sábado, 26 de setembro de 2020

UM TIRO QUE SAIU PELA CULATRA, ou: a incrível história da esquerda liberal que se aliou a um suposto neonazi que, em "entrevista bombástica", nos declara inimigos

"Empenhada há semanas em uma campanha contra a NR, Cibele Laura divulgou uma entrevista recente de James Porrazo, suposto neonazista que a esquerda liberal brande contra nós, mas que grita dos telhados que não tem nada a ver com nossas ideologias e objetivos políticos. A nova tese exposta na entrevista divulgada por Cibele é a de que fazemos parte de uma Ordem Satânica, que somos financiados por George Soros, e que somos um braço dos interesses chineses." 




Um dos primeiros textos divulgados pela Nova Resistência: Nascemos com uma proposta nova e QTP de leitura teórica e política do Brasil e da América Latina

Toda vez que Cibele Laura desencava James Porrazzo numa tentativa canhestra de atingir a Nova Resistência, abro uma cerveja e comemoro. Não há testemunha melhor a nosso favor no tribunal imaginário que nossos inimigos construíram dentro de suas cabecinhas do que o discurso tresloucado, o conspiracionismo contraditório, e o choro e ranger de dentes de Porrazzo.



Tudo do que nos acusam vai por água abaixo quando trazem essa figura à tona: em meio a lágrimas, o gringo confessa que não sabe bem o que é Quarta Teoria Política, que descobriu ''a certa altura'' que Raphael Machado tem ideias irreconciliáveis com a dele, que a NR tem alianças com aqueles que Porrazzo qualificaria de modo um tanto impróprio de ''esquerdistas'' e ''antifas'', que há ''ex-comunistas'' em posições-chaves da organização, que ele gostaria de subverter a NR com a ajuda de traidores etc.


Trecho da obra ''A Quarta Teoria Política'', de A. Dugin. O antirracismo é um dos princípios dessa meta-teoria. Acusar seus defensores de ''nazismo'' é cair no ridículo


O mais curioso, no entanto, é a absoluta falta de prova nos delírios de James. Estou seguro de que o jornalista pediu alguma evidência, print, documentação, foto, vídeo, qualquer coisa que referendasse nosso suposto nazismo, satanismo, entrismo, fascismo, racismo etc. E o autodeclarado ''líder mundial'' da NR não parece ser capaz de dar ao jornalista qualquer demonstração inequívoca de nossos supostos vínculos organizacionais e ideológicos, ou de alguma subordinação de Machado a ele.



Certos silêncios e ausências falam por si só.



O único dado real fornecido por Porrazzo é uma foto que, segundo ele, teria sido tirada no nosso Congresso Nacional. E aqui o jornalista -- que conhecemos quando de nossa participação no Congresso Trabalhista no Rio, no ano passado [1] -- comete o que alguém poderia considerar um, digamos assim, ''ato falho''.


A NR se vincula ao Trabalhismo e à figura heróica de Leonel Brizola desde o início de sua militância


McNaught diz que ''James é retratado como “líder” em uma projeção.'' Mas na imagem se lê ''fundador''. Fundador de quê? Ora, o artigo mesmo responde: da organização estadunidense ''New Resistance'', que não é a única nem a primeira com esse nome, conforme já demonstramos alhures. 



James alega ter fundado a primeira NR e comandar todas as organizações e páginas no mundo com esse nome, mas não prova. Talvez da próxima vez ele venha a público declarando que é Napoleão Bonaparte ou reencarnação de algum Faraó egípcio. Vai saber.



Roger McNaught aparentemente percebeu a falta de consistência da narrativa do gringo, tratando-a como uma versão e fornecendo os prints da conversa trocada por WhatsApp. No entanto, o jornalista levanta uma importante questão que vai servir de fio de Ariadne pra esse texto: por que esse embate ou ''animosidade não natural em relação a uma pessoa que, segundo uma das versões, deveria ser completamente estranha à organização brasileira?''


