Continuação da série de maiores jogadores do Flamengo, citados por posição e em ordem cronológica. Abaixo, três grandes atletas formados n'O Mais Querido e que ganharam o mundo e marcaram a seleção brasileira.
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Zagueiros:
ii. Francisco Reyes e Antonio Rondinelli
i. Píndaro de Carvalho, Domingos da Guia e Jadir
Goleiros:
iii. Gilmar Rinaldi, Júlio César e Outros.
ii. Sinforíano García, Antonio Cantareli e Raul Plassmann
i. Amado Begnino e Yustrich [Amado Begnino]
6) MOZER, ''A MURALHA'' [1980/87]
Zé Carlos era um menino pobre de Bangu, famoso em peladas nas quadras [que hoje chegaram ao fim] da Praça Primeiro de Maio. E se tornou destaque e um dos símbolos daquelas que podem ter sido as duas maiores gerações de zagueiros já produzidas no futebol brasileiro, as de 1980 e 1990. Naqueles anos, tivemos não só Mozer, mas também Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Aldair, Mauro Galvão, Edinho e outros.
Curiosamente, Mozer foi desprezado nas categorias de base do Botafogo. Mas no Flamengo, pelo contrário, se tornou ídolo. Júnior dizia que o time titular gostava de chegar mais cedo no Maracanã pra ver a atuação do junior [hoje diriam ''sub-20''] nas preliminares. O garoto era a síntese entre a raça de Rondinelli e a categoria de Domingos da Guia. E se transformou em excepcional batedor de faltas.
Sua contribuição para a Era de Ouro do Flamengo é indiscutível. Já disputava a posição no time principal desde o primeiro ano como profissional. Foi por causa dele que os dirigentes se sentiram seguros para vender o passe de Rondinelli. Foi também crucial nas vitórias na Libertadores da América sobre o Atlético Mineiro, em 1982, e sobre o Santos, em 1984.
Mozer não foi unanimidade apenas no Flamengo. Se transformou em um dos maiores ídolos da história do Benfica em duas passagens vitoriosas, no fim dos anos 1980 e no início dos anos 1990. E um dos grandes ídolos da história do Olympique de Marselha, o clube mais popular da França. E assim levantou campeonatos nacionais em três países diferentes: Brasil, Portugal e França.
Sua história com a seleção é um pouco mais complicada. Era consenso para a Copa de 1986, mas foi cortado por contusão pouco antes da competição. Começou como titular em 1990, mas perdeu a posição no time por divergências com o treinador sobre qual seria o papel do líbero. Estava no banco no jogo da eliminação para a Argentina. Mais ainda, se envolveu nas brigas da equipe com a comissão técnica e a diretoria da CBF, se queimando com Ricardo Teixeira, presidente da organização. Acabou cortado de maneira nebulosa da Copa de 1994. Oficialmente, um exame demonstrou que ele estaria com hepatite. O atleta realizou exames fora da seleção e no Benfica, clube que defendia então, e mostrou que a alegação era uma fraude. O destino quis que Aldair, que o substituiu quando saiu do Flamengo em 1987, ocupasse seu lugar no elenco que conquistaria o Mundial nos EUA.
No Flamengo, conquistou as Taças Guanabara de 1980/81/82 e 1984; os Campeonatos Cariocas de 1981 e 1986; os Campeonatos Brasileiros de 1980, 1982/83; a Libertadores da América de 1981; o Mundial Interclubes em 1981. Jogou com gênios como Zico, Júnior, Leandro, Adílio, Tita, Aldair, Carpegiani e outros.
O baiano Aldair era Flamengo mas tinha um pai fanático pelo Vasco. Por isso começou nas divisões de base do arqui-rival. Não se adaptou, foi embora, e mentiu para o 'véio', dizendo que havia sido dispensado.
Ledo engano. Aldair era um jogador forte, alto, rápido e tecnicamente exuberante como poucos vistos nos anos 1980 e 1990. Chegou à Gávea em 1982 ainda atuando como atacante, e foi recuado para a quarta zaga por Carlinhos, ex-ídolo do clube e que então trabalhava nas divisões de base [mais tarde, seria técnico vencedor na equipe profissional].
