], como Dídimo Matos e Rodolfo Souza. Estava em listas de e-mails do próprio Dugin, e soube então que algumas das obras do geopolítico estavam sendo traduzidas para português. Também enviou proposta de palestra para o Evoliano de Curitiba, em 2011.
Mas
estou me adiantando à conversa. Falemos de outro círculo que era montado
naquela ocasião, o Grupo Austral.
5.3 As origens do Grupo Austral
O
Austral foi formado por jovens de
diferentes regiões do país que interagiam também pelas redes sociais. Maurício
Oltramari, que integrou o “círculo interno” do grupo, sintetiza assim suas
origens:
“Meu primeiro contato com a dissidência
foi em 2008, 2009, ali com comunidades do Orkut. Foi ali o meu primeiro contato
com temas dissidentes e com pessoas que depois iriam se tornar militantes da
dissidência. As comunidades eram de política, esoterismo, religião...Depois,
em...2010...eu me juntei a um grupo que era do Wagner, do Valdemar, do Sérgio e do Machado.
Criamos um círculo e começamos a estudar Evola, Dugin, entre outros autores.
Isso em 2009, 2010.”
Em agosto de 2010, Raphael Machado, mais tarde um dos quatro fundadores da Nova Resistência-Brasil, e que fez parte do Austral até ser expulso em 2012 [tema que trataremos noutra ocasião], passa a conduzir o blog LV – neste caso Legio Victrix –, criado em conjunto pelo Grupo Austral, e que teve repercussão importante em um campo que Dugin classificaria mais tarde como “Terceira Teoria Política”, ou seja, em um espectro nacionalista/fascista. Mas estou me adiantando mais uma vez, já que a Quarta Teoria Política sequer “existia”. O livro foi publicado na Rússia em 2009, e sua primeira edição em inglês data de 2012. O Dugin que circulava nestes grupos ainda era o Tradicionalista, que alegava que a “Lei do Amor” do esoterismo cristão podia ser representada na liberdade do ato homicida, e que se apresentava politicamente associado à Third Position e ao Nacional-Bolchevismo.
O pequeno círculo de estudos da Austral ainda estava fora do radar nos grupos de Dissidência
Tradicionalista que mencionei até aqui [6], embora sua importância tenha crescido
sobremaneira com o tempo. Sua intersecção com os demais círculos se realizou
principalmente por causa dos Encontros
Evolianos e do contato inicial de Valdemar A. [7] com Dídimo Matos. Por
isso precisamos retornar ao papel crucial desempenhado pelo Cristão Gibelino.
5.4 Acrópolis
Antes
da explosão do Facebook no início da
década passada, os grupos de e-mails do Yahoo
eram um dos principais meios de interação dos brasileiros na Internet. O Acrópolis era o maior e mais
movimentado fórum de Filosofia do Yahoo
Grupos entre 2006 e 2010, e chegava a receber centenas de e-mails por dia.
O fluxo era tão intenso que o grupo chegou ao limite estabelecido pelo site, e
teve de se mudar para o Acrópolis_
em 2010. Nem todos os partícipes do primeiro fórum passaram ao segundo, cujas
trocas diminuíam para algumas dezenas de e-mails por dia, definhando gradualmente
já sob impacto da ascensão de outras
redes.
Alexandre Rezende, liberal e progressista que usava o pseudônimo de John Constantine, dono e moderador da Acrópolis, aproveitou o ocaso do fórum para criar o grupo DO MAU GOSTO DA MATÉRIA no Facebook, ainda em fevereiro de 2012. Em seus primeiros anos, o novo fórum contou com alguns participantes da anterior Acrópolis, e também da Olavo de Carvalho do B, e pouco tempo depois com o próprio Dugin. Mas não foi esta a principal consequência do Yahoo Grupos para a história da Dissidência.
Eu
fazia parte da Acrópolis desde pelo
menos 2006, e conforme narrei na Parte
III, foi ali que imaginei, de modo equivocado, poder conciliar o
“Tradicionalismo individualista” de Olavo de Carvalho -- com sua defesa da
geopolítica norte-americana e sua crítica áspera ao marxismo – e a defesa de um
Estado de Bem Estar Social. Os debates no grupo eram abrangentes e
diversificados, abordando temas filosóficos -- especialmente filosofia da mente
e epistemologia --, culturais e religiosos, e obviamente a política. Dois
membros merecem nossa atenção: “Victor
Molina”, pseudônimo de Felix Soibelman, advogado carioca que mencionarei com mais pormenores quando tratar das verdadeiras razões para a tentativa feita por parlamentares
paulistas e pela Confederação Israelita do Brasil [CONIB] de impedir o V Congresso Evoliano, em 2014. O
segundo personagem, muito mais importante para nossa História, era Dídimo
Matos, estudante da Universidade Federal da Paraíba, católico-romano,
pesquisador na linha da Filosofia Analítica, com simpatias por Roberto
Mangabeira Unger e pela Monarquia, e com pendor conservador.
Em
2008, quando já tinha completado minha conversão para o cristianismo ortodoxo e
adotado uma linha Tradicionalista, minhas posições na Acrópolis se tornaram cada vez mais anti-liberais e anti-americanas.
Acabei me transformando em um divulgador e defensor do Tradicionalismo político
naquele fórum. Assim como na sociedade em geral, o grupo escondia, por trás das
longas conversas pautadas pelo “secularismo”, núcleos de interessados em
esoterismo e ocultismo.
Ainda
em 2008, criei um grupo no MSN para
conversar sobre o Tradicionalismo com outros membros, dentre eles Dídimo Matos
e “Victor Molina”. Trocava e-mails
com Dídimo, divulgando sites, livros e artigos. Inteligente e pró-ativo, o
próprio Dídimo entraria em contato com Mateus Soares de Azevedo, Luiz Pontual,
garimparia sebos e passaria a frequentar a Dubê
com o pseudônimo de Cristão Gibelino.
