domingo, 30 de junho de 2024

OS MAIORES DA HISTÓRIA DO FLAMENGO -- Meia-Atacantes: Arrascaeta e Outros

 Arrascaeta é o maior estrangeiro da história do Flamengo? Conheça parte dos números e feitos que justificam a polêmica, e também o nome de outros atletas que poderiam estar na prateleira principal desta sequência sobre os maiores Pontas-de-Lança do Flamengo. A série apresenta os jogadores por posição e em ordem cronológica. Na próxima postagem, começo a tratar dos Ponteiros/Atacantes.


7) DE ARRASCAETA [2019/ATÉ O PRESENTE]




Arrascaeta chegou ao Flamengo em janeiro de 2019 como a maior contratação da história do futebol brasileiro. O clube pagava 15 milhões de euros pelos direitos federativos do atleta. Houve quem torcesse o nariz, e jornalistas contestaram o negócio em alto e bom som. Um comentarista chegou a compará-lo com “carne de segunda”. Poucos meses depois, ele seria ainda um dos pivôs das críticas feitas ao técnico Abel Braga, que não o escalava na equipe alegando que não tinha pedido sua contratação.

Hoje, todas essas histórias parecem engraçadas. O uruguaio se transformou em um dos maiores ídolos dessa geração e a natureza da polêmica também mudou. A pergunta é se Arrascaeta é o maior estrangeiro que já vestiu o Manto Santo Sagrado.





Com a vinda de Jorge Jesus, Arrasca ganhou lugar cativo na meia esquerda rubro-negra, e em muitos jogos atuou centralizado, como legítimo Ponta-de-Lança. Se fixou nessa posição com Domenec e Renato Gaúcho, e seu futebol cresceu a ponto de ser considerado por muitos o principal jogador da equipe.



Arrasca é quarto estrangeiro que mais defendeu o Flamengo em campo, com 256 partidas até junho de 2024. E provável que passe Doval [263] e Garcia [273] ainda nesta temporada. O recordista é o paraguaio Modesto Bría [369]. O uruguaio é também o terceiro maior goleador estrangeiro do clube, com 65 gols. Nesse momento, está atrás apenas de Jorge Benítez [74] e do recordista Narciso Doval [95].

Arrasca foi líder de assistências entre 2020 e 2023. Em toda a carreira no clube, já são 84 passes para um companheiro marcar. A decisão da Libertadores de 2019 não foi um acaso, e não se trata somente da beleza de jogadas como a bicicleta contra o Ceará, mas de consistência, regularidade e poder de decisão.




Ele também é o estrangeiro mais vitorioso de toda a história do futebol brasileiro, superando Arce, lateral direito paraguaio que marcou época no Grêmio e no Palmeiras.
Tamanha qualidade o tornou imprescindível também na seleção uruguaia. Peça importante no elenco da Celeste, jogou a Copa do Mundo de 2022, conquistando espaço no time e marcando gols importantes. Atualmente, disputa a posição de meia-atacante no Uruguai com outro jogador rubro-negro, Nico De La Cruz.



Suas principais conquistas pelo Flamengo por enquanto são os Cariocas de 2019/20/21 e 24; as Supercopas do Brasil de 2020/21; a Recopa Sul-Americana de 2020; a Copa do Brasil de 2022; os Campeonatos Brasileiros de 2019/20; as Libertadores da América de 2019 e 2022.



É o suficiente para ser considerado o maior estrangeiro da Gávea? O Mais Querido do Brasil tem ídolos imortais vindos de outros países, como Sidney Pullen, Volante, Modesto Bría, Valido, García, Benítez, Reyes, Doval, Petkovic. Para não falar de treinadores como Kurschner, Fleitas Solich e Jorge Jesus. O tempo dirá, já que o céu é o limite para Arrascaeta no Flamengo, que completou 30 anos de idade nesta temporada.


Ninguém mais na mídia tem coragem hoje de contestar a excelência da negociação feita em 2019.




