sábado, 26 de setembro de 2020

UM TIRO QUE SAIU PELA CULATRA, ou: a incrível história da esquerda liberal que se aliou a um suposto neonazi que, em "entrevista bombástica", nos declara inimigos

"Empenhada há semanas em uma campanha contra a NR, Cibele Laura divulgou uma entrevista recente de James Porrazo, suposto neonazista que a esquerda liberal brande contra nós, mas que grita dos telhados que não tem nada a ver com nossas ideologias e objetivos políticos. A nova tese exposta na entrevista divulgada por Cibele é a de que fazemos parte de uma Ordem Satânica, que somos financiados por George Soros, e que somos um braço dos interesses chineses." 




Um dos primeiros textos divulgados pela Nova Resistência: Nascemos com uma proposta nova e QTP de leitura teórica e política do Brasil e da América Latina

Toda vez que Cibele Laura desencava James Porrazzo numa tentativa canhestra de atingir a Nova Resistência, abro uma cerveja e comemoro. Não há testemunha melhor a nosso favor no tribunal imaginário que nossos inimigos construíram dentro de suas cabecinhas do que o discurso tresloucado, o conspiracionismo contraditório, e o choro e ranger de dentes de Porrazzo.



Tudo do que nos acusam vai por água abaixo quando trazem essa figura à tona: em meio a lágrimas, o gringo confessa que não sabe bem o que é Quarta Teoria Política, que descobriu ''a certa altura'' que Raphael Machado tem ideias irreconciliáveis com a dele, que a NR tem alianças com aqueles que Porrazzo qualificaria de modo um tanto impróprio de ''esquerdistas'' e ''antifas'', que há ''ex-comunistas'' em posições-chaves da organização, que ele gostaria de subverter a NR com a ajuda de traidores etc.


Trecho da obra ''A Quarta Teoria Política'', de A. Dugin. O antirracismo é um dos princípios dessa meta-teoria. Acusar seus defensores de ''nazismo'' é cair no ridículo


O mais curioso, no entanto, é a absoluta falta de prova nos delírios de James. Estou seguro de que o jornalista pediu alguma evidência, print, documentação, foto, vídeo, qualquer coisa que referendasse nosso suposto nazismo, satanismo, entrismo, fascismo, racismo etc. E o autodeclarado ''líder mundial'' da NR não parece ser capaz de dar ao jornalista qualquer demonstração inequívoca de nossos supostos vínculos organizacionais e ideológicos, ou de alguma subordinação de Machado a ele.



Certos silêncios e ausências falam por si só.



O único dado real fornecido por Porrazzo é uma foto que, segundo ele, teria sido tirada no nosso Congresso Nacional. E aqui o jornalista -- que conhecemos quando de nossa participação no Congresso Trabalhista no Rio, no ano passado [1] -- comete o que alguém poderia considerar um, digamos assim, ''ato falho''.


A NR se vincula ao Trabalhismo e à figura heróica de Leonel Brizola desde o início de sua militância


McNaught diz que ''James é retratado como “líder” em uma projeção.'' Mas na imagem se lê ''fundador''. Fundador de quê? Ora, o artigo mesmo responde: da organização estadunidense ''New Resistance'', que não é a única nem a primeira com esse nome, conforme já demonstramos alhures. 



James alega ter fundado a primeira NR e comandar todas as organizações e páginas no mundo com esse nome, mas não prova. Talvez da próxima vez ele venha a público declarando que é Napoleão Bonaparte ou reencarnação de algum Faraó egípcio. Vai saber.



Roger McNaught aparentemente percebeu a falta de consistência da narrativa do gringo, tratando-a como uma versão e fornecendo os prints da conversa trocada por WhatsApp. No entanto, o jornalista levanta uma importante questão que vai servir de fio de Ariadne pra esse texto: por que esse embate ou ''animosidade não natural em relação a uma pessoa que, segundo uma das versões, deveria ser completamente estranha à organização brasileira?''


