''Ao subir a rampa do Planalto, sentar na cadeira e pegar a caneta, meu primeiro ato como presidente será suspender a concessão da GLOBO, porque entendo que lhe foi dada de forma inconstitucional, com capital privado internacional''
Leonel Brizola
Leonel Brizola
De
modo recorrente, sou criticado por alguns por não ter a mesma leitura negativa
que eles possuem do PT. De certo modo, há uma ironia aqui. Durante a minha vida
toda tive ojeriza pelo PT. Cresci em tempos de grande polarização e debate
político, os anos 1980 da 'redemocratização'. Minha família possuía forte
posição trabalhista, meu pai era 'pedetista' e 'brizolista'.
Nesse
cenário, desenvolvi desde cedo uma perspectiva bastante negativa sobre o
significado político do PT, que só aumentou com a dolorida derrota de Brizola
para Lula nas eleições de 1989. Foi por meio por cento dos votos válidos, e
impediu Brizola de disputar o segundo turno contra Collor. Naquela apuração,
que era ainda manual e demorava semanas, acompanhei as divulgações periódicas
dos resultados com a mesma paixão com que assistia jogos do Flamengo.
Durante
toda a década de 1990 me recusei a apoiar o PT em qualquer eleição que fosse.
Tenho título de eleitor desde 1994, e não votei no partido para eleições municipais,
estaduais ou federais. Lembro que o voto dos meus pais migrou de Brizola para
Enéas em 1994, as primeiras eleições presidenciais em que pude votar -- e meu
escolhido foi Brizola. Depois de 1994, anulei meu voto tanto nas eleições de
1996 quanto nas de 1998.
Só
três vezes depois de 1994 me recusei a anular o voto, e só duas vezes ele foi
dado ao PT. No primeiro turno das eleiçoes municipais de 2000 votei em Benedita
da Silva. Mas não por causa da dita cuja, nem por causa do PT. É que essa
senhora se encontrava em uma peleja indefinida contra César Maia, para decidir
quem iria ao segundo turno contra Conde. Eu queria tirar César Maia da disputa e
votei na única que poderia fazê-lo. Hoje vejo que estava errado, César Maia era
a melhor, e não a pior opção para a cidade. O ponto aqui é que se fosse uma
pedra ameaçando Maia no primeiro turno, eu teria votado na pedra, é assim que
deve ser lido aquele meu voto. A segunda vez foi no segundo turno das eleições
presidenciais de 2002. Ali votei em Lula com a intenção explícita de impedir
que o PSDB continuasse no poder. Eu não me conformava com qualquer
possibilidade de eleição do vampiro José Serra. Foi a única vez que votei de
fato no PT e em Lula de maneira consciente e politicamente engajada, motivado
antes de tudo pelo meu ódio ao neoliberalismo paulistocêntrico tucano. Na
ocasião, cabe frisar, eu estava correto. Era o melhor voto. A terceira vez em
que evitei o voto nulo foi no referendo sobre o Estatuto do Desarmamento,
ocasião em que votei 'não', e, portanto, a favor do comércio de armas e contra
a posição do governo Lula e do 'beatiful people' progressista mobilizado pela Rede
Globo.
Durante
o período de hegemonia petista, sempre fui crítico e oposição ao partido. Todas
as críticas repetidas ad infinitum ao petismo eram feitas por mim naqueles
anos. Minhas posições políticas mudaram ao longo desse tempo, eu cheguei a
flertar com o liberal conservadorismo entre 2005 e 2007, e depois com a social
democracia, antes de retornar a posturas dissidentes. Mas a crítica ao PT foi
sempre a mesma: cheguei a criar o epíteto de ''Lulla-lá'' depois do mensalão
-- ação política capitaneada por José Dirceu e à qual vejo hoje com bons olhos,
por sua coragem e desprezo pela democracia representativa brasileira. Chamei o
governo petista de neoliberal, de subordinado a interesses financeiros, de
progressista na ordem moral e portanto colonizado pela esquerda pós-moderna etc.
etc. etc. Minhas críticas se estenderam no tempo a ''Dilma-má'', como qualquer um
que tenha acompanhado minhas postagens sabe.
