sábado, 25 de maio de 2024

OS MAIORES DA HISTÓRIA DO FLAMENGO -- Volantes: Willian Arão e Outros

 Postagem final da posição Volantes, trazendo o nome derradeiro da primeira prateleira como outros que poderiam ter entrado na lista. A próxima será sobre meia-armadores. Os jogadores são apresentados em ordem cronológica. Para ler os textos anteriores, basta clicar nos links no fim dessa postagem.


7) WILLIAN ARÃO [2015/2022]



Willian Arão é um dos grandes responsáveis pelas conturbadas relações recentes entre Flamengo e Botafogo.

O paulistano se profissionalizou no São Paulo na mesma geração de Casemiro. Com o sucesso na "Copinha", teve rápida passagem pela Espanha antes de esquentar banco no Corinthians. Foi emprestado para times de menor visibilidade até que, em 2014, se tornou uma das principais contratações do alvinegro carioca para a temporada seguinte. Problemas contratuais e o assédio rubro-negro levaram o jovem de 23 anos para a Gávea.



O quiprocó valeu a pena. Apesar da gangorra de paixões da torcida, cuja reação diante dos fracassos nos anos de 2017 e 2018 quase fez com que Arão fosse parar na Grécia, o volante se tornou um dos mais bem sucedidos atletas rubro-negros das últimas décadas. Foram 377 jogos defendendo o Manto Sagrado, o que o coloca entre os 25 jogadores que mais vestiram a camisa d'O Mais Querido em partidas oficiais. Também é o quinto jogador que mais defendeu o clube em Campeonatos Brasileiros. Arão tem 35 gols pelo rubro-negro, marca impressionante para quem atua em sua posição.



Polivalente, o status do atleta mudou definitivamente com a chegada de Jorge Jesus na Gávea. O ídolo da torcida era o colombiano Cuellár. Mas o português ficou espantado com a situação, pois segundo declarou, ''percebeu que o bom era o outro''. Suas funções mudaram com o tempo: inicialmente segundo volante, se tornou o homem da saída de bola.



Não para aí a versatilidade de Arão. Com Ceni, atuou de zagueiro no terço final do Brasileiro de 2020, permitindo o encaixe do time e a melhora no sistema defensivo que levou O Mais Querido ao título daquele ano.



Seu currículo no Flamengo é invejável. Cariocas de 2017, 19/20/21; Supercopa do Brasil de 2020/21; Recopa Sul-Americana de 2020; Campeonato Brasileiro de 2019/20; Libertadores da América de 2019. Em julho de 2022, Arão foi negociado com o futebol turco a pedido do próprio Jorge Jesus, que treinava então o Fenerbahçe.



8 ) OUTROS


I) FAUSTO, A ‘’MARAVILHA NEGRA’’ [1936/38]




O maranhense Fausto dos Santos era centro-Médio antes que a posição de volante se consolidasse. Mais do que isso, era o jogador brasileiro mais famoso na primeira metade dos anos 1930, antes da explosão dos gênios de Leônidas e Domingos. Começou no Bangu em 1926 e três anos depois foi para o Vasco. Grande destaque na Copa de 1930, esteve na vanguarda da profissionalização do futebol sul-americano, e atuou no Barcelona da Espanha no início dos anos 1930. Voltou para o Brasil em 1934, depois de passar por Suíça e pelo Uruguai. O Flamengo o tirou de São Januário em 1936 numa negociação polêmica conduzida pelo saudoso presidente José Bastos Padilha. O Mais Querido passava pela revolução tática conduzida por Kurcshner e depois Flávio Costa, e Fausto foi volante antes do Volante. Infelizmente, teve a vida ceifada pela tuberculose em 1938, quando tinha apenas 34 anos de idade. Sua memória foi obscurecida nas décadas recentes, mas foi um dos primeiros grandes destaques e ídolo internacional do nosso futebol.


II) MERICA [1975/1978]



O baiano Merica chegou ao Flamengo em 1975 aos 22 anos de idade e foi apontado por Liminha como seu substituto. Virou ídolo da torcida por não fugir de divididas. O radialista Jorge Cury consagrou o bordão, "Dividida é com ele mesmo!” Saiu do Flamengo antes do início da Era de Ouro, em 1978.