Postagem do início de 2016: ode à Chavez, elogios a Mao, ao cristianismo popular, e ao Bolivarianismo. A Nova Resistência foi fundada sob o paradigma da Pátria Grande, do anti-capitalismo e do anti-imperialismo


Para começar, a animosidade partiu de James Porrazzo. Até ano passado, mantínhamos relações amistosas com a página do gringo, coerente com nossas posições: por motivos que já expusemos, não antagonizamos nacionalistas, comunistas etc. Apesar de criticarmos as teorias políticas modernas, nosso inimigo é o liberalismo. Organizações de segunda e terceira teoria política são interlocutores possíveis diante do inimigo comum. Elas só se tornam inimigas se nos atacarem publicamente ou passarem, elas próprias, a defender o liberalismo e a unipolaridade geopolítica. [2]



É o caso em que Porrazzo passou a se encaixar a partir do ano passado. Foi ele quem veio a público para esclarecer suas diferenças teóricas, ideológicas e práticas em relação ao Nova Resistência. Foi ele quem expôs em sua página sua discordância em relação à QTP. Foi ele quem postou que, apesar de compartilhar nome e símbolo comuns, há um ''abismo'' entre nossa organização e a dele. Foi ele quem nos chamou publicamente de inimigo. Foi ele quem não se conteve com o ataque que Cibele Laura realizou contra nós e resolveu apoiá-la. Foi ele quem deu entrevista ao jornalista tentando,  da maneira mais fantasiosa possível, e caindo em contradições risíveis, manchar a imagem da NR e de seu líder.



Diferente do que é sugerido por McNaught, o nosso discurso não está no mesmo nível do papo furado de James Porrazzo.


Raphael Machado tem contato com A. Dugin desde 2012


Temos provas de que membros da NR se vinculavam a idéias de Dugin antes da fundação da organização. Que ajudaram a trazê-lo para palestra na UERJ. Que se envolveram na organização dos congressos evolianos, com participação de geopolíticos importantes. Que membros fundadores da NR tinham contatos com o principal expositor da QTP antes de 2015. Que aderimos à QTP desde o início da nossa militância; que sempre apoiamos a Revolução Iraniana e postamos sobre a necessidade de uma nova perspectiva teórica e política para o Brasil. Temos provas que a QTP é antirracista e crítica a qualquer nacionalismo chauvinista, e que considera o fascismo uma ideologia equivocada e morta. Temos prova de que postamos sobre o Trabalhismo e Brizola desde o início. Temos provas que sempre defendemos a Pátria Grande.



Enquanto James afirma que a QTP é ''coisa de acadêmico'' e confessa não saber o que ela de fato significa, temos provas de que Raphael Machado criava já no início de 2016 grupos na Faculdade Nacional de Direito para ensinar sobre a QTP e a mutipolaridade.


Os fundadores da NR já davam cursos de multipolaridade e QTP na FND, da UFRJ, desde fevereiro de 2016: Geopolítica dos Grandes Espaços, Pátria Grande, Paradigama de superação da STP e da TTP


Temos provas também que no tempo em que mantinha ligações amistosas com a NR Porrazzo se dizia favorável à QTP, só revelando recentemente que, embora exposta em livros e inúmeros artigos, ele não sabe nada a respeito dessa meta-teoria. Foi ele portanto que alterou seu posicionamento público por motivos que estão mais do que claros pra quem quiser ligar ''lé com cré''.



Isto posto, vamos responder à inquietação do jornalista, mas colocando-a em seus devidos termos. Por que Porrazzo decidiu atacar publicamente a NR a partir de 2019, inventando versões descabeladas para as quais não fornece prova nenhuma e com o único intuito de antagonizar a liderança da nossa organização?



Vargas e o Trabalhismo são apresentados como baluartes desde sempre

 

O próprio gringo dá com a língua nos dentes: ele pensava que Machado tinha idéias próximas a dele – como eu disse, temos como provar que James elogiava publicamente a QTP – e descobriu, pra seu imenso desgosto, que nosso projeto é distinto de seu movimento ianque. Como o gênio maluco do desenho animado, Porrazzo não sabia o que estava acontecendo.