E, apesar disso, sou acusado de ''petista''. A única razão convincente é a de que não
sou engolido em minhas análises e posições recentes pelo ódio ao PT, que grassa
e corrói o fígado de muitos conhecidos meus. Como raras vezes li justificativas
respeitáveis e coerentes teoricamente para esse antipetismo, só posso encará-lo
como um misto de preconceito de classe; um repúdio ao socialismo, muito comum em
meios dissidentes -- e que se constitui num dos erros mais crassos da terceira
teoria política quando numa correta análise das reais forças e confrontos na
sociedade moderna --; equívocos na leitura da realidade do país; uma certa
tendência psico-emotiva meio torpe e que leva alguém a sempre querer dar aquele
chutinho no cachorrão que acaba de sofrer uma queda; e um certo ressentimento
político temperado por orgulho e miopia estratégica. Essa confluência de
elementos explica, caso a caso, o 'antipetismo' ferrenho com que muitos
conhecidos meus, nas redes sociais e fora dela, justificam sua abordagem da
história política recente.
Erros
de leitura e posicionamento político acontecem. Fazem parte do jogo, não é
vergonha cometê-los. Nos anos 2000, por exemplo, eu me afastei do trabalhismo
para adotar uma postura conservadora que foi primeiramente articulada em torno
do neoconservadorismo anglo-saxão. Essa postura foi impulsionada pelo meu vínculo
cada vez maior com o tradicionalismo perenialista e minha conversão ao
cristianismo. Apesar de manter continuamente minha crença na necessidade de
intervenção social do Estado -- nunca fui liberal e olavete em sentido estrito
--, apoiei o neo conservadorismo nesse período porque achava que era a melhor
forma de manter os resquícios de uma tradição cristã contra o avanço da
esquerda pós-moderna -- que eu sinonimizava à esquerda e ponto. Foi só quando
percebi que se tratava de uma aliança impossível em termos concretos e que
violentava demais minha formação intelectual e ética, é que me afastei
totalmente desse tipo de conservadorismo e adotei outros.
Foram
erros políticos que eu não escondo. Acontecem. Muita gente que eu admiro em
cenários muito mais importantes do que meu pequeno raio de ação cometeram
leituras e atitudes equivocadas. Vejam por exemplo Brizola, o grande Leonel
Brizola, que se abraçou a Collor em 1991 e 1992 e praticamente morreu
politicamente junto com ele. O que foi isso senão um erro capital de leitura e
posicionamento político? Recentemente, um conhecido meu criticou um elogio que
fiz a Renan Calheiros lembrando que o dito cujo fazia parte da ''República de
Alagoas''. Será que ele se recorda ou vivenciou essa época, em que Leonel
Brizola se uniu a Collor? Enquanto Renan Calheiros foi um dos primeiros no
Congresso a romper com o Presidente e pedir seu impeachment, Brizola acabou
preso ao navio que afundava até o fim, em correntes que ele mesmo fabricou. A
leitura do líder pedetista, então Governador do Rio de Janeiro, era a seguinte:
Collor é um populista que, como Jânio Quadros, não tem bases sociais
organizadas. Seu partido era a Globo, que agora o abandonou. Então, nós
trabalhistas e esquerdistas podemos aproveitar esse vácuo para apoiá-lo e
manipulá-lo. Deu merda. Erro de leitura, de estratégia e de execução. Eu
participei de passeatas pela derribada de Collor em que cantos sobre a traição
de Brizola eram comuns -- adianto que eu não os entoava e votei em Brizola em
1994. Foi um erro político do grande líder, acontece. O próprio Brizola ironizava
seus erros políticos nas propagandas eleitorais. Ele começava dizendo assim na
telinha da TV, ''amigos, X está governando não sei onde, e Y foi eleito pra não
sei o quê, e eles saíram de nossas fileiras e foram apoiados por nós. Peço
desculpas. Mas vejam vocês que, se até Cristo, que era Deus, tinha um traidor
entre os Doze, que poderia ser dito de nós?''
É
necessário aprender a reconhecer, conviver e corrigir os próprios erros de
leitura, os erros políticos etc. Isso faz parte não só do amadurecimento
pessoal mas político. Dá mostras de distanciamento de si mesmo, de
comprometimento com uma correta hierarquia de valores. É um exercício diário,
inclusive, e que transcende a política. Se não se faz isso, a trajetória do
sujeito deixa de ser passível de erro pra se tornar ela própria um erro. O
antipetismo fanático originado do fígado é causa de uma séria de equívocos cuja
justificativa é nula, só se dá no âmbito afetivo, é quase que um ressentimento.