III) UIDEMAR ‘’FERREIRINHA’’ [1989/1993]



Ídolo do Goiás, chegou ao Flamengo aos 24 anos de idade para disputar a posição no meio campo. Titular em diversas campanhas, fez parte de um momento importante na vida do clube, de reafirmação do poderio após a Era Zico. Conquistou o Carioca de 1991, a Copa do Brasil de 1990 e o Brasileiro de 1992.


IV) CHARLES ‘’GUERREIRO’’ [1991/95]



Paraense e ídolo do Payssandu, chegou no Flamengo já aos 28 anos. Era tecnicamente limitado, mas caiu nas graças da torcida pela imensa disposição em campo. Pau pra toda obra, atuou muitas vezes de lateral-direito, posição em que chegou à seleção brasileira em 1992, jogando em famoso amistoso contra a Inglaterra no antigo estádio de Wembley. Campeão Carioca em 1991 e Brasileiro em 1992.


V) LEANDRO ÁVILA [1998/2001; 2002]




Gaúcho formado no Vasco da Gama em época de grande rivalidade entre as divisões de base dos dois clubes, Leandro Ávila se destacava pela regularidade e pelo desarme. Já tinha vestido a camisa da seleção quando chegou ao Flamengo aos 26 anos, depois de se desentender com Eurico Miranda. Foi titular da equipe tricampeã estadual em cima do Vasco, em 1999/00/01, e da Copa Mercosul em 1999.


terça-feira, 21 de maio de 2024

OS MAIORES DA HISTÓRIA DO FLAMENGO -- Volantes: Liminha e Andrade

Continuação da série sobre os Maiores do Flamengo, apresentada por posição e em ordem cronológica. A vez é de Liminha e Andrade, dois jogadores que estão entre os dez com maior número de partidas defendendo o Manto Sagrado. Liminha foi apelidado pelo locutor Waldir Amaral de "Carregador de Pianos", epíteto que se tornou clássico para se referir a volantes caracterizados pelo esforço de marcação em campo. Andrade é parte fundamental da maior equipe da história do Flamengo. Para ler as postagens anteriores, clique nos links no fim desse texto.


5) LIMINHA, O ''CARREGADOR DE PIANOS'' E ''MOTORZINHO DA GÁVEA'' [1968/1975]




Um olheiro do Flamengo descobriu um talentoso e técnico lateral no Votuporanguense, clube do interior de São Paulo. Quando tentou contratar Cardosinho, teve de trazer um ''contrapeso'' da negociação, o volante João Crevelim. Poucos sabem quem foi Cardosinho, que teve passagem rápida e apagada no rubro-negro. Já o volante se tornou uma das grandes ''instituições'' da Gávea, idolatrado pelo nome de Liminha, símbolo de raça e referência para toda a geração da Era de Ouro.



Corria o ano de 1968 quando esse paulista de Tietê chegou ao Flamengo, já com 24 anos de idade. Seu imenso fôlego, garra e disposição física caiu nas graças da torcida, e ele se tornou dono da posição por sete temporadas consecutivas. Liminha é o 9º jogador com mais partidas com a camisa preta e encarnada, em um total de 512.




No início, atuou com o Carlinhos ''Violino'', que por causa da idade era escalado mais como um meia armador. Foi aí que o locutor e radialista Waldir Amaral, inventor de grandes bordões, explicou a chegada do novo volante na Gávea pela criação de um epíteto que cairia no gosto do povo. Se Carlinhos era o Violino por causa da elegância, habilidade e passe preciso; Liminha era o ''Carregador de Pianos'', um operário da bola com físico privilegiado e entrega total em campo. Daí por diante, a expressão se tornou comum para se referir a volantes mais defensivos e esforçados.



Imprescindível para a equipe, Liminha levantou mais de duas dezenas de troféus, sendo os
principais as Taças Guanabara de 1970, 72/74, o Torneio do Povo de 1972 e os Cariocas de 1972 e 1974. Saiu do rubro-negro em 1975, e se aposentou no ano seguinte no Operário de Mato Grosso. Voltou então ao Rio para se tornar treinador das divisões de base d'O Mais Querido. Chegou a assumir a equipe principal em um torneio menor em 2005.