Trecho do livro "A Quarta Teoria Política'', de A. Dugin: a Quarta Teoria Politica é uma proposta qualitativamente diferente tanto do fascismo quanto do comunismo

 

Pior ainda, notou que além de não ter palavra sobre os rumos teóricos e políticos da Nova Resistência, também não era capaz de interferir internamente na organização. O linguarudo chega a dizer na entrevista que gostaria de subverter a NR a partir de dentro, conspirando contra sua liderança – postura interessante pra quem tanto fala de honra, lealdade e faz denúncias de “entrismo”.


Temos de reconhecer que James tentou: de fato, ano passado a NR levou a termo seu único processo de expulsão em cinco anos de existência. Um membro muito próximo a James foi defenestrado por traição. Ele conspirava, alegando que a Organização tinha um caminho incompatível com aquele que ele imaginava ser o desejo de Porrazzo.



Toda acusação de racismo ou supremacismo branco contra Raphael Machado, líder da NR, e ao projeto teórico e político da Organização, desmoraliza quem a realiza

 

Pobre James. Ele, que fala tanto de “influência e poder” em sua entrevista, se viu diante da própria impotência. Seu inconformismo diante da liderança da NR é facilmente compreensível, ainda que inteiramente condenável. Em pouco tempo, e sem qualquer recurso material relevante, Raphael Machado criou o maior movimento dissidente das Américas, com um crescimento consistente e rápido não apenas em número de membros – temos células em quase todas as Unidades da Federação --, mas também com desenvolvimento teórico e articulações políticas dentro e fora do Brasil com as quais ele jamais poderia sonhar e que confessa sequer entender.

 

A mera existência da Nova Resistência revela o ridículo da auto-importância que Porrazzo se atribui, seu fracasso e obsolescência política – já que se tornou evidente que ele nunca deixou de fato de ser fascista --, e seu destino como líder de três ou quatro membros de gangue. Como diria um jogador de futebol do Flamengo, a NR está em outro patamar, totalmente diferente, em todo e qualquer âmbito que se pretenda analisar.



A nova tese replicada por Cibele Laura é a de que a Nova Resistência é uma organização satanista, financiada por George Soros, e que defende os interesses chineses.

 

Sem poder se encostar na NR, sem qualquer influência sobre ela, e fracassado na tentativa de desestabilizar a organização por dentro, resta a Porrazzo o papel de, se declarando inimigo de “antifas” e da esquerda, se aliar a “antifas” e “esquerdistas”  em uma tentativa patética de atingir a organização.



Porrazo confessa não saber até hoje o que realmente significa a QTP. Era só perguntar para nós da Nova Resistência. Estamos aptos a explicar.


E até nisso ele naufraga. Quanto mais fala, mais Porrazzo nos ajuda. Ele tem de admitir a incompatibilidade da QTP e de nossas propostas trabalhistas com as ideias fascistas de sua organização. Ele tem de admitir que há ex-comunistas em posições chaves da NR. Ele demonstra todo seu incômodo com a  aliança da NR-RJ com aquilo que ele considera ser um “ex-hooligan antifa” [e eu imagino a tristeza de nossos inimigos liberais ao lerem essa afirmação de James].



Da impotência, James mergulha na fofoca. Todas as acusações que faz contra Machado são projeções de sua própria frustração e cópia requentada de boataria de nossos inimigos. Tanta baboseira sobre “nazismo esotérico”, tretas em fóruns nacional-socialistas e “ordens místicas satanistas” para as quais não há um vídeo, imagem, prova documental nenhuma e que beiram a pura demência. Segundo James, somos uma rica organização ligada não só ao diabo, mas também a George Soros, aos russos e a chineses. Somos ao mesmo tempo nazistas, maoístas, putinistas e antifas.

 

Cibele Laura, que nos acusou de ser um braço da geopolítica russa pra uma semana depois pedir perdão ao seu público e defender que somos na verdade neonazistas ligados a Porrazzo, deveria explicar como fica sua tese agora que o tal “neonazi” vem a público tão insistentemente pra esgoelar que não temos nada a ver com as ideias e objetivos dele. Talvez ela deva enveredar por essa "deixa" de James: seríamos apóstolos de Lúcifer, sustentados por George Soros e cumprindo nossa função de defender os interesses chineses! É uma hipótese que tem o jeitão das teorias amalucadas de Cibele.