Postagem do início de 2016: ode à Chavez, elogios a Mao, ao cristianismo popular, e ao Bolivarianismo. A Nova Resistência foi fundada sob o paradigma da Pátria Grande, do anti-capitalismo e do anti-imperialismo


Para começar, a animosidade partiu de James Porrazzo. Até ano passado, mantínhamos relações amistosas com a página do gringo, coerente com nossas posições: por motivos que já expusemos, não antagonizamos nacionalistas, comunistas etc. Apesar de criticarmos as teorias políticas modernas, nosso inimigo é o liberalismo. Organizações de segunda e terceira teoria política são interlocutores possíveis diante do inimigo comum. Elas só se tornam inimigas se nos atacarem publicamente ou passarem, elas próprias, a defender o liberalismo e a unipolaridade geopolítica. [2]



É o caso em que Porrazzo passou a se encaixar a partir do ano passado. Foi ele quem veio a público para esclarecer suas diferenças teóricas, ideológicas e práticas em relação ao Nova Resistência. Foi ele quem expôs em sua página sua discordância em relação à QTP. Foi ele quem postou que, apesar de compartilhar nome e símbolo comuns, há um ''abismo'' entre nossa organização e a dele. Foi ele quem nos chamou publicamente de inimigo. Foi ele quem não se conteve com o ataque que Cibele Laura realizou contra nós e resolveu apoiá-la. Foi ele quem deu entrevista ao jornalista tentando,  da maneira mais fantasiosa possível, e caindo em contradições risíveis, manchar a imagem da NR e de seu líder.



Diferente do que é sugerido por McNaught, o nosso discurso não está no mesmo nível do papo furado de James Porrazzo.


Raphael Machado tem contato com A. Dugin desde 2012


Temos provas de que membros da NR se vinculavam a idéias de Dugin antes da fundação da organização. Que ajudaram a trazê-lo para palestra na UERJ. Que se envolveram na organização dos congressos evolianos, com participação de geopolíticos importantes. Que membros fundadores da NR tinham contatos com o principal expositor da QTP antes de 2015. Que aderimos à QTP desde o início da nossa militância; que sempre apoiamos a Revolução Iraniana e postamos sobre a necessidade de uma nova perspectiva teórica e política para o Brasil. Temos provas que a QTP é antirracista e crítica a qualquer nacionalismo chauvinista, e que considera o fascismo uma ideologia equivocada e morta. Temos prova de que postamos sobre o Trabalhismo e Brizola desde o início. Temos provas que sempre defendemos a Pátria Grande.



Enquanto James afirma que a QTP é ''coisa de acadêmico'' e confessa não saber o que ela de fato significa, temos provas de que Raphael Machado criava já no início de 2016 grupos na Faculdade Nacional de Direito para ensinar sobre a QTP e a mutipolaridade.


Os fundadores da NR já davam cursos de multipolaridade e QTP na FND, da UFRJ, desde fevereiro de 2016: Geopolítica dos Grandes Espaços, Pátria Grande, Paradigama de superação da STP e da TTP


Temos provas também que no tempo em que mantinha ligações amistosas com a NR Porrazzo se dizia favorável à QTP, só revelando recentemente que, embora exposta em livros e inúmeros artigos, ele não sabe nada a respeito dessa meta-teoria. Foi ele portanto que alterou seu posicionamento público por motivos que estão mais do que claros pra quem quiser ligar ''lé com cré''.



Isto posto, vamos responder à inquietação do jornalista, mas colocando-a em seus devidos termos. Por que Porrazzo decidiu atacar publicamente a NR a partir de 2019, inventando versões descabeladas para as quais não fornece prova nenhuma e com o único intuito de antagonizar a liderança da nossa organização?



Vargas e o Trabalhismo são apresentados como baluartes desde sempre

 

O próprio gringo dá com a língua nos dentes: ele pensava que Machado tinha idéias próximas a dele – como eu disse, temos como provar que James elogiava publicamente a QTP – e descobriu, pra seu imenso desgosto, que nosso projeto é distinto de seu movimento ianque. Como o gênio maluco do desenho animado, Porrazzo não sabia o que estava acontecendo.



Trecho do livro "A Quarta Teoria Política'', de A. Dugin: a Quarta Teoria Politica é uma proposta qualitativamente diferente tanto do fascismo quanto do comunismo

 

Pior ainda, notou que além de não ter palavra sobre os rumos teóricos e políticos da Nova Resistência, também não era capaz de interferir internamente na organização. O linguarudo chega a dizer na entrevista que gostaria de subverter a NR a partir de dentro, conspirando contra sua liderança – postura interessante pra quem tanto fala de honra, lealdade e faz denúncias de “entrismo”.


Temos de reconhecer que James tentou: de fato, ano passado a NR levou a termo seu único processo de expulsão em cinco anos de existência. Um membro muito próximo a James foi defenestrado por traição. Ele conspirava, alegando que a Organização tinha um caminho incompatível com aquele que ele imaginava ser o desejo de Porrazzo.