6) ANDRADE [1976/1988]





Uma das características dos mais importantes volantes da nossa história é a longevidade. Carlos Volante deu nome à posição na revolução tática empreendida por Kurschner e Flávio Costa na zaga. Depois Modesto Bría se manteve titular durante os anos 1940. Dequinha reinou nos anos 1950, e Carlinhos nos anos 1960. Liminha, seu sucessor, foi titular por sete temporadas consecutivas. Tanto Carlinhos quanto Liminha estão entre os 10 atletas que mais vestiram o Manto Sagrado.

Com Andrade, mineiro de Juiz de Fora, não foi diferente. Prata da Casa, foi emprestado no início da vida profissional, mas depois de 1976 emendou uma dúzia de temporadas consecutivas na Gávea. Nem sempre foi titular absoluto durante esse tempo. Nos primeiros anos, era reserva de Merica. Depois de 1978, disputou posição com Carpegiani, que ora jogava de meia-armador ora de primeiro homem do meio campo. No início dos anos 1980, tinha a sombra de Vítor.



Mas ninguém conseguiu eclipsar o protagonismo do veloz e técnico jogador. Dribles curtos, passes longos precisos, habilidade, visão de jogo e grandes pulmões. A importância de Andrade pode ser medida por uma consideração pura e simples: é o 5º jogador que mais vestiu o Manto Sagrado. Ele defendeu o Flamengo em campo em 568 partidas. Só Júnior, Zico, Adílio e Jordan tem número de participações maior do que ele.

A disputa de posições nos primeiros anos e a abundância de grandes volantes na virada dos anos 1970 para os anos 1980 obstaculizaram Andrade na seleção brasileira. Não era fácil disputar posição com Falcão, Cerezo, Carpegiani, Batista e outros. Fez poucos jogos até se tornar titular em 1988, quando já tinha 31 anos de idade.



Aconteceu nas Olimpíadas de Seul*, em que voltou com a medalha de prata. Num amistoso preparatório pra competição, marcou um golaço contra a Áustria, que foi parar na edição do Jornal Nacional como compensação de uma injustiça histórica com um dos mais clássicos volantes da história do nosso futebol: [https://www.youtube.com/watch?v=wM6_TtapOqU]


Já sem o fôlego de outrora e em um momento em que sua posição passava a ser ocupada por atletas com função mais destrutiva do que construtiva, foi deixado de lado da equipe canarinho nos anos seguintes.

Ganhou tudo o que havia pra ser conquistado no Flamengo. Dentre as inúmeras taças, constam as Taças Guanabara em 78/79/80/81/82, 84 e 88; os Cariocas de 78/79/79 especial, 81 e 86; os Brasileiros de 80, 82/83 e 87; a Libertadores de 81; o Mundial Interclubes em 81. É dele um dos gols mais inesquecíveis da história do Maracanã: o último na goleada implacável de 6 a 0, que o Flamengo impôs ao Botafogo em 1981.



Saiu do Flamengo para a Roma, da Itália, em meados de 1988, e voltou no ano seguinte atuando pelo Vasco, levantando mais um Campeonato Brasileiro. Dono de condições físicas privilegiadas, esticou a carreira ao máximo, se tornando um cigano da bola nas temporadas seguintes, do Athletico PR ao Linhares, do Operário ao Barreira e Bangu, onde terminou a carreira em 1999, já aos 42 anos de idade.

Andrade é o jogador com o maior número de títulos brasileiros. São cinco, número que foi alcançado também por Dagoberto e Zinho. Diferente desses dois, porém, Andrade conquistou o sexta taça como treinador ao assumir O Mais Querido no meio da campanha de 2009, ano em que foi eleito o melhor técnico do campeonato.



*Os profissionais de futebol só puderam disputar o torneio olímpico a partir de 1984, ano em que o Brasil foi representado por um time-base do Internacional-RS. A única restrição então era que o jogador não tivesse participado de nenhuma Copa do Mundo. Em 1988, o Brasil enviou o que considerava a força máxima nessas condições. Além de Andrade, faziam parte da equipe Taffarel, Jorginho, Bebeto, Romário, André Cruz, Geovani e outros.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

OS MAIORES DA HISTÓRIA DO FLAMENGO -- Volantes: Dequinha e Carlinhos

 Continuação da  série sobre os maiores da história do Flamengo, que estão sendo apresentados por posição e em ordem cronológica. Abaixo, dos dois maiores ídolos da história do clube. Para ler os demais textos, clique nos links no fim desta postagem.