Enquanto muitos dos nossos detratores atuais se ligavam ao PSOL e ao PT, desde o início a NR se proclamava herdeira do Trabalhismo, de Vargas e de Brizola

 

Por fim, respondendo à questão de Roger McNaught, a animosidade que James Porrazzo passou a demonstrar por nós é motivada pelo desespero de um fascista arraigado a suas velhas ideias, que contempla o próprio ocaso e incompetência, e teme perder de vez aquilo que dá razão à sua vida: jurar que tem o monopólio do nome Nova Resistência. 


A posição de uma "esquerda liberal" que dá voz a um personagem que ela considera neonazista e que diz, para quem quiser ouvir, que não temos nada a ver com a ideologia e os objetivos políticos dele, é ainda mais constrangedora. Dão um tiro no próprio pé: com a intenção de nos atingir, confirmam ainda mais o que sempre dissemos, que somos uma organização brasileira, independente, quarto-teórica e trabalhista. 

 



Como carioca, resumo o que tenho a dizer sobre James no jargão de um famoso sambista: “É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar!” Hora de deixar os mortos enterrando os próprios mortos. Seu destino é o esquecimento.


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[1] http://novaresistencia.org/2019/05/21/discurso-da-nova-resistencia-no-congresso-trabalhista/

[2] https://www.youtube.com/watch?v=fDpIPRuFnVU

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Ícaro Alves Leal e o cheiro de mofo analítico, ou: a QTP não cabe em fôrma restritas

 




Está rolando um artigo de Ícaro Leal Alves sobre a QTP. O artigo busca uma análise séria a partir de um paradigma marxista-leninista, que consideramos limitado.


Tão limitado que nada mais faz senão repetir jargões retirados daquela fôrma marxista ortodoxa que não comporta realidade nenhuma e acaba fazendo com que seus defensores acabem como cegos dando com a cara na parede, pra parafrasear Raul Seixas.


Para começar, o autor diz que reduzimos ''toda a história'' a uma sucessão de universais [liberalismo, comunismo, fascismo] sem notarmos o teor de classe por trás deles.


Essa alegação está equivocada em diversos níveis. Primeiro que essas três teorias não comportam a história toda, mas somente o desenvolvimento do mundo moderno/contemporâneo, a marcha do que chamamos de Ocidente. Segundo, não abordamos o mundo criado pelo Ocidente sem levar em conta os aspectos materiais da existência, o nascimento da sociedade de classes e a luta entre Trabalho e Capital.


Vamos deixar claro de uma vez: Sim, concordamos com a existência da luta de classes, de mecanismos de expropriação e alienação capitalista, e com a existência de uma dominação cultural, ideológica e econômica da burguesia.


O que não concordamos é que este seja o ''motor da história'', nem o fundamento por meio do qual todos os povos do mundo podem vir a ser libertados da opressão em que foram aprisionados pelo surgimento e pela marcha do Ocidente [cuja face vitoriosa é liberal, burguesa e capitalista].


Não somos materialistas, não somos marxistas. Mas os aspectos materiais da produção e distribuição de bens e os conflitos sociais fazem parte de nossa abordagem.


Outro equívoco monumental, e que também é uma contradição do artigo, se dá quando expõe a posição de Savin sobre o fascismo, o compara com o sujeito político da QTP, e mesmo percebendo que são diferentes, conclui que a proposta de Dugin se trata de um 'neofascismo'.


Ora, o fascismo se fundamenta em uma identidade nacional homogênea que se configura por meio de um Estado Nacional chauvinista. A QTP critica os fundamentos dessa teoria, e se Ícaro Leal Alves pretende de fato analisar as distinções nessas propostas não pode simplesmente varrer a óbvia diferença para debaixo do tapete, passando a sinonimizar ''povo'' com ''raça'' ou ''Estado''. 