Ou, pior, não passa de um orgulho tolo por ter se posicionado de maneira
equivocada em determinada situação capital. Não estou dizendo que não se pode
criticar o PT, ter repúdio da ideologia do partido e negar o retorno de
petistas ao poder. Concordo plenamente com todos os três pontos. Mas isso não
significa fechar os olhos para os aspectos do PT e de petistas que podem
contribuir para a emancipação do povo brasileiro e para a derrota do inimigo
liberal.
O
antipetismo ''do fígado'' é incapaz de explicar de forma coerente, por exemplo,
o porquê todos os setores produtivos associados à economia financeirizada se
voltaram contra Dilma entre 2013 e 2015. Ela não entende o pato da FIESP. Se
Dilma e o PT são apenas agentes políticos da bancocracia, porque foram
derribados com militância explícita dos setores mais associados ao domínio rentista?
Se eles são apenas agentes do neoliberalismo vinculado à revolução cultural
pós-moderna da esquerda europeia, por que a Globo se voltou contra eles? Para
sustentar essa posição ridícula, os ''antipetismo do fígado'' tem de cair na
esparrela de que o país está passando por uma reforma moral, um progresso
civilizacional, está derrubando os ''donos do poder'' do Estado patrimonial, e
fechar os olhos para quem os governa de verdade: Temer e a cleptocracia, chantageados por sua vez pela Banca. Fechar
os olhos para fontes primárias dando conta do golpe contra Dilma para manter os
cleptocratas do poder. E fechar os olhos para o choque neoliberal que acossou o
país em todas as instâncias -- da política externa à legislação trabalhista. Ou
seja, tem de se fazer, com todo o respeito, de imbecil. Esse tipo de
incapacidade analítica motivada por azia só leva ao triunfo dos inimigos, é uma
vantagem incomensurável dada ao status quo.
Sobre
esse tema eu gostaria de ressaltar dois pontos: deixando de lado as óbvias
limitações de ser um partido orientado para a segunda teoria política, o ‘socialismo’
em sentido largo, o PT sofre de um câncer que acomete a esquerda no mundo todo,
o mal do reformismo gradual. Esse câncer existe no nosso país desde sempre. São
notórias as leituras de um PCB, em plena década de 1950 e 1960, de que o Brasil
ainda não havia feito a transição para o capitalismo e que por causa disso era
necessário apoiar a burguesia nacional contra o “imperialismo”. A incapacidade
analítica aí chegava aos píncaros e se casava com uma miopia política tão
ferrenha que só podia tornar esse comunismo em idiota útil dos capitalistas. Esse
mal do reformismo, que se acentuou na medida em que os social-democratas
lograram construir um Estado de Bem Estar Social na Europa, persegue a esquerda
brasileira como um fantasma, e isso pode ser dito até mesmo dos trabalhistas. Mas não me entendam mal, nessa fração da esquerda nacionalista havia uma
gradualismo temperado por certo radicalismo e virilidade caudilhesca e
senhorial, que, quando unida à competência política podia causar mais estragos
do que uma revolução mal conduzida e sem meios de criar apelo popular – como são
exemplo nossos guerrilheiros no Araguaia.
O gradualismo
reformista, quando não apimentado por essa virilidade caudilhesca capaz de
radicalismos pra manter sua base política, acaba no mais rotundo e desalentador
fracasso. Acaba sendo um anticlímax. O exemplo acabado disso é o PT, e essa é a
maior crítica que se pode fazer à trajetória desse movimento de segunda teoria
política. Olhando para o PT se percebe como seus líderes compuseram uma
estratégia de longo prazo, que se afirmaria ao longo dos vinte anos em que
supostamente dominariam a cadeira presidencial. Essa estratégia consistia em conciliações
iniciais com o sistema financeiro, a mídia e a classe média em torno da
manutenção da arquitetura econômica neoliberal enquanto eram avançadas mudanças
em outros planos: investimentos em energia nuclear, reorientação da política
externa, apoio a movimentos de esquerda latino-americanos, investimentos no
Nordeste, programas assistencialistas e liberais de transferência de renda,
recuperação da capacidade interventora do Estado por meio da recomposição de
seus quadros etc. Em um segundo momento, o PT implementou uma sutil mudança na
arquitetura econômica: uma postura mais neokenesyana e menos monetarista, com
uma política anticíclica e redução gradual e controlado dos juros básicos na
economia.