Toda acusação de racismo ou supremacismo branco contra Raphael Machado, líder da NR, e ao projeto teórico e político da Organização, desmoraliza quem a realiza

 

Pobre James. Ele, que fala tanto de “influência e poder” em sua entrevista, se viu diante da própria impotência. Seu inconformismo diante da liderança da NR é facilmente compreensível, ainda que inteiramente condenável. Em pouco tempo, e sem qualquer recurso material relevante, Raphael Machado criou o maior movimento dissidente das Américas, com um crescimento consistente e rápido não apenas em número de membros – temos células em quase todas as Unidades da Federação --, mas também com desenvolvimento teórico e articulações políticas dentro e fora do Brasil com as quais ele jamais poderia sonhar e que confessa sequer entender.

 

A mera existência da Nova Resistência revela o ridículo da auto-importância que Porrazzo se atribui, seu fracasso e obsolescência política – já que se tornou evidente que ele nunca deixou de fato de ser fascista --, e seu destino como líder de três ou quatro membros de gangue. Como diria um jogador de futebol do Flamengo, a NR está em outro patamar, totalmente diferente, em todo e qualquer âmbito que se pretenda analisar.



A nova tese replicada por Cibele Laura é a de que a Nova Resistência é uma organização satanista, financiada por George Soros, e que defende os interesses chineses.

 

Sem poder se encostar na NR, sem qualquer influência sobre ela, e fracassado na tentativa de desestabilizar a organização por dentro, resta a Porrazzo o papel de, se declarando inimigo de “antifas” e da esquerda, se aliar a “antifas” e “esquerdistas”  em uma tentativa patética de atingir a organização.



Porrazo confessa não saber até hoje o que realmente significa a QTP. Era só perguntar para nós da Nova Resistência. Estamos aptos a explicar.


E até nisso ele naufraga. Quanto mais fala, mais Porrazzo nos ajuda. Ele tem de admitir a incompatibilidade da QTP e de nossas propostas trabalhistas com as ideias fascistas de sua organização. Ele tem de admitir que há ex-comunistas em posições chaves da NR. Ele demonstra todo seu incômodo com a  aliança da NR-RJ com aquilo que ele considera ser um “ex-hooligan antifa” [e eu imagino a tristeza de nossos inimigos liberais ao lerem essa afirmação de James].



Da impotência, James mergulha na fofoca. Todas as acusações que faz contra Machado são projeções de sua própria frustração e cópia requentada de boataria de nossos inimigos. Tanta baboseira sobre “nazismo esotérico”, tretas em fóruns nacional-socialistas e “ordens místicas satanistas” para as quais não há um vídeo, imagem, prova documental nenhuma e que beiram a pura demência. Segundo James, somos uma rica organização ligada não só ao diabo, mas também a George Soros, aos russos e a chineses. Somos ao mesmo tempo nazistas, maoístas, putinistas e antifas.

 

Cibele Laura, que nos acusou de ser um braço da geopolítica russa pra uma semana depois pedir perdão ao seu público e defender que somos na verdade neonazistas ligados a Porrazzo, deveria explicar como fica sua tese agora que o tal “neonazi” vem a público tão insistentemente pra esgoelar que não temos nada a ver com as ideias e objetivos dele. Talvez ela deva enveredar por essa "deixa" de James: seríamos apóstolos de Lúcifer, sustentados por George Soros e cumprindo nossa função de defender os interesses chineses! É uma hipótese que tem o jeitão das teorias amalucadas de Cibele.



Enquanto muitos dos nossos detratores atuais se ligavam ao PSOL e ao PT, desde o início a NR se proclamava herdeira do Trabalhismo, de Vargas e de Brizola

 

Por fim, respondendo à questão de Roger McNaught, a animosidade que James Porrazzo passou a demonstrar por nós é motivada pelo desespero de um fascista arraigado a suas velhas ideias, que contempla o próprio ocaso e incompetência, e teme perder de vez aquilo que dá razão à sua vida: jurar que tem o monopólio do nome Nova Resistência. 


A posição de uma "esquerda liberal" que dá voz a um personagem que ela considera neonazista e que diz, para quem quiser ouvir, que não temos nada a ver com a ideologia e os objetivos políticos dele, é ainda mais constrangedora. Dão um tiro no próprio pé: com a intenção de nos atingir, confirmam ainda mais o que sempre dissemos, que somos uma organização brasileira, independente, quarto-teórica e trabalhista. 

 



Como carioca, resumo o que tenho a dizer sobre James no jargão de um famoso sambista: “É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar!” Hora de deixar os mortos enterrando os próprios mortos. Seu destino é o esquecimento.


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[1] http://novaresistencia.org/2019/05/21/discurso-da-nova-resistencia-no-congresso-trabalhista/

[2] https://www.youtube.com/watch?v=fDpIPRuFnVU

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