A QTP coloca no núcleo de sua reflexão as identidades comunitárias, orgânicas, que se expressam por diversos modos de ser e por um imaginário. É a partir dessas identidades que se pode compreender, inclusive, as necessidades e as perspectivas econômicas adequadas das populações, sem cair na fôrma abstrata defendida por muitos marxistas ao longo dos últimos séculos, e que levou diversos países à catástrofe.


Não adianta falar em ''luta de classes'' quanto tudo o que se pretende é entregar todos os frutos do trabalho nas mãos de uma casta burocrática encravada em um aparato estatal superdimensionado e sufocante de toda a vida cultural, intelectual e orgânica da população. Ou Ícaro vai negar, acriticamente, que este foi um dos problemas concretos existentes nas experiências marxistas? Se a construção do socialismo prescinde das comunidades em que existimos, produzimos e vivemos, então estamos falando de espoliação, e não de libertação dos povos. 

Para vinho novo, odres novos. Ícaro Alves tenta encaixar em uma visão restrita uma teoria que é muito mais abrangente e complexa


O autor parece também ter repulsa à palavra etnia: mas povo não é sinônimo de etnia na QTP, para começar. E o conceito de ''etnia'' é um dos elementos chaves de toda a antropologia, não se confundindo inclusive com o de raça. O autor troca os pés pelas mãos em sua crítica. Chega a dizer que 'trocar o Estado pelo Povo' é um sintoma de ''neofascismo'', o que não posso encarar senão como piada, ainda mais vindo de um autodeclarado ''materialista''.


Não se mostrando capaz de tecer uma crítica direta a conceitos da QPT, o artigo finge que Povo significa Estado. Trata-se de uma distorção intencional do autor, uma ''mentirinha'', que compromete seu texto e inclusive sua honestidade intelectual.


De resto, a QTP entende muito bem a dinâmica do capitalismo financeiro, e se posiciona de modo anti-burguês. Quem não consegue teorizar ou analisar os verdadeiros desafios econômicos, políticos, culturais e geopolíticos de nosso tempo é justamente o marxismo-leninismo ''ortodoxo'', criado para pensar outro tempo, e derrotado nos embates da História.


A análise de Ícaro Alves, infelizmente, cheira a mofo. Hoje em dia, nem os aspectos econômicos do Imperialismotraz problemas exatamente iguais àqueles enfrentados por Lênin. O autor precisa urgentemente atualizar sua própria visão de marxismo antes de pensar em refutar teorias mais abrangentes, como as de Savin, Dugin e NR.



segunda-feira, 21 de setembro de 2020

DA RELAÇÃO ENTRE A NR E O FASCISMO, ou: sobre como provocamos histeria em liberais

 A Nova Resistência critica as três grandes teorias modernas: o liberalismo, o comunismo e o fascismo. Mas para colocar uma ideologia em um desses conjuntos, usamos critérios próprios à Quarta Teoria Política. É necessário entender, antes de qualquer outra consideração, a nossa aplicação das categorias de liberalismo, comunismo e fascismo.




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Recentemente, a Nova Resistência tem sido alvo de uma campanha de um grupo minúsculo de anarco-liberais que, travestidos de ''esquerda'', militam para manter a hegemonia liberal nos partidos que deveriam representar o campo nacional-popular-revolucionário.

Essa campanha não nos preocupa, pelo contrário: se o inimigo demonstra preocupação com nossa presença, é sinal de que o trabalho está na direção correta. Táticas de ''linchamento virtual'', o totalitarismo da ''cultura do cancelamento'', difamações sem pé nem cabeça etc. tem por efeito tão somente abrir oportunidade de divulgarmos nossas posições e ideias, ampliar a repercussão de nossas redes sociais e espaço de atuação, além de desmoralizar nossos adversários, que não suportam minimamente qualquer divergência ao mesmo tempo que enchem a boca para falar de ''democracia''.

Os iconoclastas que derrubam estátuas, deliram com um suposto ''lugar de fala'' que lhes permitiria monopolizar o debate público, e formam hordas para perseguir figuras importantes do próprio campo nacional-popular-revolucionário apenas dão novos tiros no pé, ao deixar claro para quem quiser ver que não passam de um cavalo de Tróia que, além de não terem voto e serem brandidos como espantalho pelo liberalismo-conservador, vivem numa bolha de intolerância e irrealidade.

