Continuação da série sobre os Maiores do Flamengo, apresentada por posição e em ordem cronológica. A vez é de Liminha e Andrade, dois jogadores que estão entre os dez com maior número de partidas defendendo o Manto Sagrado. Liminha foi apelidado pelo locutor Waldir Amaral de "Carregador de Pianos", epíteto que se tornou clássico para se referir a volantes caracterizados pelo esforço de marcação em campo. Andrade é parte fundamental da maior equipe da história do Flamengo. Para ler as postagens anteriores, clique nos links no fim desse texto.
5) LIMINHA, O ''CARREGADOR DE PIANOS'' E ''MOTORZINHO DA GÁVEA'' [1968/1975]
Um olheiro do Flamengo descobriu um talentoso e técnico lateral no Votuporanguense, clube do interior de São Paulo. Quando tentou contratar Cardosinho, teve de trazer um ''contrapeso'' da negociação, o volante João Crevelim. Poucos sabem quem foi Cardosinho, que teve passagem rápida e apagada no rubro-negro. Já o volante se tornou uma das grandes ''instituições'' da Gávea, idolatrado pelo nome de Liminha, símbolo de raça e referência para toda a geração da Era de Ouro.
Corria o ano de 1968 quando esse paulista de Tietê chegou ao Flamengo, já com 24 anos de idade. Seu imenso fôlego, garra e disposição física caiu nas graças da torcida, e ele se tornou dono da posição por sete temporadas consecutivas. Liminha é o 9º jogador com mais partidas com a camisa preta e encarnada, em um total de 512.
No início, atuou com o Carlinhos ''Violino'', que por causa da idade era escalado mais como um meia armador. Foi aí que o locutor e radialista Waldir Amaral, inventor de grandes bordões, explicou a chegada do novo volante na Gávea pela criação de um epíteto que cairia no gosto do povo. Se Carlinhos era o Violino por causa da elegância, habilidade e passe preciso; Liminha era o ''Carregador de Pianos'', um operário da bola com físico privilegiado e entrega total em campo. Daí por diante, a expressão se tornou comum para se referir a volantes mais defensivos e esforçados.
Imprescindível para a equipe, Liminha levantou mais de duas dezenas de troféus, sendo os
principais as Taças Guanabara de 1970, 72/74, o Torneio do Povo de 1972 e os Cariocas de 1972 e 1974. Saiu do rubro-negro em 1975, e se aposentou no ano seguinte no Operário de Mato Grosso. Voltou então ao Rio para se tornar treinador das divisões de base d'O Mais Querido. Chegou a assumir a equipe principal em um torneio menor em 2005.
principais as Taças Guanabara de 1970, 72/74, o Torneio do Povo de 1972 e os Cariocas de 1972 e 1974. Saiu do rubro-negro em 1975, e se aposentou no ano seguinte no Operário de Mato Grosso. Voltou então ao Rio para se tornar treinador das divisões de base d'O Mais Querido. Chegou a assumir a equipe principal em um torneio menor em 2005.
Uma das características dos mais importantes volantes da nossa história é a longevidade. Carlos Volante deu nome à posição na revolução tática empreendida por Kurschner e Flávio Costa na zaga. Depois Modesto Bría se manteve titular durante os anos 1940. Dequinha reinou nos anos 1950, e Carlinhos nos anos 1960. Liminha, seu sucessor, foi titular por sete temporadas consecutivas. Tanto Carlinhos quanto Liminha estão entre os 10 atletas que mais vestiram o Manto Sagrado.
Com Andrade, mineiro de Juiz de Fora, não foi diferente. Prata da Casa, foi emprestado no início da vida profissional, mas depois de 1976 emendou uma dúzia de temporadas consecutivas na Gávea. Nem sempre foi titular absoluto durante esse tempo. Nos primeiros anos, era reserva de Merica. Depois de 1978, disputou posição com Carpegiani, que ora jogava de meia-armador ora de primeiro homem do meio campo. No início dos anos 1980, tinha a sombra de Vítor.
Mas ninguém conseguiu eclipsar o protagonismo do veloz e técnico jogador. Dribles curtos, passes longos precisos, habilidade, visão de jogo e grandes pulmões. A importância de Andrade pode ser medida por uma consideração pura e simples: é o 5º jogador que mais vestiu o Manto Sagrado. Ele defendeu o Flamengo em campo em 568 partidas. Só Júnior, Zico, Adílio e Jordan tem número de participações maior do que ele.
A disputa de posições nos primeiros anos e a abundância de grandes volantes na virada dos anos 1970 para os anos 1980 obstaculizaram Andrade na seleção brasileira. Não era fácil disputar posição com Falcão, Cerezo, Carpegiani, Batista e outros. Fez poucos jogos até se tornar titular em 1988, quando já tinha 31 anos de idade.
Aconteceu nas Olimpíadas de Seul*, em que voltou com a medalha de prata. Num amistoso preparatório pra competição, marcou um golaço contra a Áustria, que foi parar na edição do Jornal Nacional como compensação de uma injustiça histórica com um dos mais clássicos volantes da história do nosso futebol: [https://www.youtube.com/watch?v=wM6_TtapOqU]
Já sem o fôlego de outrora e em um momento em que sua posição passava a ser ocupada por atletas com função mais destrutiva do que construtiva, foi deixado de lado da equipe canarinho nos anos seguintes.
Ganhou tudo o que havia pra ser conquistado no Flamengo. Dentre as inúmeras taças, constam as Taças Guanabara em 78/79/80/81/82, 84 e 88; os Cariocas de 78/79/79 especial, 81 e 86; os Brasileiros de 80, 82/83 e 87; a Libertadores de 81; o Mundial Interclubes em 81. É dele um dos gols mais inesquecíveis da história do Maracanã: o último na goleada implacável de 6 a 0, que o Flamengo impôs ao Botafogo em 1981.
Saiu do Flamengo para a Roma, da Itália, em meados de 1988, e voltou no ano seguinte atuando pelo Vasco, levantando mais um Campeonato Brasileiro. Dono de condições físicas privilegiadas, esticou a carreira ao máximo, se tornando um cigano da bola nas temporadas seguintes, do Athletico PR ao Linhares, do Operário ao Barreira e Bangu, onde terminou a carreira em 1999, já aos 42 anos de idade.
Andrade é o jogador com o maior número de títulos brasileiros. São cinco, número que foi alcançado também por Dagoberto e Zinho. Diferente desses dois, porém, Andrade conquistou o sexta taça como treinador ao assumir O Mais Querido no meio da campanha de 2009, ano em que foi eleito o melhor técnico do campeonato.
*Os profissionais de futebol só puderam disputar o torneio olímpico a partir de 1984, ano em que o Brasil foi representado por um time-base do Internacional-RS. A única restrição então era que o jogador não tivesse participado de nenhuma Copa do Mundo. Em 1988, o Brasil enviou o que considerava a força máxima nessas condições. Além de Andrade, faziam parte da equipe Taffarel, Jorginho, Bebeto, Romário, André Cruz, Geovani e outros.
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