5.5 O Encontro Nacional Evoliano, Paraíba 2010
Dando
muitos passos adiante em tudo que era realizado até então, Dídimo tomou a
iniciativa de organizar o Encontro Nacional
Evoliano como evento acadêmico na UFPB.
Para que se tenha a devida dimensão da importância da Dubê no processo que levou ao primeiro Encontro, de um grupo de oito nomes para o qual o Cristão Gibelino enviou e-mail no início de setembro de 2010 com o intuito de organizar o evento, nada menos que sete participaram da comunidade de Uriel Araujo: além de mim, Rafael Daher, Victor Emanuel Barbuy [líder da Frente Integralista Brasileira], Malê Ibrahim, Alfredo R.R. Sousa, Quintino Geraldo D. de Melo e Cleverson. O único que não fazia parte do “Asilo Arkham” era Cesar Ranquetat, mais tarde Doutor em Antropologia pela UFRGS.
O financiamento foi amador, a partir de contribuições voluntárias, inclusive para pagar as passagens de Mateus Soares de Azevedo e Luiz Pontual que, como expliquei na Parte III, eram duas referências do Tradicionalismo no país. Outros que constavam da programação do evento, marcado para 15, 16 e 17 de dezembro de 2010, eram o próprio Dídimo, Rafael Daher e Victor Emanuel Barbuy, três membros da Dubê.
Outro
marco foi o lançamento, pela Editora do IRGET,
de Luiz Pontual, da primeira edição brasileira de Revolta contra o Mundo Moderno, obra capital de Julius Evola. Conta
Dídimo:
“Além do pessoal que
estudava Evola, tinha outros sujeitos que estudavam Guénon, como Luiz Pontual,
que participou também dos eventos evolianos. Inclusive Luiz Pontual, que era
diretor do IRGET, tinha uma editora
própria. A gente relançou o Revolta
contra o Mundo Moderno...Relançou, não, lançou no Brasil, não tinha uma
edição brasileira, só tinha uma edição portuguesa. Inclusive nesse livro do IRGET, tá lá que ele foi desenvolvido
pro primeiro Encontro Evoliano.”
Mas
nada foi tão significativo quanto a decisão do Cristão
Gibelino de entrar em contato com o próprio Dugin, antes mesmo da realização do Encontro:
“O que eu chamo de
momento propício foi um contato com Alexander Dugin, um russo que também
estudava o Evola, e que era geopolítico, que tinha interesses em filosofia, e
do qual a gente tinha um grupo pra discussão de diversos trabalhos a que
tínhamos acesso, né... “A Metafísica do
Nacional-Bolchevismo”, e outros textos que estavam sendo ali traduzidos e
publicados amadoristicamente pelo próprio pessoal que tinha interesse nos
estudos. [Nota: Dídimo se refere à Olavo de Carvalho do B]. A
gente fez o contato direto com ele, e pra minha surpresa, apesar de russo, ele
me respondeu -- sabendo que eu era brasileiro -- diretamente em português. E aí
eu fiz o convite pra ele vir ao Brasil.”
Dugin enviou uma mensagem ao Encontro Nacional Evoliano. Nela, se apresentava como Professor de Sociologia e Líder do Movimento Eurasiano.
Durante
os quatro anos seguintes, Dídimo Matos se tornou o coração da Dissidência
Tradicionalista, o principal eixo articulador dos grupos interessados no tema
do Norte ao Sul do Brasil. Seus interesses não eram diretamente políticos, mas
antes de tudo intelectuais, filosóficos e acadêmicos. Mais uma vez, a
Dissidência dava um passo decididamente brâmane em sua constituição, muito
diferente da imagem de um movimento surgido nas ruas e entre nazistas. Os Evolianos foram realizados geralmente em ambientes universitários e
com presença de nomes da Academia.
Dídimo
se tornaria aluno de Geopolítica e Relações Internacionais na USP, estudando com o professor André
Roberto Martin, teórico do Meridionalismo.
Isto apenas acentuou o papel central que ele exerceu no período. Os diferentes círculos
fortaleceriam os contatos, que passaram a ocorrer também presencialmente. Não
que as redes tivessem sido abandonadas; pelo contrário, elas continuaram
fundamentais na difusão e crescimento das ideias Tradicionalistas, como pretendo
apontar. No entanto, e repetindo a observação feita no texto anterior, o jogo
tinha mudado de nível. É hora de entrarmos na Era dos Evolianos.
O Encontro Nacional Evoliano, o primeiro da série, realizado na Paraíba em dezembro de 2010: um passo decisivo na formação da Dissidência Tradicionalista |
ERRATA: Corrigi a informação sobre a criação do Legio Victrix, que não foi de Raphael Machado, mas um empreendimento conjunto do núcleo interno que formaria o Grupo Austral.
_______________________
[1] Para os que não estão acostumados com a terminologia, era como se denominavam àqueles que não eram nem de direita nem de esquerda, nem capitalistas nem marxistas, mas tentavam superar essa dualidade do espectro político combinando elementos de ambas.
[2] Legião Vertical. [clicar no link.]
[3] Arya Satvva e Transcendência [clique nos links].
[4] Grupo de Ur. [clique no link.]
[5] A importância da contracultura - Cinema. [clique no link.]
[6] Eu mesmo só soube da existência do Legio Victrix em fins de 2014, com a publicação de uma entrevista com Dugin realizada durante o V Encontro Evoliano, em São Paulo.
[7] O Herói e o Império. [clique no link.]
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