Vou aproveitar o espaço que nos foi proporcionado pelo ranger de dentes de nossos inimigos liberais e esclarecer as relações entre a Nova Resistência, única organização quarto-teórica no Brasil, e o Fascismo.

O principal critério usado para associar uma dada ideologia a uma das 3 grandes teorias modernas criticadas pela QTP é o sujeito político mais fundamental dessa ideologia. Na hora de avaliar uma ideologia, nos perguntamos: qual o principal sujeito político mobilizado por ela?

É em torno do sujeito mobilizado que se levantam as principais reflexões filosóficas, políticas e sociais de dada ideologia, de modo que vamos direto ao coração de dada ideologia na hora de chamá-la de 'liberal', 'comunista' ou 'fascista'.

As palavras 'liberal', 'comunista' e 'fascista' que usamos para nos referirmos a cada uma das 3 grandes teorias modernas é, portanto, uma generalização, que parte de critérios teóricos próprios, e que não se subordina nem depende de outros critérios de classificação.

O núcleo central da Terceira Teoria Política, q denominamos de fascismo, é o sujeito 'nação/estado'. Toda ideologia que advoga a prioridade de um identidade nacional homogênea, diante da qual todas as demais associações pessoais se apagam, faz parte do fascismo.

A TTP, ou Fascismo, se caracteriza pela subordinação dos vínculos classistas, religiosos, regionais, institucionais, étnicos, raciais, culturais e outros a esse ultra-nacionalismo homogêneo.

A identidade fundamental se daria por um pertencimento à sociedade nacional. Não importa se essa sociedade nacional homogênea é construída abstratamente por critérios raciais, étnicos, culturais, históricos etc. Toda ideologia ideologia que parta prioritariamente desse sujeito político é, pelos critérios da QTP, uma ideologia que faz parte do conjunto 'FASCISMO'.

A NR chama de fascistas não apenas os movimentos associados ao nazismo ou a Mussolini. Incluímos na TTP regimes nacionalistas tais como o salazarismo, o franquismo, o peronismo, o integralismo e outros.

Percebam que não há valoração nessa apreciação, ela se deve a uma classificação teórica.

Assim, quando perfis anarco-liberais dizem em podcast que a QTP defende ''etnoestados'', estão chutando pra fora de modo tão escalafobético e vergonhoso que só nos provocam risos. Esses perfis anarco-malucos da esquerda pós-pós só demonstram, com acusações desse naipe, não entenderem bulhufas da QTP e das posições da NR.

Em certa medida, consideramos o fascismo como totalitário, e o Estado Nacional contemporâneo como 'etnocida'.Criticamos inclusive o getulismo quanto a seus aspectos homogeneizantes. Repudiamos a política indigenista do Estado Novo, a elevação da cultura carioca a uma caricatura de ''cultura nacional'' ou ainda a política de nacionalização q se abateu contra colônias de imigrantes.

Existem aspectos secundários do fascismo que também criticamos. O mais notável deles é o anti-comunismo de muitas dessas organizações. Vários movimentos de TTP ainda hoje são tomadas pelo vírus do anticomunismo fanático.

Não somos comunistas [falarei dessa teoria moderna em outra postagem], mas a consideramos uma posição hoje MORTA como utopia social e projeto de poder. Esse cadáver é brandido como espantalho por liberais que satanizam qualquer ameaça à sua hegemonia atual no Ocidente.

Do mesmo modo, rimos e condenamos o antifascismo histérico que também é brandido como espantalho por certos movimentos liberais que se travestem de ''esquerda'' pra defenderem pautas das grandes corporações, como é o caso dos anarco-malucos e suas agendas de bizarrices.

Isso posto, os adeptos da TTP estão muito mais próximos de nós por causa das qualidades periféricas de sua visão de mundo. [Lembro que consideramos TTP todo movimento a que outras ideologias chamariam genericamente de ''nacionalistas''.]

