quinta-feira, 27 de março de 2014

A Rússia inaugura novo capítulo na História

Bom, acabou. Ou melhor, começou. O ''fim da história'' se revelou, no máximo, o fim de um capítulo, e o novo ''império de mil anos'' que alguns viam nos Estados Unidos parece ter durado menos do que a hegemonia do Império Britânico. 

O 'Ocidente' conseguiu aprovar uma resolução da Assembleia Geral da ONU condenando a anexação da Crimeia pela Rússia [1]. Mas a Assembleia Geral não vale grande coisa e os Brics se abstiveram, o que diz muito mais do que o resultado final da votação.

A UE e os EUA esgotaram toda a sua capacidade de ameaça. Os russos não se intimidaram com as tropas da OTAN na fronteira polonesa, nem tampouco com sanções econômicas que seus adversários não podem cumprir. A Europa é dependente do gás russo e os Estados Unidos estão falidos, esta é a dura verdade que muitos terão de encarar para além da erística política [2]. As grandes empresas internacionais também não mostram nenhuma intenção de reduzir seus investimentos na Rússia por causa da crise na Ucrânia [3]

O fracasso das pressões políticas, militares e econômicas mostram o ocaso rápido e fulminante do unilateralismo ocidental, os limites da OTAN, a incrível velocidade da recuperação russa e o baile que os diplomatas do Oeste levaram de Putin na questão georgiana, síria e agora ucraniana. Como disse um amigo meu, não gastem muito em mapas múndi nos próximos anos. Não só a Rússia continuará a recuperar sua área de influência imediata do espaço pós-soviético como também a China tem todo interesse do mundo em reeditar o antigo Império. Mudanças ferozes estão por vir. E essa, aparentemente, é a maior das derrotas do Ocidente: a ascensão de teorias políticas, econômicas e sociais politicamente viáveis para desafiar o liberalismo e a social democracia ao redor do globo [4]. Era tudo o que temiam os globalistas, tanto de direita quanto de esquerda. [5]



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[2] Para bom entendedor, Merkel jogou a toalha quanto a este último ponto: Ocidente não tem como cumprir sanções à Rússia


[4] Putin chutou o pau da barraca: Rússia declara objetivos geopolíticos independentes

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