OUTROS

Para terminar os pontas de lança e seguir adiante, coloco alguns atletas que não estão na prateleira principal. Lembrando que se os critérios fossem outros, é possível que a lista mudasse.

I) ANÍBAL “CANDIOTA”, O “PRÍNCIPE DOS PASSES” [1920/27]



Ponta de Lança antes da invenção do Ponta de Lança, o gaúcho Candiota consta na posição pela precisão dos passes e faro de gols. Foram 50 em 118 partidas com o Manto Sagrado, e participação fundamental nas campanhas dos títulos cariocas de 1920/21, 25 e 27. Fez parte também da seleção carioca e brasileira.


II) JAIR DA ROSA PINTO [1947/49]



Nascido no interior do Rio e parte do famoso ataque dos “Três Patetas” no Madureira, “Jajá” virou ídolo do Expresso da Vitória vascaíno entre 1943 e 46. Foi comprado para o Flamengo, jogando ao lado de Zizinho, Biguá, Durval e outros. Não foi campeão, mas marcou 62 gols com o Manto Sagrado, o que o garante como 48º maior artilheiro rubro-negro. Poderia ser muito mais no clube não tivesse sido alvo de uma campanha de Ary Barroso, que depois de derrota d’O Mais Querido para o Vasco, o acusou sem provas de aceitar suborno da equipe cruz-maltina. Saiu da Gávea e foi fazer história no Palmeiras. Na foto de 1949, de jogo em que o Flamengo derrota o Arsenal, base da seleção inglesa, Jajá é o quarto agachado da esquerda para a direita.


III) BENÍTEZ [1952/56]



O paraguaio, que surpreendeu os brasileiros com a campanha de sua seleção no Sul-Americano [Copa América] de 1949, se tornou o maior goleador estrangeiro do Flamengo. Só foi superado até agora por Doval, ídolo dos anos 1960/70 e de quem falarei em breve. Foram 74 gols com o Manto Sagrado e participação decisiva na conquista do Carioca de 1953, em que foi artilheiro em disputa com a revelação do campeonato, um ponta do Botafogo chamado Garrincha. Dizem que o Flamengo teria vencido o Carioca de 1952 também caso ele não tivesse se machucado. A partir de 1954 sofreu a concorrência de Evaristo, e as contusões acabaram abreviando sua carreira. Tricampeão Carioca 1953/54/55.


IV) ALMIR “PERNAMBUQUINHO” [1965/67]



Ídolo do Sport, do Vasco, do Corinthians e do Santos, chegou ao Flamengo ostentando também carreira internacional na Argentina e na Itália. Foi um dos jogadores mais técnicos e mais esquentados daqueles anos. Conduziu o Flamengo ao título carioca de 1965, mas é ainda mais lembrado por uma das maiores pancadarias da história do futebol pátrio, ocorrida no Maracanã após a perda do estadual para o Bangu. Acabou assassinado no Rio em 1973, 5 anos depois de pendurar as chuteiras no América-RJ.


V) IRANILDO, O “CHUCHU” [1996/2000; 2002/03]


Revelação do Madureira no Carioca de 1995, emprestado ao Botafogo e campeão brasileiro pelo alvinegro na mesma temporada, “Chuchu” veio para o Flamengo depois de Kleber Leite, presidente d’O Mais Querido que era grande fã do meia-atacante, vencer a disputa por sua contratação em cima de Carlos Augusto Montenegro, manda-chuva do Glorioso e do IBOPE. Iranildo nunca chegou ao estrelato que seu início de carreira prometia, mas foi fundamental na conquista de 3 cariocas [1996 invicto – campeonato em que era a grande arma secreta de Joel Santana --, 1999/2000], chegando a colocar Petkovic no banco, e também da Mercosul de 1999. Tem mais de 280 partidas defendendo o Manto Sagrado e 34 gols.

Clique nos links para ler os textos anteriores da série:
Meia-Atacantes:






Meia-Armadores:









Volantes:





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