Por terem uma ênfase no bem comum, em uma perspectiva patriótica, serem ao mesmo tempo anti-individualistas, ''soberanistas'' e focados em uma identidade que não se reduz a um materialismo economicista, a TTP fornece bases mais sólidas para um SALTO [não continuidade] para a QTP.

A TTP busca se construir sob aspectos eminentemente populares [sejam eles históricos, culturais ou étnicos], e por isso tem um direcionamento parcialmente correto, embora manchado pela ''unipolaridade'' interna que os leva à homogeneização, e pelo racismo típico da modernidade.

O Trabalhismo é a principal corrente nacionalista no Brasil, e junto com o bolivarianismo chavista e o peronismo, uma das principais e mais frutíferas TTPs da América Latina. Se fundamenta na cultura popular, no anti-imperialismo, e na Democracia Social, sem cair em viés anti-comunista.

Nesse sentido, a tradição trabalhista tem de ser ''quarto-teorizada'', deixando de lado seus aspectos mais restritos, homogeneizantes e datados, a fim de se elevar ao patamar necessário para enfrentar os grandes debates e temas do mundo contemporâneo.

"Quarto-teorizar'' o trabalhismo é livrá-lo de seu aspecto fascista -- no sentido em que a QTP define fascismo. Estamos, portanto, fazendo exatamente o contrário do que os anarco-malucos, apoiadores de bizarrices liberais, nos acusam.

Queremos não só superar as tendências fascistas no trabalhismo, mas evitar também a redução dessa tradição política a uma mera fachada comunista ou liberal [falarei dessas teorias modernas em outras postagens].Os anarco-malucos e ''psolistas'' infiltrados no PDT desejam, evidentemente, transformá-lo em mais um partido pós-moderno.

Na verdade, os movimentos mais apegados ao cadáver fascista costumam criar inimizade com a NR justamente porque expomos a fragilidade da teoria e da práxis dessas organizações, que se tornaram, assim como a ''esquerdalha pós-pós'', em meros instrumentos da hegemonia liberal.

Organizações dissidentes que, diferentes da NR, são verdadeiramente TTP, em geral deram apoio ao Reino dos Bozós por conta de seu anti-comunismo histérico e de sua incapacidade de entender os reais conflitos do nosso tempo.

A NR é, de fato, o movimento trabalhista capaz de atualizar a tradição de Getúlio, Jango e Brizola, livrando-a de suas limitações terceiro-teóricas, e da infiltração que liberais tentam realizar em suas fileiras.

Na verdade, nós SIM somos os reais TRABALHISTAS.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Os Espasmos de uma militância que agoniza

por André Luiz V.B.T. dos Reis

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Certa bolha no Twitter vinculada à parte da militância pedetista exemplificou ontem de modo exato toda a problemática que tem sido debatida em veículos de imprensa sobre o totalitarismo e o fanatismo de alguns grupos de esquerda pós-moderna, que se definem como ''identitários''.

Esses grupos desenvolveram não só uma intolerância extrema como também métodos para calar e retirar do debate público qualquer posicionamento que não seja chancelado por eles próprios.


A mídia tem dado muito destaque à infame ''cultura do cancelamento'', em que ignorante arremetem contra qualquer um, inclusive pesquisadores e especialistas, que eles pensem não ter direito ou ''lugar de fala'' para tratar de determinados temas. Bitolados, eles acreditam possuir um monopólio do discurso sobre certos assuntos, o que significa impor um interdito a discordância de seus 'doutos' pareceres.


Mas a doença daquilo que vou chamar daqui por diante como ''esquerdalha'' é mais antiga do que a repercussão que alcançou recentemente nos meios de comunicação. Pessoas familiarizadas com a vida acadêmica sabem que os tais grupelhos se esforçam para vetar o estudo de nomes importantes do cânone de conhecimento, para forçar o estudo de outros, invadem aulas para calar professores, armam confusões em eventos que não agradam à sua ideologia, desrespeitam cultos em Igrejas etc.