3) DEQUINHA [1950/1960]




O imortal José Mendonça dos Santos talvez tenha sido o maior volante da história d'O Mais Querido. E seguramente é um dos atletas mais técnicos e clássicos dessa posição em toda a longa epopéia do futebol brasileiro. Seu nome também está vinculado a uma nova revolução tática capitaneada pela Gávea.

Se os dois primeiros volantes rubro-negros eram estrangeiros, o nome que os sucederia viria do Nordeste. [lembrando que a posição se consolidou com as novas funções dadas ao ''centro-médio'' no WM/Diagonal, introduzido no país por Kurschner e Flávio Costa em 1937 e 1938]




Nascido em Mossoró, Dequinha começou a jogar bola em times semi-amadores da cidade, ganhando fama como ponta esquerda. Logo foi contratado para o ABC de Natal, se firmando no meio campo e se profissionalizando definitivamente. Foi vendido para o então forte América de Recife e convocado para o Campeonato Brasileiro.* Foi assim que chamou a atenção do Flamengo.

A torcida do América o idolatrava, mas o clube decidiu vendê-lo ainda assim. Consta que Rubem Moreira, presidente do América, era fanático pelo Flamengo. E assim, em 1950, com apenas 21 nos de idade, o tímido e reservado potiguar desembarcou no Rio de Janeiro.



O Mais Querido vivia um período conturbado, de jejum de títulos, em crise pela saída de Zizinho, e sem constar entre os principais favoritos ao título carioca. A auto-estima do time foi resgatada com uma famosa e vitoriosa excursão à Europa, com 10 vitórias em 10 jogos. Dequinha já era titular incontestável, ainda que atuasse algumas vezes de meia-armador e outras de meia-esquerda.

A grande transformação aconteceu com a contratação do técnico da seleção paraguaia de futebol. Fleitas Solich, conhecido como ''El Brujo" [''o bruxo''] conduziu o Paraguai a uma inesperada e inédita vitória no Campeonato Sul-Americano [atual Copa América] de 1953, com vitórias, inclusive, sobre o Brasil.



No Flamengo, Fleitas Solich superou de vez a Diagonal de Flávio Costa, que reinava absoluta no futebol brasileiro desde fins dos anos 1930, e introduziu de fato o 4-2-4 [que o Brasil consagraria na Copa do Mundo da Suécia, cinco anos depois]. No novo sistema, os volantes tinham de ser capazes não apenas de marcar os meias adversários e fazer a saída de bola, mas também de acionar o ataque com passes certeiros. E aí explodiu o futebol esplendoroso de Dequinha.

O Flamengo se tornou o "Rolo Compressor", time dominante do Rio de Janeiro. E o volante era uma de suas principais estrelas, flutuando pelo gramado com exibições magistrais de domínio da bola, capacidade de desarme, dribles nos adversários [os famosos 'lençóis' ou 'chapéus' que aplicava no Maracanã] e passes precisos. O próprio Modesto Bría dizia que Dequinha foi o melhor volante que viu jogar. Carlinhos, que o sucederia na década seguinte, o tinha como ídolo e inspiração.




Dequinha se tornou capitão da equipe que esmagou as rivais naqueles anos e levantou o primeiro tricampeonato da Era Maracanã, em decisão de melhor de três contra o América-RJ em abril de 1956. De modo incrível, atuou em todos e cada um dos jogos da campanha do tricampeonato.

Mesmo que o Flamengo perdesse fôlego nos próximos dois anos, com perdas de jogadores importantes como Evaristo e Zagallo [e por contusões do próprio Dequinha], continuou um dos mais poderosos times do Brasil e um dos mais temidos e conhecidos fora, como o demonstram os amistosos [repletos de peso político e importância esportiva] contra o Honved, da Hungria, e a conquista do então prestigiado Hexagonal de Lima em cima do River Plate.

Dequinha chegou também à seleção, participando do elenco da Copa de 1954, na Hungria, embora tenha sido preterido no time principal titular em prol de Brandãozinho, jogador apenas esforçado na marcação. Atuou no time canarinho até 1956, mas as contusões o tiraram definitivamente da briga pelo 'ciclo' que levou ao Mundial seguinte.



Sua carreira foi encurtada por uma fratura ocorrida em treino, já em 1959. Ficou nove meses fora dos campos e já não conseguia render como antes. Ainda jogou no Campo Grande, da Zona Oeste do Rio, antes de se aposentar em 1962.