Testemunhas dizem que o destro Aldair aprendeu a usar a perna esquerda só para jogar na quarta zaga. E ele não apenas a usava, mas lecionava. Contribuiu para a conquista do campeonato carioca de 1986 e do Campeonato Brasileiro de 1987. Mas só se firmou como titular depois que Edinho, contratado para substituir Mozer, deixou o clube. Emendou duas Taças Guanabara antes de ser vendido por uma ninharia para o Benfica em meados dos anos 1989: Curiosamente, o clube português o levou também para substituir Mozer, que partia para o Olympique de Marselha.
Não ficou muito tempo no Benfica. Os dirigentes do Roma ficaram admirados com suas atuações, inclusive um lendário desempenho contra o Milan de Gullit, Van Basten e Rjikaard, e o contrataram para a temporada seguinte. Tornou-se ídolo incontestável da equipe italiana, atuando como titular por doze temporadas. O clube aposentou a camisa 6 quando Aldair foi embora.
Também tem rica história na seleção brasileira. Foi titular na conquista da Copa América de 1989, rompendo o jejum de quarenta anos na competição. Venceu o torneio sul-americano também em 1997, mesmo ano em que levantou a Copa das Confederações. Ajudou à seleção olímpica a conquistar a medalha de bronze em 1996. Fez parte do elenco da Copa de 1990, mas não foi aproveitado em nenhum jogo. Depois do corte de Mozer em 1994, se tornou titular e um dos líderes técnicos da equipe tetracampeã do mundo. Foi titular em mais um Mundial, em 1998, atuando ao lado de Júnior Baiano, seu conterrâneo e zagueiro também formado na Gávea. Naquela ocasião, a seleção terminou com o vice-campeonato.
Aldair ainda está na ativa, dessa vez no futevôlei, esporte em que defende os veteranos do Flamengo. É indiscutivelmente um dos maiores zagueiros do futebol pátrio.
O garoto carioca do Humaitá era rubro-negro fanático e craque do futsal quando chegou nas categorias de base da Gávea, ainda como meio campo. Depois de recuado para a zaga, se tornou ídolo do clube nos juvenis. Torcedores como eu já o acompanhavam com orgulho quando Juan acumulava taças ainda como junior.
Juan se fixou na equipe principal na campanha que levou ao título da Mercosul de 1999, conquistada em cima do Palmeiras no Parque Antártica. O zagueiro, que ganharia também fama de artilheiro, marcou um gol naquela decisão. Atleta fundamental nos dois últimos títulos do lendário tricampeonato 99/00/01, contra o Vasco, Juan também se destacou na conquista da Copa dos Campeões 2001 contra o São Paulo.
Depois seguiu caminho semelhante ao de Mozer e Aldair. Passe vendido ao Benfica e depois ao Roma, onde se consolidou como um dos grandes zagueiros da primeira década do século.
Na seleção, foi titular absoluto por sete anos consecutivos. Levantou a Copa América de 2004 e 2007, e a Copa das Confederações de 2005 e 2009. Participou de duas Copas do Mundo, em 2006 e 2010, terminando ambas em quinto lugar.
Retornou ao Brasil em 2012, e depois de 3 anos de Internacional, deu um sprint final na carreira no clube de seu coração. Sua ajuda foi imprescindível para que o Flamengo voltasse a disputar as primeiras posições do Campeonato Brasileiro, a partir de 2016. Em 2018, empatou os 33 gols de Júnior Baiano, se tornando, junto com o antecessor, o maior zagueiro artilheiro do clube.
A contusão de Juan no fim de 2018 foi um dos fatores que impediu que o Flamengo fosse campeão nacional naquele ano. Ficou seis meses fora da equipe, e retornou para se despedir, primeiro no estadual, e depois na estreia do time no Campeonato Brasileiro de 2019. O suficiente para fazer parte da campanha do título daquele ano. Juan continua contribuindo pr'O Mais Querido, dessa vez como gerente de futebol.
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