Monica Seles já havia surpreendido os amantes do tênis ao se
tornar a mais jovem campeã de majors da Era Aberta quando venceu Roland Garros
em 1990 tendo apenas 16 anos e 6 meses de idade. Ela batia assim o recorde que
pertencia a Tracy Austin no US Open [16 anos e 8 meses] -- para conhecer uma
campeã ainda mais jovem, o mundo teria de esperar a chegada de Martina Hingis.
Mas era só o primeiro sinal do que viria nos dois anos
seguintes. Do início de 1991 ao de 1993, Seles decidiu 33 dos 34 torneios que
disputou e venceu 55 de seus 56 jogos em Grand Slams. Entre Melbourne 1991 e
1993, a jovem tenista entrou em quadra para competir em 8 majors e conquistou
sete deles.
O estilo de Seles era único e muitos não o consideravam vistoso
ou inteiramente replicável. Era muito criticada por seus grunhidos altos quando
batia na bola, sendo alvo de reprimenda de Martina Navratilova na semifinal de
Wimbledon em 1992.
Nada disso era capaz de deter o furacão de petardos que a
canhota disparava da base para cima das adversárias: A sérvia possuía grande
velocidade no fundo de quadra, com uma espetacular movimentação lateral. Jogava
com as duas mãos tanto na direita quanto na esquerda, mantendo os braços
próximos ao corpo, com golpes incrivelmente potentes, e, como se tornou marca
das escolas do leste europeu, mudando rapidamente a direção da bola em meio a
ataques sucessivos. Com o toque dos gênios, antecipava em quinze ou vinte anos
o estilo que se tornaria modelo no circuito.
1991 foi uma temporada espetacular para Monica, com a conquista
de todos os majors em que competiu -- ela pulou Wimbledon por causa de uma
contusão --, um total de 10 títulos [incluindo o Tour Finals] e o
aproveitamento de 92,5%, com 74 vitórias em 80 jogos.
Mas 1992 foi ainda
melhor, e constituiu o cume do tênis de Seles. Ela chegou à final de todos os
Grand Slams [vencendo o Australian Open, Roland Garros e US Open], faturou
também 10 torneios [incluindo o Tour Finals] e alcançou aproveitamento de
93,33%, com 70 vitórias em 75 jogos. Além disso, foi líder do ranking do início
ao fim do ano, impondo sua hegemonia de modo inconteste.
Esse impressionante domínio foi interrompido por uma ação vinda
de fora de quadra, pelas mãos de um maníaco em abril de 1993 durante um jogo
pelo torneio de Hamburgo. A número um do mundo foi esfaqueada pelas costas em
episódio traumático que colocou fim a um dos períodos mais gloriosos já vistos
no circuito feminino.
Mais do que as chagas físicas, o ataque deixou em Seles
um conjunto complexo de feridas emocionais, que, ao lado de outros problemas
pessoais, a levaram à depressão, à compulsão por comida e à dúvida sobre se
queria ou não continuar jogando.
A sérvia retornou ao circuito em 1995, voltou a ser número 1,
permaneceu como uma das mais importantes jogadoras da WTA durante todos os anos
1990, chegou à final de outros três majors e conquistou o Australian Open em
1996. Embora seu domínio não tenha se repetido, os anos posteriores confirmaram
que ela fazia parte do Olimpo do tênis.
Em 1992, Seles conquistou
títulos em cima de Steffi Graf, Martina Navratilova, Arantxa Sanchez, Conchita
Martínez, Mary Joe Fernández, Gabriela Sabatini dentre outras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário