sábado, 1 de junho de 2024

OS MAIORES DA HISTÓRIA DO FLAMENGO -- Meia-armadores: Adílio "Neguinho bom de bola" e Zinho

Único atleta a vestir as camisas das seleções brasileiras de futebol e de futsal, o Neguinho bom de bola é um dos principais ícones da Era de Ouro do Flamengo, e o terceiro atleta que mais defendeu o Manto Sagrado em toda a História. O segundo jogador relembrado hoje é o detém o maior número de títulos nacionais no futebol brasileiro, e teve importância em dois dos Campeonatos Brasileiros d'O Mais Querido. É também o 11º jogador que mais vestiu a camisa preta e encarnada. Clique nos links no fim da postagem para ter acesso aos demais capítulos da série, que segue por posição e em ordem cronológica.



6) ADÍLIO, O "BROWN", "NEGUINHO BOM DE BOLA", "MENINO JÓIA RARA" [1975/87; 1990]




Vem o nêgo bom de bola, meu irmão/morou na cruzada e hoje é craque do Mengão/Eu vou dizer, você não vai acreditar/Quando o nêgo pega a bola dá um show particular/É gol do Mengo, gol de Zico, que olé/Foi passe de Adílio, sempre com a bola no pé!

3º jogador que mais vestiu o Manto Sagrado, com 617 partidas [menos apenas que Júnior e Zico], 13º artilheiro da história d’O Mais Querido, com 129 gols, o carioca Adílio venceu tudo com a camisa do Flamengo, do dente-de-leite, onde chegou em 1963, com apenas 7 anos de idade, até como treinador das divisões de base na primeira década desse século. A ''jóia rara'' é um dos ícones e um dos grandes ídolos da Era de Ouro, ainda que seu nome sofra de um certo esquecimento nas últimas duas décadas.



Seu futebol superou as diferenças clubísticas. No início dos anos 1980, o “neguinho bom de bola” era uma unanimidade em todos os rincões do país. O que torna um mistério ainda maior o fato de não ter tido uma carreira na Seleção.

As únicas explicações plausíveis são a concorrência intensa em sua época, com meias do porte de Carpegiani, Falcão, Cerezo e Sócrates; a profusão de ‘’cabeças de área’’ roubando posições no campo, processo iniciado ainda em meados dos anos 1970; e um fator crucial, que hoje chega a ser irônico: Adílio estava muito à frente de seu tempo.




Sim, ele era a imagem acabada da polivalência. Atuava como meia em qualquer posição do campo, embora preferisse articular jogadas vindo de trás. Mas caía também pelos lados, e entrava pela esquerda como um ponta. A capacidade de atuar em mais de uma posição e exercer funções diversificadas é um dos grandes trunfos de um atleta no futebol atual. Mas era mal visto e até ridicularizado até pelo menos os anos 1990.

O fato é que Adílio matou a pau nas chances que lhe foram dadas no time canarinho, bastando ver o jogo entre Brasil e Alemanha, nas vésperas da Copa de 1982, em que o “neguinho bom de bola” acabou com o jogo. Não foi o suficiente para convencer Telê.




Nada que seu talento não pudesse superar: no fim dos anos 1980, o craque decidiu jogar futebol de salão, e acabou campeão mundial pelo Brasil em 1989. Ele é o único da história a ter atuado pelas seleções brasileiras de futebol e de futsal.

Muitos dos seus gols são antológicos e importantes, como na final do Carioca de 1981 contra o Vasco, o do pentacampeonato da Taça Guanabara em 1982, e o do tricampeonato brasileiro em 1983.



Adílio foi profissionalizado n’O Mais Querido em 1975, com 19 anos, e só deixou a Gávea em 1987. Virou então um andarilho, defendendo desde o Coritiba ao Barcelona de Guayaquil, desde o Avaí até o Allianza de Lima. Só pendurou as chuteiras em 1997, aos 41 anos de idade.




Seus principais títulos pelo Flamengo são as Taças Guanabara de 1978/79/80/81/82 e 84; os Cariocas de 1978/79/79 especial, 1981 e 1986; os Campeonatos Brasileiros de 1980, 82/83; a Taça Libertadores da América em 1981; o Mundial Interclubes em 1981.

Um detalhe: nunca foi expulso e levou apenas dois cartões amarelos em toda a carreira.




7) ZINHO, "O MOTORZINHO" [1986/1992; 2004/05]



Crizam César, nascido e criado em Nova Iguaçu, na Grande Rio, se tornou um dos jogadores com a carreira mais completa da história do país. Marcou profundamente 4 grandes clubes brasileiros, o Flamengo, o Palmeiras, o Grêmio e o Cruzeiro, levando cada um deles a títulos nacionais; e dizia comumente que “o Flamengo é minha mãe e o Palmeiras é minha esposa”, para apontar os vínculos afetivos com as duas instituições.



Formado nas divisões de base da Gávea, onde chegou aos 11 anos de idade, Zinho foi profissionalizado com apenas 19 anos. Na época, era um ponta esquerda arisco, com velocidade, drible fácil e bastante profundidade. Mas o gênio do técnico Carlinhos – um dos mais subestimados treinadores do país e de quem falaremos mais quando chegar o tempo, já que o Flamengo de 1987 trouxe inovações e mudanças táticas que depois fariam história no futebol brasileiro. – o transformou rapidamente em um meia esquerda, aproveitando seu senso de colocação, obediência tática e passe apurado.




Como meia armador do Flamengo, Zinho somou um bicampeonato da Taça Guanabara [88/89], dois Brasileiros [87 e 92], uma Copa do Brasil [1990] e um carioca [1991] ao título estadual que havia conquistado como partícipe do elenco de 1986.




Saiu do Flamengo em 1992 para levantar taças sem fim no Palmeiras, no Yokohama Fluges [do Japão], no Grêmio e no Cruzeiro. Retornou em 2004, aos 37 anos, com o propósito de encerrar a carreira n’O Mais Querido. Era um dos períodos mais complicados da história do clube, só comparável à virada do anos 1920 para os anos 1930. Zinho ajudou uma jovem e pouco talentosa equipe na conquista de mais um campeonato estadual, o de 2004, mas no ano seguinte deixou a Gávea e rumou para os EUA, onde colocou fim à sua gloriosa trajetória em 2007.



Ele também tem páginas especiais pela seleção brasileira, em que atuou por quase uma década, desde suas primeiras convocações, em 1989, até às vésperas da Copa de 1998. Era titular na equipe que rompeu o jejum de Copas do Brasil, conquistando o tetra nos EUA, em 1994.



Zinho é o 11º jogador com mais jogos pelo Flamengo. Foram 470 partidas defendendo o Manto Sagrado. Junto com Andrade e Dagoberto, é o jogador com o maior número de títulos brasileiros, em um total de cinco. Mas diferente dos dois primeiros, Zinho conquistou também 4 Copas do Brasil. Pode ser considerado, portanto, como o atleta com mais títulos nacionais de futebol profissional.



Nenhum comentário:

Postar um comentário