Levantou quase uma quinzena de taças pelo Flamengo, as principais os cariocas de 1953/54/55. Defendeu o Manto Sagrado em mais de 360 partidas e foi imortalizado no famoso samba de Wilson Baptista:

''Flamengo joga amanhã
Eu vou pra lá
Vai haver mais um baile no Maracanã
O mais querido
Tem Rubens, Dequinha e Pavão
Eu já rezei pra São Jorge
Pro mengo ser campeão''


* Chamava-se de 'Campeonato Brasileiro' os torneios que aconteciam entre as Seleções Estaduais, e que tiveram enorme importância e público entre meados dos anos 1920 e meados dos anos 1950, quando passaram a ser substituídos, gradativamente, pelos confrontos inter-estaduais entre clubes, e não mais seleções. [crescimento da importância do Rio-SP na segunda metade da década de 1950; criação da Taça Brasil entre os campeões estaduais; e mais tarde ampliação do Rio-SP para servir de protótipo para a criação do campeonato brasileiro de clubes.]



4) CARLINHOS "VIOLINO" [1958/1969]




Nestes dias em que o futebol promove quantidades infindáveis de ídolos de papel, dispostos a cuspir na camisa que juraram amar sempre que pequenas pendengas ou incômodos triviais aparecem. Lembrar de figuras como Luís Carlos Nunes da Silva é um antídoto certeiro.

Carioca e rubro-negro fanático, Carlinhos se formou nas categorias de base do clube tendo Dequinha como grande inspiração. Já entre os juniores ganhou o apelido de ''Violino'' pela classe e elegância de seu futebol. Grande promessa, recebeu as chuteiras de Biguá quando o imortal lateral-direito se aposentou, em 1953. As chuteiras deram sorte. Carlinhos assumiu o posto de seu ídolo Dequinha em 1959, aos 22 anos de idade, e construiu uma das carreiras mais marcantes da história d'O Mais Querido.





Não é exagero dizer que o ''Violino'' foi o melhor volante brasileiro dos anos 1960. Ficou de fora da Copa de 1962 por politicagem. O titular era o intocável Zito, campeão em 1958. Mas Carlinhos perdeu a viagem para o Chile porque a diretoria da CBD [atual CBF] queria manter no elenco um número igual de jogadores paulistas e cariocas. O reserva da posição foi Zequinha, do Palmeiras.

A partir de meados daquela década, já próximo dos 30 anos, o ''Violino" atuou mais de armador do que de volante, já que surgia outra 'instituição' rubro-negra na posição, de quem falaremos adiante. Ainda assim, permaneceu como principal referência técnica na segunda metade dos anos 1960, época difícil para rubro-negro.




Carlinhos era circundado de tanta mágica na carreira que, quando se aposentou, em 1969, entregou suas chuteiras para outro jovem talento que surgia nas divisões de base da equipe: um molecote de nome Arthur Antunes Coimbra.

Aquilo que parecia uma despedida, aliás, virou só o começo. Carlinhos se tornou funcionário do clube, e trabalhou como auxiliar técnico e depois como treinador. Era o ''bombeiro'', chamado sempre que o Flamengo precisava tapar algum buraco na comissão técnica. Foi enchendo o papo aos poucos e se tornou um dos mais bem reputado e vitoriosos treinadores da Gávea. Venceu dois campeonatos brasileiros, em 1987 e em 1992. E levantou três campeonatos cariocas, em 1991, 1999 e 2000. Ainda liderou uma equipe jovem e frágil na conquista de um título continental, a Mercosul de 1999 diante do Palmeiras.



Eis aí um ídolo total, sempre à disposição d'O Mais Querido. Uma das lendas cuja vida explicam de imediato o que é ser Flamengo.

Suas principais conquistas como jogador foram os Cariocas de 1963 e 1965, e o Torneio Rio São Paulo de 1961. Ele é o oitavo atleta com mais partidas defendendo o Manto Sagrado, em um total de 515 jogos. Começou atuando com Dida, Jordan, Moacir, Henrique Frade, e também foi companheiro de Murilo, Paulo Henrique, Gérson ''Canhotinha de Ouro'', Reyes, Liminha, Evaristo de Macedo e outros.





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