Voltando ao acontecimento que motivou essas linhas, a turma do ''cala a boca'' que inchou o PDT nos últimos anos -- tentando transformar o partido em uma cópia bastante aproximada do PT e do PSOL -- atacou o candidato a vereador André Matos. O crime do sujeito seria concordar com os posicionamentos trabalhistas da Nova Resistência.


Como não é segredo para ninguém, a NR critica todo o programa de engenharia social identitária pós-moderna, que fragmenta a sociedade brasileira segundo parâmetros dos grandes centros capitalistas de poder, das megacorporações globais, e que tem por objetivo avançar um cosmopolitismo de costumes que caminha de mãos dadas com o mercado mundial.


Resposta do candidato André Matos à perseguição de parte de uma militância fanática e bitolada, cujo totalitarismo não suporta qualquer posição divergente


A agenda cultural priorizada por esses movimentos se choca frontalmente com os valores mais profundos das populações brasileiras, criando um fosso entre o povo e as organizações verdadeiramente nacionalistas-populares. Esse fosso, buraco cavado pela esquerdalha, é responsável pelo atual cenário desastroso em que se encontra a República, sequestrada por um súcia entreguista que pretende sepultar as possibilidades de independência e soberania da Pátria.


Ao criticar a pós-modernidade líquida, a NR nada mais faz do que proteger o sistema de valores mais fundamental que conforma a cosmovisão do brasileiro comum, que não admite nem apoia violência contra supostas ''minorias'', mas tampouco está disposto a viver em um país cujas leis são impostas por meia dúzia de três saídos de uma pequena burguesia voltada para o que acontece na Europa e nos EUA, e cujo patriotismo se resume à defesa de recursos materiais que existem em nosso território, sem qualquer compromisso orgânico com as culturas populares.


Inconformados com tamanha ousadia de uma organização como a nossa, que se coloca ao lado do povo como eles jamais poderão fazer, só resta a esses alucinados a gritaria, a chiadeira, a choradeira, a perseguição e o uso indiscriminado de jargões e rótulos que retiram de um esvaziado baú de idéias mofadas que carregam nas costas.


Para a esquerdalha, acreditar em Deus, ser contra o aborto, defender a família tradicional, ser contrário à ''ideologia de gênero'', exigir penas mais rigorosas para o crime, contestar o feminismo anti-essencialista, denunciar o lobby pró-pedofilia etc. são sintomas de ''fascismo''. Mas essa é tão somente a moralidade básica das classes populares, aquelas que esses militantes saídos do seio de uma classe média com culpa burguesa odeiam com todas as forças.


Nós, na Nova Resistência, somos trabalhadores brasileiros, muitas vezes saídos dos subúrbios e periferias das grandes cidades, ou então do interior onde ainda pulsa o Brasil Profundo; somos representantes dos ''sertões'' do país, inspirados por toda a história de luta de nossos ancestrais de todas as etnias e regiões, que se levantaram de diversas maneiras -- com armas algumas vezes, com malandragem e falsa adequação às normas, em outras -- contra as tentativas do ''litoral'' de impor um conceito de ''civilização'' que perpetua o status escravista das relações de poder do país.


Essa esquerdalha que repete mandamentos proclamados por suas divindades situadas em São Francisco, Nova Iorque e Londres carrega o mesmo tipo de mentalidade e retórica daqueles que investiram contra os Cariris, contra Palmares, contra Canudos, contra o Contestado, contra o Queremismo, contra a Brizolândia etc.


São os mesmos, exatamente os mesmos, travestidos com outras bandeiras, mas que carregam o mesmo temor que as elites da Primeira República sentiam do Monstro da Lagoa Negra que, ao se erguer, engoliria e destruiria todos os projetos eurocêntricos e ocidentalizantes com que o racismo das elites sempre se expressou.


Mal sabem eles, que tanto rotulam, que já estão marcados. Não por nós, mas pelo povo que desprezaram. A hora deles já soou, e não vai adiantar pularem de uma legenda decrépita -- PT ou PSOL -- para outra ainda minimamente viva pensando que vão enganar os brasileiros. Eles já não conseguem mais esconder a quem servem, lacaios do imperialismo que são.