terça-feira, 20 de dezembro de 2022

OS 10 MAIORES JOGADORES DA HISTÓRIA, NÚMERO 7: ZINÉDINE ZIDANE

 O 7º lugar na lista dá a dimensão da qualidade extraordinária de um dos grandes meia-armadores [ou "maestros", como dizem os italianos] já vistos, e um dos grandes responsáveis pelo sucesso de duas variações do 4-5-1, a família de esquemas táticos mais influente dos últimos trinta anos. A história de Zidane é indissociável da seleção francesa. Ele fez o país se esquecer um pouco do genial Michel Platini, abandonar o posto secundário que ocupava no futebol mundial, e ganhar uma Eurocopa, mais uma vez com um tento decisivo de seu principal jogador. Zidane fez da França uma potência.




NÚMERO 7: ZINÉDINE ZIDANE


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Reconsiderei a dimensão de Zidane na minha lista, tirando-o do top 5 e do posto de maior jogador europeu da História. Nada contra Zizou, apenas apuração dos critérios e uma reflexão mais atenta sobre seu papel nos Mundiais de 1998 e 2006. No primeiro caso, não fez uma Copa espetacular, mas decidiu o título na final. No segundo caso, teve um dos maiores desempenhos de um jogador na história das Copas do Mundo durante a fase eliminatória, mas não a decidiu a favor dos "Azuis".


De todo modo, o sétimo lugar na lista dá a dimensão da qualidade extraordinária de um dos grandes meia-armadores [ou "maestros", como dizem os italianos] já vistos no universo da bola, e um dos grandes responsáveis pelo sucesso de duas variações do 4-5-1, a família de esquemas táticos mais influente dos últimos trinta anos: o 4-3-2-1, de 1998; e o 4-2-3-1, de 2002.


Lembro que os franceses possuíam muita expectativa com a participação de Zizou em 1998. A França possuía um time contestado: uma linha de defensores muito forte com um meio e ataque bastante mediano em termos internacionais. Mas Zidane era astro da Juventus campeã mundial em 1996 e despertava esperança.


Depois de um bom início de Copa, o principal jogador da seleção francesa foi expulso no terceiro jogo da fase de grupos. Ficou de fora da grande batalha de oitavas de final contra o Paraguai, e que terminou com a vitória dos Azuis com um gol de ouro no último minuto da prorrogação. O adversário da fase seguinte foi a poderosa Itália, que se entrincheirou no seu lado do campo no templo complementar e durante toda a prorrogação, levando a decisão para os penais. Naquela partida, Zidane estava de volta à equipe, e comandou as principais jogadas dos Azuis, encurralando os adversários. No entanto, o narrador da Globo cismava em implicar com o jogador, toda hora chamando a atenção de Casagrande, o comentarista daquela ocasião, dizendo, ''olha, e os franceses tinham muita esperança nesse jogador, mas ele não está resolvendo...''


Na quarta vez em que ouviu a ladainha, Casagrande não aguentou. Explodiu contra o narrador dizendo quase aos gritos, ''pra mim, ele está muito bem, está arrebentando. Agora, fazer tudo certo o tempo todo só se fosse o Pelé!"


Assim como aconteceu com Casagrande, foi aquela atuação que me convenceu de que Zidane era um craque daquele naipe decisivo, que cresce na ''hora da onça beber água''. Desnecessário recordar como Zizou conquistou aquela Copa para seu país. Depois de sair da Juventus, se tornou em líder e principal estrela de um Real Madri repleto de gente graúda, chegando a eclipsar até mesmo Ronaldo Fenômeno no time. Foi dele um dos mais belos gols da história da Liga das Campeões, garantindo o título para o clube madrilenho.


Apesar disso, a história de Zinedine é indissociável da seleção francesa. Ele fez o país se esquecer um pouco do grande Michel Platini, abandonar o posto secundário que ocupava no futebol mundial, e ganhar uma Eurocopa, mais uma vez com um tento decisivo de seu principal jogador. Zidane fez da França uma potência europeia e mundial.


Problemas físicos impediram que brilhasse na Copa de 2002, mas quando ninguém mais acreditava, nem mesmo os franceses, o meio campista desenhou as mais belas páginas de sua carreira em pleno Mundial da Alemanha.


O experiente atleta brigou com a imprensa, com quem não trocou um só pio durante a Copa. Depois da sofrida classificação para as oitavas, realizou duas das maiores atuações de um atleta numa competição entre seleções, inclusive contra o nosso escrete -- que era a grande favorita para a conquista.


Zinedine ficou conhecido pela expulsão na final de 2006 depois de aplicar uma cabeçada no defensor da Itália. Até a justificativa para a agressão despertou admiração em alguns. Segundo Zizou, o sujeito havia ferido a honra de sua irmã, e nem uma final de Mundial justificaria uma omissão dele diante da ofensa. Nesse episódio, o meia mostrava o quanto havia de argelino nele.


Zidane não era um meia de dribles deslumbrantes, de firulas, de espetáculos desnecessários. Nesse aspecto, ele lembrava muito o nosso Gérson ''Canhotinha de Ouro'', cuja genialidade se expressava por um domínio da pelota e do jogo na meia cancha, pela qualidade do passe, do chute, e pela liderança indiscutível no gramado.


Talvez seja também o mais conhecido carrasco do Brasil em Copas do Mundo, roubando um posto que pertencia a Paolo Rossi.

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