Meio século depois de parar de jogar, permanece como o sarrafo para todo pretendente a gênio. É o parâmetro para todos os que se candidatam ao Olimpo. Os ídolos de todas as décadas subsequentes o teriam como sombra, como alvo, como meta, como critério. E nada indica que isto vá mudar no futuro. Os nomes que surgem já começam de novo a serem comparados prioritariamente com ele.
NÚMERO 1: PELÉ
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É melhor chamá-lo de Rei Pelé para dar a dimensão correta do significado desse atleta para o mundo do mais popular dos esportes.
Ele foi o jogador tecnicamente mais perfeito que surgiu. Mais de sessenta anos após seu florescimento, não apareceu ninguém capaz de superar sua completude. Tratava-se de um ás em todas as formas de dribles, capaz de conduzir a bola deixando para trás adversários caídos e batidos de todas as maneiras possíveis. Cortes para ambos os lados, bolas por debaixo das pernas, lençóis -- seu repertório era vasto como nunca se viu nem antes nem depois.
Não à toa, meio século depois de parar de jogar, permanece como o sarrafo para todo pretendente a gênio. É o parâmetro para todos os que se candidatam ao Olimpo. Os ídolos de todas as décadas subsequentes o teriam como sombra, como alvo, como meta, como critério. E nada indica que isto vá mudar no futuro. Os nomes que surgem já começam de novo a serem comparados prioritariamente com ele.
O Rei assinou jogadas lendárias, a mais impressionante delas a tabela que fazia com a perna dos adversários. Sua habilidade com a pelota é quase que inigualável. Possuía incrível percepção do campo e do jogo, passe milimétrico e finalização imbatível com ambas as pernas. Como se não fosse o bastante, seu jogo aéreo era pura e simplesmente fenomenal.
Antes de Pelé se costumava dizer que o argentino Di Stefano era o melhor porque jogava em alto nível em uma faixa de campo de grande amplitude. Antes de Pelé, repito. O camisa 10 do Santos jogava vindo de trás, aquilo que se costumou chamar de ''ponta de lança'', ou ''meia-atacante''. Mas era infernal quando caía por ambos os lados do campo. Na área, então, se tornava mortífero.
Além disso, o Rei era também um vencedor. Não era um craque que apenas embevecia, que encantava e fazia a torcida sorrir e sair alegre dos estádios. Ele era capaz disso tudo, mas era também eficiente, direto, objetivo, conquistador. Ele tornou um time praiano na maior potência do mundo da bola. Acumulou títulos em uma velocidade nunca antes vista no futebol sul-americano. É o símbolo da transformação da camisa canarinho no grande bicho papão das Copas do Mundo. 8 títulos paulistas em uma década, 5 taças Brasil consecutivas, duas libertadores e mundiais interclubes, três Copas do Mundo para a seleção, incontáveis torneios em excursões por todos os cantos do planeta, mais de mil e duzentos gols, 7 Ballon d'Or [de forma retrospectiva], sendo 6 em 7 anos entre 1958 e 1964. Isto é Pelé!
O impacto do milagre da Vila Belmiro não tem paralelo na história do esporte. Pelé é o sinônimo da ascensão do futebol brasileiro ao status de perfeição do planeta bola. Tornou a camisa que usava no emblema do craque. Sintetizou todas as virtudes imagináveis em campo. Era encarnação da coragem, do atletismo, da plenitude técnica, do resultado positivo. Mais ainda, destruiu todo e qualquer laivo de vira-latismo no esporte brasileiro. Era preto, mineiro, torcedor do Vasco, autenticamente brasileiro. Como um Monarca, seu jogo era ao mesmo tempo amado e temível, a expressão do Terrível.
Pelé é o número 1 da minha lista de melhores de todos os tempos. Mas deveria ser o número 0 dada sua superioridade. Durante a história, muitos quiseram polarizá-lo com supostos desafiantes ao trono. No Brasil: Garrincha, Zico, Ronaldo Fenômeno, Ronaldo Gaúcho. Na Europa: Di Stefano, Eusébio, Cruyff, Maradona, Messi. O tempo tratou de mostrar que nenhum destes estava à altura dessa Montanha Inacessível chamada Rei Pelé.
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