Essas
medidas não abalaram nem de perto o predomínio da bancocracia, mas já foram
suficientes para que parte do sistema partidário e da classe média tentassem
derribar o governo. A justificativa inicial era o Mensalão, um mesada que o
gênio de José Dirceu criou para evitar a partilha de postos do Estado com o
Congresso Cleptocrata. Mas a popularidade de Lula e um cenário internacional
favorável, que produziu no país uma onda de consumo e expansão de crédito, deu
suporte à manutenção do projeto gradualista de reforma, agora já plenamente
adaptado aos esquemas do “presidencialismo de coalizão” inaugurados por
Fernando Henrique Cardoso e que permitiam ao Presidente manter uma sólida
maioria no Parlamento.
O
segundo passo da estratégia petista foi uma remodelação de cima do sistema
educacional brasileiro [o projeto da Pátria Educadora, de Mangabeira Unger] e
uma virada na arquitetura econômica. Agora não bastava só um abraço tópico ao
neo-keynesianismo, era necessário superar a financeirização da economia por meio
de uma política neo-desenvolvimentista que combatesse o spread bancário e
recuperasse o investimento público e a indústria brasileira. Foi aqui que a
porca torceu o rabo. Num cenário de
mudança da política externa norte-americana, de crise econômica mundial, de
retração do mercado das matérias primas que exportávamos, essa nova mudança foi
sabotada pela elite econômica financeirizada. Foi aí que a FIESP e companheiros
se voltaram definitivamente contra o PT, e, mais especificamente, contra Dilma
Rousseff, dando azo à aliança com a classe média, a Globo, e os interesses
americanos que planejaram a derribada do frágil consenso esquerdista no país.
É
necessário que se tenha atenção para isso: o PT caiu, ou melhor, foi abandonado
pelas forças produtivas e empresariais, justamente porque tentou fazer a
transição para uma forma de desenvolvimentismo. A escolha de Lula por Dilma
Roussefr já indicava isso claramente, porque se trata de um quadro técnico
historicamente ligado ao trabalhismo e ao PDT, não uma política de raiz
petista. Só em 2000 Dilma abandonou o PDT e migrou para o PT. Era uma
transição planejada para o nacional desenvolvimentismo, dentro da abordagem
gradualista e reformista petista. Claro que pode-se criticar aqui a competência
e a eficiência desse desenvolvimentismo de Guido Mantega – os próprios
desenvolvimentistas afirmam que eram políticas equivocadas e porcas e eu mesmo possuo texto em que critico as raízes e os fundamentos do projeto do Pátria Educadora. Mas o
importante é perceber a principal razão do confronto que explodiu a partir dali. É notório que muitos aptos a apoiar um projeto nacional desenvolvimentista hoje se regozijam com a queda de Dilma, sem perceber o porquê se formou definitivamente a aliança que despedaçou o governo da petista.
A
queda de Dilma diz respeito não somente ao PT, mas a qualquer um que apoie uma
mudança da arquitetura financeirizada do país. Revela que os movimentos e líderes
que pretendam levar a efeito essa mudança serão sabotados por diversas
organizações empresariais e pela grande mídia, da mesma maneira que Dilma foi.
E serão apedrejados quanto mais competentes forem as mudanças propostas, visto
que boa parte do setor industrial está comprometido até o talo com a economia
financeirizada.
É necessário repetir até a exaustão: De certo modo, o estopim para a queda de Dilma e do PT foram antes seus acertos do que seus erros. Mas de modo estrutural, o maior problema foi a própria postura gradualista, que repetindo um erro histórico da esquerda do país, pensa poder alcançar grandes resultados com pequenas e paliativas mudanças, sem que as forças hegemônicas da estrutura de poder brasileiro percebam suas manobras. Nesse ponto, a capitulação do PT foi ainda pior do que a do trabalhismo dos anos 1950 e 1960. Porque as derrotas daquele trabalhismo se deram em meio a atos simbólicos de radicalismo que mantiveram o capital político de seus líderes.
É necessário repetir até a exaustão: De certo modo, o estopim para a queda de Dilma e do PT foram antes seus acertos do que seus erros. Mas de modo estrutural, o maior problema foi a própria postura gradualista, que repetindo um erro histórico da esquerda do país, pensa poder alcançar grandes resultados com pequenas e paliativas mudanças, sem que as forças hegemônicas da estrutura de poder brasileiro percebam suas manobras. Nesse ponto, a capitulação do PT foi ainda pior do que a do trabalhismo dos anos 1950 e 1960. Porque as derrotas daquele trabalhismo se deram em meio a atos simbólicos de radicalismo que mantiveram o capital político de seus líderes.
Peguemos o exemplo da heroica queda de Getúlio: Quando a guerra de classes se
acentuou no país e os coronéis do Exército assinaram um manifesto em fevereiro de 1954, cujo
cerne era impedir qualquer aumento do salário mínimo que colocasse em risco a
hierarquia social brasileira, Vargas pareceu desistir diante de seus inimigos ao demitir João
Goulart, então Ministro do Trabalho e autor da polêmica proposta rejeitada pelo alto oficialato que se fazia porta voz ali da classe média tradicional. Durante dois meses só se falava de capitulação de
Vargas frente ao clamor dos coronéis na defesa dos interesses da classe média.
Ora, na data do seu discurso de maio para os trabalhadores, um inflamado Vargas anunciou o aumento de 100% causando uma comoção popular e uma crise política sem precedentes. A demissão de Goulart havia sido
uma estratégia de radicalização. Vargas estava assumindo inteiramente para si a
responsabilidade, e com isso o ônus e o bônus, pelo aumento. Com isso manteve
suas bases políticas, ao mesmo tempo que preservou para o futuro a figura de Jango. Quando de sua aparente derrota, aquele fatídico ultimato dado pelos
generais em agosto seguido por seu suicídio, essas mesmas massas saíram desesperadas
às ruas e formaram a base para a continuidade do trabalhismo.
Comparem
com o gradualismo civilizado e democrático de Dilma. Uma vez acuada por
manifestações logo depois das eleições de 2014, o que ela fez? Concessões aos
liberais com mudanças na legislação previdenciária, que, de cara, alienaram metade daqueles
que escolheram por ela depois da ferrenha campanha contra Aécio Neves. É inócuo evitar radicalismos acreditando em uma conciliação democrática com os agentes hegemônicos da sociedade. Essa crença na democracia burguesa é um retrocesso, foi uma ilusão coletiva em um partido que foi capaz de gerar um líder como Zé Dirceu, que imaginou o mensalão pra não ter de distribuir cargos para a cleptocracia. O Império da lei não é nada e nada pode diante do conflito entre as classes. Até os militares, quando de suas aventuras e desventuras golpistas dos anos 1940 aos 1970, diziam atuar sob o império da lei e no cumprimento de seus deveres constitucionais, o mesmo tipo de declaração dada por gente como Sérgio Moro, que finge não ter realizado crimes na sua cruzada anti-esquerdista.
Mesmo
de uma perspectiva da segunda teoria política, é necessário radicalizar e ter
em mente que o reformismo redunda sempre em fracasso, e no pior dos fracassos,
aquele que dizima as possibilidades políticas de um movimento pela total
alienação de seu público. O cadáver do partido dos trabalhadores está aí a lembrar pra esquerda e para todos que pretendam recuperar ou capturar seu legado, que
existe certa estrutura de poder no país que tem de ser desafiada custe o que
custar, com os meios necessários para que a vontade desses
agentes seja dobrada. Nesse sentido, a esquerda brasileira precisa se ''venezualizar'', aprendendo com o exemplo do Comandante Chávez. Ou se tornar “brizolista” de vez. É a única maneira de
estabelecer qualquer mudança significativa e permanente no país, sem que se dê
um passo para logo depois ter de retroceder três.
Sem entrar no mérito econômico, gostaria de saber a sua posição sobre a atual esquerda,que em todos os partidos,sem exceção no Brasil,apóia pautas pós-modernas,logo,liberais?
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